Kamyla.Maciel 03/07/2023
Achei um livro forte, até cruel com a personagem principal, mas, ao mesmo tempo, tocante e que nos leva a muitas reflexões sobre a maternidade, os limites do amor, a pressão sofrida pela mulher diante da obrigação de ser mãe, sobre perdas impensáveis e recomeços.
O livro fala de uma mulher nigeriana, Yejide, que tem um casamento até feliz com Akin. Mas, tudo começa a desmoronar quando o peso de não ''ter dado um filho a ele'' entra no meio da relação dos dois. É surreal a pressão familiar e social que Yejide sofre, surreal é jeito de falar porque sabemos que nas sociedades ainda é isso que acontece, em maior ou menor proporção, à mulher que não tem filhos cabe apenas o julgamento.
A questão é o quanto essa obrigação feminina afeta o psicológico de uma mulher, Yejide que o diga! A forma como se enxerga e como isso resvala no amor próprio e no amor do companheiro. As mulheres só são boas esposas se cumprem exatamente o que é determinado para elas socialmente? Tudo isso rodeado pela insegurança gerada com uma possível segunda esposa, para dar ao marido aquilo que ela não consegue fazer. Sério, ê mulher sofrida viu!
Não é que ela não queira ter filhos, supostamente ela não consegue ter filhos, mas depois de muito sofrer consegue engravidar e várias coisas terríveis vão acontecer daí, não quero dar spoiler. Mas, aviso que é um livro triste, sobre faltas, culpas, carências, solidão na infância, mentiras, traições e muitas reviravoltas.
E ainda assim vale a pena ler? Vale muito! Acho sempre proveitoso quando conheço novas culturas a partir de um livro, formas de pensar e agir diferentes do que considero ''normal'' (MUITAS aspas aqui, por favor!), é esse olhar sobre o amor, vida e pensamentos do outro que esse livro nos possibilita.
No final, ficou a pergunta na minha cabeça: o que deixamos de viver por medo de sofrer novamente? É uma reflexão que o final do livro nos provoca.