Deuses caídos

Deuses caídos Gabriel Tennyson




Resenhas - Deuses Caídos


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Acervo do Leitor 17/06/2018

Deuses Caídos de Gabriel Tennyson | Resenha | Acervo do Leitor
A Fantasia Nacional está aos poucos – merecidamente – ganhando cada vez mais espaço entre os leitores. Nomes como Felipe Castilho, Enéias Tavares e Raphael Montes, já figuram como novas estrelas, com obras muito bem avaliadas e reconhecidas lançadas por grandes editoras. Deuses Caídos, de Gabriel Tennyson vem para não somente consolidar, mas para prover novos horizontes, sem escrúpulos – por assim dizer -, com uma história que ao mesmo tempo choca pela maneira bizarra de seus personagens em momentos do mais puro inacreditável, com a leveza de uma escrita envolvente que nos transporta a um Rio de Janeiro de demônios, golens e outras criaturas fantásticas. Deuses Caídos é muito mais do que uma consolidação, é uma realidade alternativa, que até então não havíamos vislumbrado, Deuses Caídos é uma homenagem ao Terror, à Fantasia, e ao não-tradicional.

“Devido ao exotismo dos crimes, as teorias lançadas pelo padre começavam a penetrar na muralha de ceticismo de Júlia. Se ela podia se comunicar com máquinas, por que a existência do sobrenatural seria tão implausível?
Psiquismo não era tão diferente de magia, talvez fosse o mesmo fenômeno explicado por uma ótica diferente.”

Em época onde a representatividade é vista e trabalhada em diversas mídias, precisávamos de uma que louvasse o espírito de Clive Barker e suas excentricidades, uma que louvasse a reflexão suja, por baixo de mentes corrompidas, uma que transitasse em nossas mentes com uma linguagem crua, feroz e fugaz.

“Existem lugares nessa terra árida do diabo com muitas histórias terríveis e macabras. O povo fala que até mesmo Nosso Senhor já abandonou certas paragens daqui.”

A história gira em torno de um padre exorcista – nada convencional, que vive perambulando pelo submundo do Rio de Janeiro em busca de manter o equilíbrio e o balanço entre a humanidade e as criaturas que vivem escondidas em roupagens cotidianas. Mas, quando uma série de assassinatos com viés religioso atinge figuras importantes e poderosas, cabe a Cipriano saber o que está ocorrendo, e quais as motivações do indivíduo, que utiliza dos métodos mais brutais e cruéis de torturas. E, em paralelo a isso, surge Júlia, uma policial com um dom sobrenatural, que está cada vez mais envolvida com Cipriano e seu antagonista nesta teia situado nos ermos sanguinários da Cidade Maravilhosa. Não, não vou abordar mais do que isso sobre a história, deleite-se com o inominável.

“Eu tenho minhas divergências com a Igreja. – Cipriano deu de ombros e olhou para Siri. Depois de fazer o pedido, concluiu: – Deus exige de criaturas imperfeitas o código moral que ele, uma entidade supostamente perfeita, não segue. – Cipriano forçou uma voz de barítono: – “Se você não me amar, vou te mandar para o inferno”. Isso não é livre-arbítrio, certo? Se um cara ameça a namorada para amá-lo, esse cara seria trancafiado como um psicopata, mas quando o assunto é Deus, tudo é mistério em nome de seu plano divino. Não há nada de transcendental nessa atitude, parece a velha e humana hipocrisia. Acho que as escrituras são apenas uma versão daquilo que o homem pensa sobre o Deus. Temos essa mania de personalizar divindades.”

SENTENÇA

Deuses Caídos possui muitas referências. Desde Constantine, Silent Hill, Clive Barker, Seven até The Dresden Files (que incrivelmente não é publicada no Brasil!). O autor consegue, ao mesmo captar a mana de cada uma destas obras, e originalizar em um ambiente urbano e memorável. Suas passagens de terror, são das mais bem elaboradas, as bizarrices das suas mortes e situações nos quais Cipriano e Júlia vivenciam, fogem totalmente daquilo que estamos acostumados na Literatura Fantástica Nacional. Deuses Caídos é um livro que quebra paradigmas, e eleva os padrões dos nossos autores. Deuses Caídos, tem alta dose de humor negro, momentos de reflexão lapidados na monstruosidade de suas criaturas. Se você é um leitor ou uma leitora que não está aberta ao diferente, ou possui espírito fraco, este livro não é para você. A história de Cipriano é belamente suja, com crueldade e sadismo escorrendo pelas bordas. O sarcasmo e o paralelo com a nossa realidade são genialmente construídos. Deuses Caídos, é foda!

site: http://acervodoleitor.com.br/deuses-caidos-resenha/
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