@juliaavictorino 06/02/2022Nada de novo por aquiApostei que esse seria um suspense daqueles, que me fariam duvidar de tudo e de todos, mas Karen, Tom e Brigid são quase tão transparentes que nem deram essa chance.
Achei a escrita bem estranha e só depois percebi que era pelo livro ser narrado no presente. Dava a impressão de estar lendo um roteiro de série ou filme, bem objetivo e impessoal. A maior parte das frases apresentam estruturas simples, que faz a leitura sem leve e até rápida, sem exigir muito da nossa atenção.
Os diálogos são engessados e parecem pouco orgânicos. Por vezes a narrativa se torna expositiva ao extremo, como em um certo interrogatório onde não há pergunta alguma, apenas um relato resumido pelo investigador de tudo que eles descobriram até então para refrescar nossa memória.
A capacidade investigativa dos detetives também incomoda. Ela oscila de acordo com o que a trama precisa; ora eles são os trapalhões, ora o próprio Sherlock Holmes. E como tudo aqui é expositivo, eles lançam uma hipótese, discutem sobre ela pra só depois confirmarem (ou negarem), tirando toda a emoção da revelação.
O enredo é sólido e nos mantém curiosos como um bom episódio de série criminal, mas suas reviravoltas deixam a desejar, sendo a maioria bem previsível e com muitas saídas fáceis. O desfecho é até surpreendente, mas não me agradou. Para evitar spoilers, digo que achei imprudente o uso de certo assunto delicado como ponto chave da trama.