spoiler visualizarnanda :) 17/12/2023
Uma Dama Fora dos Padrões: melhor do que eu lembrava!
“– Você tem uma sarda– murmurou ele. – Bem...– ele se inclinou e deu um beijo suave perto da parte interna do cotovelo dela– ... aqui.
– Você já a tinha visto – disse ela suavemente.
Não estava em um lugar indiscreto; Billie tinha muitos vestidos de manga curta.
Ele riu.
– Mas nunca lhe dei a devida atenção.
– É mesmo?
– Sim.
Ele levantou o braço dela, torcendo-o um pouco para fingir observar sua sarda.
– É claramente o mais belo sinal de toda a Inglaterra.”
Li esse livro a muito tempo, quando eu estava no sétimo ano, emprestado de uma amiga, e lembro de não ter adorado na época. Estava querendo ler um romance que tinha certeza que seria bom, e resolvi pegar esse aqui.
E, sendo bem honesta, eu gostei muito mais do que acharia! Essa história é melhor do que eu lembrava, e, apesar de ser beeem hétero, o casal me agradou muito!
A história em si é simples, com a premissa desse casal que se conhece desde criança, e a “briga” entre eles se tornando um amor. É por isso que, pessoalmente, eu considero esse livro mais um childhood friends-to-lovers do que um enemies-to-lovers, e também é por isso que eu gostei. Apesar de poucos eventos marcantes, os que acontecem são bem feitos, e bem desenvolvidos. Aliás, na primeira vez que eu li, eu não esperava o cliffhanger no final!
Um dos pontos que mais gosto nessa história é o fato que a Billie, a “dama fora dos padrões”, apesar de sua premissa de ser diferente das outras mulheres, não cai no estilo “pick-me-girl”. Ela apenas é representada como uma mulher da atualidade, que quer ajudar os pais e ser independente. Acho que isso foi uma sacada muito boa da Julia Quinn, pois, assim, ela não apenas evitou uma personagem insuportável, mas criou uma personagem que suas leitoras podem se identificar. Gosto demais da Billie!
E ver que, mesmo quando ela se apaixona pelo George e se torna a Sra. Roskeby, ela continua seguindo com suas ambições independentes, me agradou demais. Além disso, mostra que, mesmo tendo seus princípios, ela pode se apaixonar e se perder em um amor arrebatador.
Apesar de esse não ser o termo mais apropriado para essa narrativa. Sim, é um romance muito bem feito, e gosto muito de seus protagonistas, mas, não tem como negar que é algo bem básico. Não foi um romance que me marcou, ou me deixou animada torcendo por eles. Acontece, é crível, mas não consegui necessariamente torcer por eles.
Acho que o que me fez gostar mais desse romance foi, principalmente, o contraste que tive, em ler um romance “maduro” logo após uma sequência de romances (péssimos) adolescentes. A mudança de tom me fez bem, e me fez gostar mais dessa narrativa. Billie e George estão na faixa de seus vinte anos, estão bem estabelecidos, e o envolvimento entre os dois não é algo fantasiado.
Aliás, ele pode até não ser nada demais, mas eu até que gosto do George. Ele é uma pessoa fechada, e eu me vejo muito nele nessa necessidade de ser alguém. Gostei que o seu envolvimento com a Billie não resolveu isso num passe de mágica, mas ajudou para ele entender o seu lugar; creio que um romance deve acrescentar na vida da pessoa, e a autora soube fazer isso funcionar.
Outro ponto que eu gosto muito nessa história é o humor. Ela é, genuinamente, muito engraçada, e até me tirou algumas risadas. A picuinha inicial entre Billie e George é infantil na medida certa, e ver a mudança para algo mais estabelecido é muito bem feita. Todos os personagens chegam até a ser meio caricatos, bem romance de época, e isso me entretivera.
Porém, admito, não gosto da reta final dessa história. Não gosto deles em Londres, e definitivamente não gosto da temática de ciúmes que ronda os dois. Entendo que a história precisava ter um final, mas, sei lá, não gostei desse. Também não gosto do age gap entre o casal, e, por isso, eu conscientemente o ignoro.
A escrita da Julia Quinn, como sempre, é muito boa, e ela sabe muito bem como fazer um romance de época que soa atual. Gostei do ritmo da história, e a forma que ela foi escrita no geral.
Creio que eu não gostei dessa história antes pois era mais nova, e ainda não tinha descoberto o incrível universo dos livros “slice of life”. Esses livrinhos meio parados, onde apenas temos um bem feito desenvolvimento de personagem me agradam muito mais, e acho que esse é um exemplo disso.