Mari | @maricarolinabooks 13/11/2020Não é o melhor do autor, mas gostei#resenhasdamarih
Nannete O’Hare está passando pela difícil transição da adolescência para a vida adulta, no seu 3° ano do ensino médio percebe que faz as coisas, apenas porque segue um padrão de comportamento que acredita ser o que deve ser feito. Assim ela segue insatisfeita fazendo o que todos esperam dela, mesmo que ela não entenda metade das pessoas que a rodeiam e odeie fazer as coisas que faz. Como ser parte do time de futebol da escola, ou ser amiga de pessoas que não tem nada a ver com ela.
Nannete não sabe quem é, e não tem muita noção de como deve viver sua vida. Um dia seu professor predileto lhe dá de presente O Ceifador de Chicletes, e depois de ler o livro sua vida nunca mais será a mesma. Ela se sente totalmente representada pelo protagonista do livro Wrigley, e fica obcecada pelo que acontece com o personagem após o final do livro.
Gosto dos conflitos existenciais presentes no livro, dos questionamentos de como encontrar nosso lugar no mundo e como saber o que fazer a seguir. Acho que todo mundo já passou pela fase do amadurecimento e da confusão. Tudo é muito acelerado, parece que tem um teto caindo sobre nossas cabeças porque tudo está mudando tão rápido, e temos a sensação de que tudo precisa ser decidido hoje. Crescer é difícil, e nesse livro foi angustiante para mim ver a Nannete descobrindo o mundo, porque ela é muito reclusa e dificil de ler, sempre interpretou um papel que agradasse aos outros e aí ninguém conhecia ela de verdade, nem mesmo sua família, nem ela mesma.
É angustiante perceber que isso existe, as pessoas entram em convenções sociais tão grandes de “cumprir seus papéis” que esquecem que na verdade não existe papel nenhum. Ser quem somos não deveria ser difícil mas sim natural, e foi triste para mim ver um personagem que não conseguia ser ele mesmo com naturalidade.
Também foi angustiante perceber que as pessoas gostavam muito mais de Nannete quando ela representava um papel, do que quando era ela mesma. Acho que quando estamos inseridos num ambiente social tão cheio de aparências, fica mais difícil se encontrar e essa foi a dificuldade da protagonista. Talvez por não conseguir me conectar com essa dificuldade eu não tenha gostado tanto da Nannete, ainda assim gostei muito da maneira como o autor abordou o drama na obra.
Meu personagem favorito sem sombras de dúvidas foi Alex, que vivia dentro de sua própria mente, o que eu achava fascinante e ao mesmo tempo triste, já que é um sinal de quem usa sua mente para sobreviver em situações traumáticas. Ele é profundo, interessante, e apesar de ter sobrevivido ao bullying que passou, aquilo deixou marcas intensas nele, que a gente repara ao longo da narrativa, minha parte favorita do livro foi este poema dele que postei aqui nas fotos. Gostei da terapeuta e de Booker que é o autor do livro e se torna amigo de Nannete, porém Booker me decepcionou no fim do livro.
Gostei do livro contar a estória de outro livro dentro da narrativa e se relacionar bastante com o livro fictício. A estória dá sinais do que ocorrerá no Todas as Coisas Belas. Apesar de ter gostado do livro, não é um dos melhores do autor. Sou apaixonada nos livros do Matthew, mas esse demorou um pouquinho pra decolar comigo, e não gostar tanto da protagonista também é algo que influencia minha experiência. No mais recomendo a leitura pelos ricos questionamentos da obra.
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