Paulo 03/07/2020
Recomendo a leitura
Mais uma vez agradeço ao Pedro Pacífico, do canal Book.ster, por ter recomendado essa leitura aos seus seguidores. Eu já sabia que ia gostar desse livro antes mesmo de começá-lo, pois além da resenha do Pedro o livro me pegou pela sinopse - posso não julgar um livro pela capa, mas julgo pela sinopse. Tanto foi assim, sabendo que eu ia gostar do livro, que eu chamei uma amiga para ler comigo, e tive pela primeira vez uma experiência de leitura conjunta. Ela viciou no livro e terminou antes de mim.
Como dito na sinopse, o livro trata da história de Charlie Gordon, um rapaz com deficiência intelectual que passa por uma cirurgia inovadora, antes testada apenas em animais, que buscava desenvolver inteligência acima do que têm seres humanos naquelas condições. Não seria spoiler dizer que a cirurgia deu certo, pois sem isso não aconteceria o livro, que é baseado em Relatos de Progresso do próprio Charlie desde antes da cirurgia. E com isso o livro mostra como se desenvolverá a inteligência do rapaz, que passa a se expressar melhor e ter ideias próprias, a questionar coisas que antes ele nem pensava sobre, e a observar melhor do que nunca - com isso, os Relatos de Progresso passam a ser maiores e mais detalhados, com julgamentos das observações e raciocínios lógicos por trás do pensamento, além de ter memória melhor - sobre isso, creio ser o que fez da obra uma grande história, memória e inteligência andam de mãos dadas.
Penso: de certa forma, o que aconteceu com Charlie não seria o que aconteceu com todos nós? Nós nascemos sem saber de nada e vamos aos poucos adquirindo conhecimentos e experiências que nos deixam aptos a julgar melhor (ou menos pior) as coisas a nossa volta. A única diferença é que com Charlie isso aconteceu já na fase adulta depois de uma cirurgia. Mas enfim, o livro não serve para ver no Charlie nós mesmos, muito pelo contrário, vemos nós mesmos nas pessoas que circundam o Charlie. Assim como os outros personagens, nós nos impressionamos com o desenvolvimento de sua inteligência, agora maior do que a dos próprios cientistas que lhe deram esse privilégio.
Contudo, toda a inteligência tem um custo. Quem passa a questionar demais uma hora questiona aquilo que incomoda a si mesmo, e Charlie passa por isso. Aqueles que ele via como sábios e inteligentes na verdade não passavam de inocentes de vista curta, comparada a inteligência que ele agora tinha: "Eles são pessoas comum, você é gênio". Além disso, ele percebeu que a razão não resolve tudo: "O que é correto? É irônico que toda a minha inteligência não me ajude a resolver um problema assim." Tampouco, nem toda a inteligência o ajuda com assuntos que competem ao coração: "De súbito, era importante saber se eu seria como os outros homens, se um dia eu conseguiria pedir a uma mulher que dividisse a vida comigo. Ter conhecimento e inteligência não era suficiente" e "problemas emocionais não podem ser resolvidos como problemas intelectuais".
Eu teria outras coisas para falar sobre a obra, mas paro por aqui senão vou transcrever todo o livro nesta resenha.