Luciano Otaciano 08/10/2021
Livro muito desapontante!
Quando tirei O diabo veste Prada da estante, esperava encontrar nele o mesmo conforto que o filme de David Frankel me traz todas as vezes que assisto. Na verdade, esperava até mais, porque estamos acostumados a ouvir que “o livro é sempre melhor, tem mais informações”. Por isso, sempre pensei: “se já gosto o filme, o livro, com certeza, vai facilmente entrar na minha lista de favoritos”. De fato, o livro tem mais informações, o que não quer dizer que foi melhor.
Se você acha que esse livro é um chick-lit super engraçado, com personagens cativantes e uma narrativa leve e fluida, pode esquecer (porque eu também achei e acabei quebrando a cara). O diabo veste Prada entrega muita repetição e pouca diversão. Inclusive, a própria autora diz nos agradecimentos: “Se não gostarem do livro, a culpa é dela (editora)… retirou tudo o que era realmente engraçado”.
De início, me diverti com algumas partes, porém mais com ambientação do início dos anos 2000 e suas modas do que com a história em si. Depois de umas 120 páginas, só Emily Charlton, colega de trabalho de Andy, me fazia rir. Praticamente, todos os capítulos giravam em torno dos mesmos 3 pontos: Miranda e suas ordens impossíveis, o namorado de Andy reclamando dela, e Lily, a melhor amiga, se metendo em alguma confusão depois de beber além da conta. Os capítulos, além de enormes e repetitivos, são muito bagunçados. A impressão é que a autora teve uma ideia na hora e enfiou ali no meio para não esquecer depois. Numa hora estamos acompanhando a Andy correndo pelas ruas de Nova Iorque, do nada ela começa a contar de um acontecimento de dias atrás, que leva a mais um outro, até que volta ao presente. E isso tudo sem nenhuma marcação. Mas, acredito que um dos maiores problemas foi só conseguir me conectar mesmo com a Andy lá pela metade do livro. Até então, era só mais uma personagem, mesmo a narração sendo em 1ª pessoa. Só fiquei realmente ligado a ela quando o namorado, a melhor amiga e até os pais começaram a reclamar o tempo todo que a jovem não tinha tempo para nada além de Miranda Priestly, sendo que todos já sabiam que seria um ano extremamente louco, mas importante para ela. Um ano trabalhando na Runway e Andy conseguiria realizar seu maior sonho: escrever para a revista The New Yorker. O final do filme é infinitamente mais genial que o do livro. Lauren nos apresenta, sim, um diálogo interessante entre Miranda e Andy durante a viagem à Paris, mas ainda assim não chega aos pés da conversa entre as personagens de Meryl Streep e Anne Hathaway sobre como Miranda teve de se desdobrar (inteligente e sutilmente) para não perder a Runway para a concorrente. No livro, isso não acontece e terminamos a história realmente só com a imagem uma mulher difícil de lidar e ponto. Sem contar, também, no ponto IMPORTANTÍSSIMO abordado quase no fim do filme, quando Andy está jantando com Christian e ela diz o quanto admira Miranda e a defende, falando que se fosse um homem na posição dela fazendo tudo que ela faz, ele seria ovacionado e não odiado como Miranda é. Infelizmente, não temos isso no livro também. Mas, apesar de tudo, o livro tem seus pontos positivos. A autora enrola demais para chegar em algum lugar, mas consegue tirar proveito de umas pequenas coisas. A maior delas é Emily, pois foi só nessa personagem que Lauren Weisburger conseguiu colocar o humor de um chick-lit. Infelizmente, ela é deixada de lado em determinada parte da história.
A conclusão do relacionamento de Andy e seu namorado também é muito melhor, fazendo mais sentido na história. As relações de amizade são muito bem trabalhadas, também. Principalmente, a de Andy e Lily, amigas de longa data que não perderam o contato mesmo com a correria em que as duas se encontram. Até mesmo algumas conversas amigáveis entre Andy e Emily, duas personagens completamente opostas, foram interessantes. Mas, afinal, essa jornada de um pouco mais de 400 páginas vale a pena? Olha, não é algo que eu releria ou recomendaria, infelizmente. Em resumo, O DIABO VESTE PRADA foi uma leitura bastante desapontante pra mim, ainda assim, acho que poderá agradar os leitores apaixonados por chick--lit. Espero que tenham curtido a resenha. Até a próxima!