spoiler visualizarDantonM 30/05/2021
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Primeiro eu deveria escrever que me sinto burro por não ter previsto esse plot twist, gente. Sério, eu cheguei a desconfiar da Bina e não do Ethan, caí direitinho nas graças do autor!! É um ótimo livro, mas devo confessar que não me caiu o cu da bunda o suficiente pra chegar a cinco estrelas (fez sentido?)
Finn em A Mulher na Janela nos conta a história de Anna (Dra. Anna, por favor), uma psicóloga que sofre um trauma severo e desenvolve síndrome do pânico e agorafobia. Salvo engano esse é meu terceiro livro narrado por um profissional da saúde mental (há algum tempo li O Psicanalista e A Paciente Silenciosa, narrados por psiquiatras) e devo dizer que esse "nicho" é bem massa. Gosto de ver os personagens analisando suas ações e os diálogos que têm com os outros personagens e tem uma certa singularidade em um psicólogo/psiquiatra que se perde em seus próprios devaneios e percebe que a autoanálise não ajuda tanto quanto deveria.
Pois bem, Anna, nossa protagonista é toda fudida das ideias. 100% traumatizada, não sai de casa há meses e luta com as doenças que a afligem sem trégua. Ela entorna umas boas garrafas de vinho todos os dias, misturando com seus medicamentos (o que claramente não é uma boa ideia em se tratando de psicotrópicos). Eu amo que tem até uma cena em que ela fala "foda-se não é antibiótico mesmo" ícone mais preocupada com bactéria multirresistente do que com a própria saúde kkkkkk. Anna não nos conta de início o que a levou a desenvolver essas condições mas sua narração é consistente o suficiente para entendermos o que ela passa e a dificuldade que tem para fazer atividades rotineiras, como comer direito ou, claro, sair de casa.
Para mim o enredo foi bem surpreendente. Fiquei em choque quando li que o ex marido e a filha tinham morrido e ela falava com os ecos deles em sua cabeça. Achei acertada a decisão do autor de contar sobre o acidente em Vermont aos poucos, respeitando o funcionamento da cabeça de Anna, que prefere negar tudo o que aconteceu, nos contando apenas conforme ela é obrigada a lembrar. Achei os personagens bem interessantes e o desenvolvimento da história me fez ficar bem grudado no livro, nem parece que ele tem suas 400 páginas de tão rápido que passou! Gostei também da descrição da casa, conforme o corretor a via. Como se Anna não conseguisse nem contar como é sua casa para a gente, dependendo das palavras do corretor para não despertar tantas memórias.
Acho que tem uma coisa que não gostei só: no final quando ela arremessa o Ethan pela clarabóia (kkk) corta pra seis semanas depois. Queria que tivesse mostrado o diálogo que se seguiu dela com a polícia e o confronto com os Russel, mas entendo que talvez fosse ficar maçante demais...
Recomendo pra quem procura uma alienação legal pra esse 2021 de merda que estamos vivendo. Vale a pena!