spoiler visualizartaehoodliday 17/11/2023
O que você fez Leigh Bardugo?
Olha... esse livro me deu uma decepcionada.
Vamos por partes.
O início é muita correria. Acho que a Leigh quis trazer um começo mais frenético e tal, mas eu achei frenético DEMAIS. Sem falar que os personagens comentam muito sobre as coisas que aconteceram nos outros livros do Grishaverso, e detalhes que o leitor (que não está lendo os livros um seguido do outro) não tem como lembrar, sem contextualizar, e isso acaba incomodando por dois motivos: pela frequência que é feito no início, talvez pra dar uma sensação de nostalgia no leitor; e por não ser uma continuação direta da história, o leitor não deveria ser ?obrigado? a lembrar desses detalhezinhos.
Mas depois que passa o início isso meio que diminui. Eu acredito que não era nada imperdível da história porque consegui ler e passar dessa parte sem muitos danos, mas fiquei incomodada.
Esperava que essa história do Nikolai fosse algo mais independente, com novos conflitos, mas ela olha muito pros outros livros e não constrói algo novo. Achei meio chato que pra ter uma noção do background precisa ter lido >todos< os outros.
E falando do Nikolai, achei que a maldição dele é muito pouco explicada.
Além disso, como monstro ele tá sempre >quase< fazendo algo de ruim. Ele quase mata alguém, ele quase machuca a criança no início do livro, ele quase machuca a Zoya... mas ele nunca é quase descoberto também kkkkk. Talvez pudesse ter sido melhor aproveitada essa questão da maldição do Nikolai nesse sentido, nas consequências sérias dela pra ele e o reino: como seria se alguém descobrisse que ele é o monstro; o que ele faria se a posição dele fosse realmente ameaçada por isso?
Sempre soube que nessa duologia a gente ia ter a Zoya e o Nikolai como casal. E OK, eu tava até meio ansiosa pra ver como que ia ser a construção desse relacionamento. Mas ai destrambelhou tudo.
Primeiro que já começa a desandar pra mim quando ela o ajuda a conter o monstro de noite e pra ninguém desconfiar finge ser amante dele. No início tem até uma cena deles chegando e se desarrumando na carruagem pra dar a entender algo para os guardas... meu. Ela é a general dele, como que ela se submete a isso tão escancaradamente sabendo que as pessoas talvez possam questionar a posição dela no palácio? (O que é uma coisa que não acontece, mas que deveria ser uma consequência, na minha opinião, disso).
E depois que eu fiquei esperando o romance começar a ser construído, e nada. E lia mais um pouco e pensava ?agora vai começar?, e nada. Quem planta o interesse deles um no outro é aquela Santa na metade pro final do livro.
Tem uma passagem que o Nikolai menciona que ela é bonita, e uma passagem que a Zoya admite que o ego dela queria ver se ele não se afetava mesmo pela beleza dela. SÓ. Depois que a Elizaveta diz que vê a maneira como o Nikolai olha pra Zoya ai eles começam a ter esses pensamentos de ?nossa, ela já parece uma rainha?, e a ter ciúmes um do outro.
Eu acho que não teve construção nenhuma pra isso acontecer. Tipo, em nenhum momento antes desses super pensamentos eles mostraram algum interesse palpável pelo outro. Talvez no próximo livro haja mais tensão e tudo mais, mas então nesse o interesse podia ser só superficial. Podia ser algo do tipo ?sobrevivemos a isso juntos e estou começando a te olhar de um jeito diferente?, na minha opinião faria mais sentido e eu compraria muito mais o romance do casal. Vamos ver o que vem aí nesse quesito no próximo volume.
Pelo menos a Leigh ganhou pontos por não fazer o óbvio no final de eles se apaixonarem, voltarem pro palácio e o menino se passando por Nikolai ter noivado com alguma princesa. Estava achando que ia chegar no fim do livro e ter essa cena, tava rezando pra que pelo menos isso não acontecesse.
Como falei da Elizaveta, vamos falar sobre tudo que aconteceu na Dobra.
Que viagem.
Achei meio ?preciso achar um plot novo pra escrever essa história?. Três Santos (e não todos os Santos ein. Por que não? Não sabemos) presos por milhares de anos na Dobra, o Darkling morreu e eles não conseguem sair e quando saírem vão perder os poderes. Eles atraem o Nikolai pra lá pra matarem o monstro que tem dentro dele que é um restinho do que sobrou do Darkling, e fazendo isso eles vão estar livres...
Não comprei. Muito confuso, muito muita coisa. Como é que a religião funciona com eles presos lá? E com os que não estão presos lá, eles tão em algum lugar? Por que são só alguns e outros não? Ai sabe, achei bem nada a ver esse plot, bem qualquer coisa.
Na Dobra com os Santos a Zoya meio que vira aprendiz do Juris, e com ele ela aprende a controlar TUDO com o poder dos grishas, ela vira meio que uma super-heroína.
Achei interessante essa conexão entre a pequena ciência, mas talvez seja algo muito exagerado e muito grandioso, tipo, um poder muito roubado, sabe? Não tem meio que um limite (pelo menos até agora) pra ela esbanjar de todo esse poder, não é dito se isso é algo que todos os grishas podem fazer ou se é algo que só ela e pessoas específicas conseguem.
E, como se não bastasse, TCHARAM, ressuscitaram o Darkling. Cara, sério, pra quê eu me pergunto. Tudo o que a Alina e os outros sofreram na trilogia então foi pra nada, porque agora ele voltou e o vilão vai ser ele *de novo*? Tipo, não podia tá acontecendo outra coisa, outro vilão querendo tomar Ravka, outra busca pra fazer... mas não, tinha que ressuscitar o cara da trilogia original pra por no lixo tudo que aconteceu e todo o sofrimentos dos personagens lá.
A Elizaveta tirou o corpo do Darkling da pira enquanto ninguém via. Nossa, que deus ex machina é esse, a explicação pra terem o corpo dele ainda. Ai sabe... esperava mais. Gostei dessa questão do culto ao Santo Sem Estrelas, e toda as implicações, a moral, disso. Isso sim é muito interessante.
Enfim, não gostei disso. E a Elizaveta querendo ressuscitar ele, unir forçar com o poder dele e blá blá blá, pelo amor de deus!! Não gostei.
Finalmente, vamos pra história da Nina.
Gostei que ela tá como soldada e gostei das menções que ela faz aos Crows durante o livro, os aprendizados que ela teve com eles e tal. É aquilo que disse antes de querer dar essa nostalgia pro leitor (aqui ela conseguiu sem forçação de barra).
Eu achei interessante a parte da fábrica e do convento, mas, como em todo o resto do livro, tem alguma coisa que parece que não encaixa, que me incomoda. A Hanne não desconfia de nada em nenhum momento, tudo que a Nina fala ela concorda, e isso eu achei meio too Much.
Achei massa que ela chegou à conclusão de que os fjerdanos nunca vão aceitar os grisas como pessoas, então é bom eles começarem a ver eles como outras coisas, e orquestra um ?milagre? pros dois amigos dela realizar. É uma maneira né.
Me decepcionei com o desenvolvimento dos personagens, do relacionamento entre eles, e do rumo que a história tomou.
Quero ver o que ela vai fazer no próximo livro, mas não gostei dela ter ressuscitado o Darkling (uma coisa é Harry Potter onde o plot todo é o Voldemort estar voltando, e outra totalmente diferente é você fazer uma trilogia pros seus personagens derrotarem um cara pra depois a troco de nada ele ressurgir).
O que fica a favor da Leigh Bardugo é a escrita dela, o livro fluí super bem e você lê bem tranquilo. E além disso, o universo criado anteriormente, com os outros livros, é bem bom. Então eu vou ler o Rule of Wolves, mas não tanto por esse livro como quanto pelos outros e por gostar dos personagens e do universo.