ekleipsbook 17/11/2023
Aqui é onde a autora decide contornar o quão vomitativo foi o livro anterior.
Na minha última resenha, me atentei somente a comentários técnicos ? até meio sensíveis ?, uma vez que fora impossível criar qualquer espécie de vínculo com quaisquer personagens. Em Príncipe Cativo: O Guerreiro, isso sofre certas mudanças.
Apesar da mente e do comportamento de Laurent permanecerem vagos, aqui foi possível conhecê-los um pouco melhor a partir de suas palavras e de suas ações. Embora o príncipe de Vere tenha se mostrado traumaticamente instável, por vezes vulnerável e até mesmo perdido, não creio que justifique ou suavize o que fez ao Damen no decorrer do livro 1. O sadismo representado ali fora marcante o suficiente para não ser esquecido, ainda que a autora tenha centralizado o romance (dessa vez, sem açoites ou eventos de estupro) como fator principal.
Nasce entre Damianos e Laurent, então, através da convivência e dos jogos do tio veretiano, uma familiaridade forçada. Laurent, embora soe contraditório, passa todo o enredo demonstrando sua dependência em Damen e ? para além de seus planos estratégicos de guerra ? em sua companhia. Nesse aspecto, evidenciam-se os acontecimentos que, pouco a pouco, levam a eclosão do romance.
Aqui os capítulos são maiores e possuem início, meio e fim, fato que considero um tremendo avanço. A ambientação muda e o relacionamento amoroso está em toda parte: firme e prestes a crescer. A ausência de maiores reflexões ainda é um incômodo, em visão, principalmente, das atrocidades narradas. Ainda é como se fossem apenas jogadas ao ar e o leitor que se vire em estabelecer um raciocínio crítico ou não.
As reviravoltas são, até certo ponto, óbvias, mas ainda é possível formular teorias, as quais julgo serem uma ótima ferramenta dinâmica de leitura. O livro abandona a apelação e traz uma aura tão mais leve que o ato de ler torna-se incrivelmente menos maçante. Já deixa de haver o receio da eminente barbárie e basta-se aproveitar das cenas e dos diálogos, ou seja, um livro pesado não necessita ser intragável para funcionar.
Os primeiros 10 capítulos do 1° livro são horrendos, péssimos, tenebrosos; mas neste não há capítulos majoritariamente ruins em qualquer parte. O desenvolvimento é realista, o romance é natural e as paisagens são clássicas.
Não sei o que ocorrerá a seguir justamente pela imprevisibilidade de Laurent, mas estou ansiosa para descobrir.