Wes 13/03/2022
"E quando cai um ídolo, não resta nada"
A luxuosa mansão dos Angkatell abrigará, neste fim de semana, convidados ligados, de alguma forma, entre si. Tramas envolvendo amor, herança e egoísmo resultarão no assassinato de um competente, apesar de desagradável, médico. Na cena do crime, a esposa deste médico é encontrada ao seu lado, segurando um revólver. Mas logo se descobre que a arma nas mãos de Gerda Christow não foi a mesma que matou John Christow. Então, o que rolou?
Bom... Este é o quinto livro que leio da srta. Agatha. Considerando esses cinco livros, percebi um padrão em suas obras: o começo é sempre lento e, por vezes, entediante. Mas esse livro, em particular, possui uma introdução MUITO chata. É o primeiro livro da Agatha que eu quase abandonei no início, mas já adianto que valeu a pena não tê-lo feito.
Apesar disso, a partir da página 50 (mais ou menos), o livro finalmente engata e melhora consideravelmente. E melhora ainda mais quando o assassinato finalmente acontece. Principalmente porque a vítima é um pé no saco, então sua ausência faz toda a diferença na história... Brincadeira, rs.
Em relação às personagens, existem algumas de personalidade forte (a tagarela Lucy Angkatell), outras de personalidade tão fraca que chega a dar pena (o caso da submissa Gerda). E existem as plantas: personagens que só estão na história para… o quê, exatamente? Nada. E infelizmente esse é o caso de Hercule Poirot, o belga icônico, o homem dos crimes. O Poirot não serve de nada nesse livro. Uma pena.
Quanto ao mistério em si, não diria que é tão previsível quanto vi dizerem em algumas resenhas. Porém, também não é muito difícil de se descobrir. Se você se concentrar na personalidade de cada personagem ao invés de se atentar nas diversas pistas que vão surgindo, conseguirá chegar perto do assassino. Na verdade, esse é o segredo desse livro; se atente na personalidade de cada um, e não nas circunstâncias.
Sobre o assassino em si, devo dizer que, mesmo tendo minhas suspeitas, achei que, no final, ele adotaria um ar mais vilanesco. Supus que essa personagem teria arquitetado tudo aquilo propositadamente e de forma maquiavélica, calculista, fria e inteligente. Me incomodei com a fraqueza do vilão. Mas esta é uma opinião mais particular. Não vou dar pitaco sobre os destinos que a Agatha escolheu para seus personagens…
De uma perspectiva geral, apesar do livro começar ruim, foi logo me prendendo e passei a gostar da história e dos personagens, principalmente da Henrietta, da Lucy, da Midge e do Edward. Gostei desse tom de romance que a Agatha adotou para esse livro, mesmo esse sendo o motivo para A Mansão Hollow ser uma das obras da autora com a avaliação mais baixa, em relação a outros.
Não me arrependi de ter lido, mas confesso que não sei se leria este livro de novo. Foi um bom passatempo, um livro razoavelmente bom, entretanto, não indicaria de cara para alguém que nunca leu Agatha Christie. Nota 3/5.
Inclusive, tem um filme baseado neste livro, que gostei bastante e recomendo para quem ler esse livro e gostar. Até o momento que escrevo essa resenha, o filme está disponível no Youtube.