AnaLarissa.Cabral 04/07/2023
Somos aquilo que fazemos do que fizeram de nós
Já vou começar pelo fim: eu não gostei muito do livro.
Trata-se de uma narrativa em que um jovem e um filósofo dialogam, aos moldes do que fazia Sócrates e seus discípulos, sobre questões existenciais da vida humana. Tudo pra ser ótimo, o tipo de leitura que eu amaria, mas não foi.
Preciso dizer que a linguagem do livro é fácil, a temática da psicologia de Adler é super interessante - eu não conhecia e me identifiquei bastante -, mas achei a construção dos personagens pobre.
O filósofo mais parece um psicólogo, até por tratar o tempo inteiro de uma temática do ramo da psicologia. O estudante me pareceu extremamente caricato, com questões rasas e até birrentas de uma forma meio forçada. Os diálogos muitas vezes me pareciam um roteiro do ?Telecurso 2000? (entregando a idade aqui kkk), no formato de que o professor explica e o aluno repete a explicação em forma de pergunta para que o público grave bem. Tudo nesse sentido me irritou um pouco e empobreceu o conteúdo que eu esperava. Talvez tenha mirado em Sócrates e acertei a grade da globo as 4h da manhã dos domingos dos anos 90!
Quanto ao conteúdo em si, eu preciso dizer que me surpreendi positivamente com a doutrina Adleriana. Como disse antes, não conhecia, mas segue uma linha em que eu acredito, focada na autorresponsabilidade. Não à toa que escolhi uma frase de Satre para o título dessa resenha: ? Somos aquilo que fazemos do que fizeram de nós?. Essa sem dúvidas é uma das minhas frases favoritas do mundo porque traduz algo em que eu creio veementemente.. não importa o que te aconteça, o destino será sempre traçado pelas escolhas que você fizer diante do que te aconteceu. Nada te define, nada te limita. Adler, pelo que foi exposto no livro, trata muito disso, do poder que temos para transformar as nossas próprias vidas e sermos autores da nossa história.
Como nem tudo é perdido, o livro me trouxe esse contato com a vertente Adleriana da psicologia, que considerei bastante positiva, já valendo a leitura, apesar dos pesares.