Vanessa2056 30/12/2023
Fique comigo é um livro que me tocou profundamente, pela forma como retrata a dor, o amor, a fé e o luto de um casal que enfrenta a dificuldade de ter filhos. Yejide e Akin são casados há quatro anos, mas não conseguem engravidar. Em uma sociedade poligâmica, eles prometeram ser monogâmicos, mas a pressão da família e da cultura os leva a aceitar uma segunda esposa para Akin. Yejide, então, se desespera para ter um filho, recorrendo a rituais, tratamentos e até mesmo à ilusão.
A narrativa é alternada entre os pontos de vista de Yejide e Akin, revelando os segredos, as mentiras, as traições e os sacrifícios que eles fazem em nome do desejo de serem pais. A autora não poupa o leitor de cenas angustiantes, como as perdas gestacionais, as complicações médicas, as violências domésticas e as consequências psicológicas que afetam os personagens. Ao mesmo tempo, ela mostra a força e a resiliência de Yejide, que luta para manter sua dignidade, sua identidade e seu amor próprio.
O livro também traz o contexto histórico e político da Nigéria dos anos 1980 e 1990, marcado pela instabilidade, pela ditadura militar e pela violência. A autora faz um paralelo entre a história do país e a história do casal, mostrando como ambos sofrem com as crises, as rupturas e as transformações. Além disso, ela explora aspectos culturais, como a religião, a tradição, a família e a sociedade, que influenciam as escolhas e os comportamentos dos personagens.
Fique comigo é um livro que me fez chorar, refletir e admirar a escrita de Ayòbámi Adébáyò, que é precisa, poética e emocional. Ela cria personagens complexos, humanos e verossímeis, que nos fazem sentir suas dores, seus medos, suas esperanças e seus amores. É uma história sobre a maternidade, o casamento, a fidelidade, a infidelidade, o perdão e a redenção.
Eu recomendo fortemente a leitura, pois é uma obra-prima da literatura contemporânea.