Carol 24/05/2023Impressões da CarolLivro: Devoção {2017}
Autora: Patti Smith {EUA, 1946-}
Tradução: Caetano W. Galindo
Editora: Companhia das Letras
144p.
Não sou muito ligada à cena do punk e fui conhecer Patti Smith através da literatura, há bem pouco tempo. Creio que ela encarna o sonho de muitas de nós: a vida repleta de arte, livros, cafés, viagens, músicas e fotos em cemitérios diversos - nós, as góticas.
É fascinante acompanhá-la por aqui no instagram, @thisispattismith, o olhar da artista para o mundo, a maneira como ela se inspira e engendra suas criações.
"Devoção", este livro anômalo - parte relato pessoal, parte conto ficcional, parte criação literária - surge de um discurso proferido pela autora, na Universidade de Yale, com o tema: "Por que escrevo?".
Na primeira parte do livro, intitulada "Como a mente funciona", o leitor assiste a Patti se preparando e viajando a Paris - para uma série de compromissos editoriais - visitando lugares relacionados a autores que admira e refletindo sobre o processo criativo que, para ela, funciona de maneira associativa.
"As setas voam e não se percebe o impacto, nem se percebe que todo um elenco de catalisadores, uns independentes dos outros, reuniu-se de modo clandestino para formar um sistema singular..." p. 9
Na segunda parte, temos o conto "Devoção", cuja figura central é Eugênia, uma adolescente nascida na Estônia, levada ainda criança pela tia para fora do país, para escapar à perseguição política de Stálin.
É um bom conto, apesar de indigesto em certos pontos. Porém, nesta releitura, o que achei mais interessante foi perceber as inspirações, detalhadas na primeira parte do livro, inseridas nele.
Por fim, na terceira parte, "Um sonho não é um sonho", Patti retoma o tom pessoal da narrativa para responder à pergunta: Por que alguém se sente impelido a escrever? É muito bonito. Fica minha recomendação :)
Reli "Devoção", de Patti Smith para o segundo encontro do @entreaspas_curso, da @literaleblog. Minha edição veio num kit da TAG, de 2018, mas não é integral, pois lhe falta a última seção, que traz o fac-símile do manuscrito de Camus.