Carla.Parreira 02/04/2024
UM REINO DE SONHOS (Judith McNaught). O Lobo Negro adquiriu esse nome por meio de inúmeras batalhas, muita derramamento de sangue e inúmeras histórias. Sua figura foi moldada para aterrorizar crianças e adultos. Seus feitos são entoados pelos bardos e sua presença causa arrepios tanto nos que estão próximos quanto nos que estão a quilômetros de distância. Esse temor se manifesta de forma marcante na abadia onde reside Jeniffer Merrik, uma escocesa e filha do líder de um clã que é justamente o maior rival do Duque de Claymore, o famigerado Lobo. Nessa região, que é considerada um ambiente neutro onde crimes não são permitidos nem tolerados, vivem as irmãs Merrik. É dali que elas são sequestradas e levadas para o acampamento de Royce, para servirem como moedas de barganha em uma delicada relação entre Inglaterra e Escócia. Mesmo sem ter planejado tal feito, o Lobo não é do tipo que deixa boas oportunidades passarem despercebidas, e, por isso, começa a arquitetar maneiras de usar a presença das duas jovens em seu favor. No entanto, ele não esperava que Jeniffer se mostrasse uma adversária pior do que todos os inimigos que ele já enfrentou em qualquer campo de batalha. Ardilosa, manipuladora, impulsiva e extremamente inteligente para o seu próprio bem, ela dificulta ao máximo a vida do Lobo Negro. E, é claro, a primeira pessoa corajosa o suficiente para desafiá-lo abertamente seria justamente aquela por quem seu coração bateria mais forte. Enquanto clãs travam batalhas pelo poder e reis tramam planos maliciosos envolvendo pessoas inocentes (e nem tão inocentes assim), dois inimigos iniciam uma relação que surge a partir de uma vingança, mas que é permeada por desconfiança, desentendimento, falta de diálogo e atração. É uma atração intensa, capaz de fazer o coração bater de forma descompassada e que tem como objetivo principal se transformar em um amor arrebatador. Resta saber se todos permanecerão a salvo e se permitirão que o amor se sobreponha a um ódio que vem passando de geração em geração. Royce recebe uma enorme fama que o precede onde quer que vá, e, embora seja rotulado como o mal em pessoa, percebemos certas nuances que sugerem que talvez ele não seja um lobo tão mau assim. Ele não nega seus feitos, não se exime de culpa por tudo o que fez e também não foge de suas responsabilidades, seja para com o rei, seu povo ou para consigo mesmo. Admiro quando os personagens vão revelando suas camadas aos poucos, de modo que conseguimos entender os motivos que os levam a ser quem são. Melhores trechos: "...Que tipo de homem, Jenny se perguntava freneticamente, colocaria as mãos em freiras, ou quase freiras, sem consciência ou medo de castigo, humano ou divino? Nenhum homem faria isso. Somente um demônio e seus discípulos teriam essa ousadia... Royce se perguntava, com o cenho fechado, como era possível que intimidasse cavaleiros, nobres, escudeiros e soldados endurecidos pela batalha a fazerem o que ordenava com um único olhar, mas não conseguia forçar uma jovem escocesa teimosa e desafiadora a se comportar. Ela era tão imprevisível que tornava impossível antecipar sua reação a qualquer coisa. Era impulsiva e obstinada, e lhe faltava completamente com o respeito que cabia a uma esposa..."