Maria - Blog Pétalas de Liberdade 20/12/2018Resenha para o blog Pétalas de LiberdadeNosso narrador é Carver Briggs, que tem dezessete anos e mora em Nashville. Ele tinha três melhores amigos: Blake, Eli e Mars. Certo dia, enquanto esperava que eles lhe buscassem no trabalho para aproveitarem a tarde, Carver enviou uma mensagem de texto para Mars perguntando onde eles estavam. Mars estava dirigindo e bateu o carro num caminhão, ele, Eli e Blake morreram na hora.
Carver nunca recebeu a resposta de sua mensagem de texto, e agora precisa lidar com a possibilidade de Mars ter se distraído ao tentar respondê-lo e isso ter causado o acidente. Se não bastasse a dor pela perda dos amigos, ainda há o juiz Edwards, pai de Mars, que pode abrir um processo para que Carver seja responsabilizado pelo acidente e preso. Também tem a Adair, irmã de Eli, que vai complicar a vida do Carver na escola.
Mas Carver não está sozinho. Ele tem seus pais e Georgia, sua irmã mais velha, lhe dando apoio incondicional. E se aproximará de Jesmyn, que namorava Eli e passa a ser sua única amiga na escola. Carver também é convencido por Georgia a fazer terapia com o Dr. Mendez. E ainda tem a vovó Betsy, com quem Blake morava, que sugere que ela e Carver façam um dia de despedida, onde fariam pela última vez todas as coisas que mais gostavam de fazer com Blake. Carver conseguirá lidar com seu luto? O juiz Edwards provará a culpa do garoto no acidente? O dia de despedida será uma boa ideia? É o que descobriremos ao ler a história que Jeff Zentner tem para nos contar.
Peguei "Dias de despedida" para ler em um daqueles dias de desânimo, onde olhava para minha estante e nenhum título chamava minha atenção. E como sei que sick lit (livros que abordam temas como luto, depressão, doenças) young adults são leituras que costumam me trazer algum alento para esperar que os dias difíceis passem, decidi começar a ler "Dias de despedida", obra que foi pros meus desejados logo após o lançamento, pela premissa e opiniões de outros leitores.
O fato é que chorei pela primeira vez lendo um livro! Eu, que já li mais de quinhentos livros e não entendia como algumas pessoas iam às lágrimas com leituras que para mim foram super tranquilas (disseram que pode ser coisa de capricorniana; que fique claro que já me emocionei inúmeras vezes lendo, mas nada que me causasse choro), finalmente me vi tento que parar a leitura por alguns segundos por causa das lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Foi mais ou menos na metade do livro, e aconteceu novamente em outros capítulos, sempre em cenas sobre coisas que os personagens queriam ter dito para os falecidos e não tiveram tempo ou lembranças singelas que guardavam da infância deles.
Mas também ri muito com esse livro. Vovó Betsy escolheu homenagear seu neto (que tinha um canal de humor no YouTube) de forma bem inusitada. As conversas da trupe do Molho, como o grupo de quatro amigos se nomeava, eram bem divertidas (ainda que eu não entenda a graça que garotos enxergam em excrementos). Georgia volta e meia atacava o irmão de um jeito nada adulto. Aliás, a maneira como Georgia defende o irmão com unhas e dentes é admirável. Assim como é admirável a diversidade presente na obra: Jesmyn é de origem filipina, Mars é negro, há personagens homossexuais... Além do luto, temas importantes como ataques de pânico também são abordados.
Os adolescentes estudam numa academia de artes, então música, ilustração e literatura (Carver sonhava em ser escritor) são bem presentes na obra. Algo que achei curioso foi o fato de todos os três amigos de Carver não terem "famílias modelo". Blake morava só com a avó, os pais de Eli viviam brigando, os de Mars eram separados. Só Carver tinha pai e mãe que viviam em harmonia, e mesmo assim ele tinha dificuldade em se abrir com eles.
Os sentimentos dos personagens de Jeff Zentner são muito compreensíveis, e nos permitem refletir sobre como agiríamos se estivéssemos no lugar de Carver, de Jesmyn, de Adair ou do juiz. Acho que dificilmente imaginamos que enviar uma mensagem de texto pode causar um acidente, talvez a obra nos conscientize um pouco sobre isso. A gente também nunca espera que um jovem morra repentinamente, mas pensando rapidamente, consigo listar pelo menos cinco jovens da minha cidade que tiveram mortes prematuras na última década, três casos em acidentes de carro. Se fica alguma mensagem disso tudo, talvez seja a de como somos finitos, mas continuamos existindo através das memórias que deixamos nos que conviveram conosco.
A edição da Seguinte tem uma capa com textura macia (soft touch). Amei essa fonte em que o título está escrito, mas fiquei morrendo de medo em determinada cena por causa desse copo quebrado, felizmente um personagem não voou no pescoço do outro como temi. Vem um marcador de páginas para cortar da orelha, mas falta-me coragem. As páginas são amareladas. Não encontrei erros de revisão. As margens são grandes, a letra e espaçamento tem um bom tamanho.
Enfim, "Dias de despedida" é realmente merecedor de todos os elogios que já recebeu. Apesar de não ter roubado o lugar de "A montanha", "As vantagens de ser invisível" ou "O céu está em todo lugar" no topo da minha lista de livros favoritos (talvez pela minha dúvida sobre o capítulo final ser ou não uma lembrança, pela curiosidade sobre o que estava na mensagem não finalizada ou pela minha vontade de tampar a boca do Carver numa cena dele com a Jesmyn [compreensível, mas quis interferir]); me encontro tentada a marcá-lo como favorito, afinal, me fez chorar. Fica a minha recomendação para que também leiam "Dias de despedida". Divertido, reflexivo e emocionante! Uma obra com personagens cativantes (especialmente a vovó Betsy♥), escrita fluida (já quero ler ouros livros do autor) e temas importantes.
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