Memórias Póstumas de Brás Cubas

Memórias Póstumas de Brás Cubas Machado de Assis...




Resenhas - Memórias Póstumas de Brás Cubas


3492 encontrados | exibindo 31 a 46
3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 |


3.0.3 08/04/2024

Como uma frouxa lamparina no meio das trevas
“Creiam-me, o menos mau é recordar; ninguém se fie da felicidade presente; há nela uma gota da baba de Caim. Corrido o tempo e cessado o espasmo, então sim, então talvez se pode gozar deveras, porque entre uma e outra dessas duas ilusões, melhor é a que se gosta sem doer.”

Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1839-1908), foi lançado como romance em 1881, introduzindo inovações na literatura brasileira do século XIX. O Rio de Janeiro passou por um período de modernização após a chegada da Família Real em 1808 e a independência do país em 1822. Com uma população crescente, a cidade tornou-se um centro de comerciantes, burocratas, funcionários públicos e vários outros grupos sociais, todos encontrando seu lugar no mundo criado por Machado de Assis.

O nascimento da literatura realista está ligado a uma série de discussões que abrangem cultura, ciência, política, sociedade e economia. Esse gênero se caracteriza por suas narrativas complexas, que mergulham no imo da psique humana, contextualizando e problematizando o mundo vivenciado por seus personagens. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, vemos o Brasil emergente do século XIX, uma nação em transição de uma era colonial, cuja hierarquia social é estruturada em torno de três classes: os proprietários de terras, os escravizados e um grupo intermediário composto por indivíduos livres e burocratas.

Na obra, Brás Cubas surge como personagem distinto, um herdeiro que nunca sentiu a necessidade de trabalhar para se sustentar e, em muitos aspectos, um precursor da mentalidade niilista predominante no Brasil. Machado de Assis faz algo sublime na obra: transforma o sujeito de sua crítica em um personagem cativante, sem remorso em suas falhas e cheio de ironia e irreverência. O leitor torna-se um confidente de Brás Cubas (defunto autor), que nada esconde, pois acredita que as coisas foram como realmente foram. Em meio a uma existência aparentemente sem propósito, Cubas encontra consolo no fato de não ter repassado a ninguém o fardo da nossa miséria.

Ao contar a história de sua vida a partir da perspectiva de um defunto, Brás Cubas transcende as limitações da existência terrena, colocando-se fora do alcance das críticas e dos julgamentos dos vivos. Ao revisitar o seu passado, assume o papel de narrador-observador, o que lhe dá liberdade para navegar em sua própria narrativa sem ser restringido por regras ou formalidades. À medida que a trama se desenrola, a estrutura narrativa assume diversos aspectos, inclusive capítulos em branco, mostrando a irreverência característica do romance moderno. A digressão é o traço que define o estilo de Machado de Assis. O fluxo de sua narrativa é interrompido por observações metalinguísticas, referências intertextuais, narrativas paralelas e, acima de tudo, exames filosóficos do sujeito e da sociedade. Como resultado, os enredos de suas obras são fragmentados e desorientadores. No entanto, essa complexidade é contrabalançada pela inteligência e pela estrutura vibrante e contemporânea das suas criações literárias.

O tempo do romance é fragmentado, contemplando a vida do narrador de 1805 a 1869. Nesse sentido, o livro explora dois períodos distintos: o cronológico, que enfoca os acontecimentos da vida de Brás Cubas, e o psicológico, que investiga as lembranças e as reflexões do autor. Nos capítulos iniciais, conhecemos o motivo da morte de Brás Cubas, os acontecimentos que a desencadearam, as pessoas que estiveram presentes nos instantes finais, a história familiar do protagonista e os delírios que vivenciou. Contrariando a crença popular, o protagonista não é um herói. Na verdade, a sua família tentou mascarar a sua origem humilde com uma história de realizações impressionantes. A sua linhagem remonta a Damião Cubas, tanoeiro e agricultor, que não se envolveu em nenhuma guerra heroica contra os mouros, apesar do relato embelezado da história por parte de seu avô Luís Cubas.

“Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direita e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…”

Tendo desfrutado de uma infância sem limites, acompanhamos as influências sociais que contribuíram para a formação de Brás Cubas. Livre de quaisquer inibições, Cubas ganhou o apelido de “menino diabo” quando criança. Oriundo de família rica, que tinha escravizados e vastas extensões de terra, foi criado em um ambiente onde a indulgência não tinha limites. Crescendo no contexto histórico e cultural de uma sociedade colonial dependente do trabalho de escravizados, Cubas mimetizou os comportamentos agressivos que testemunhou.

Nos tempos de escola, Brás Cubas guardou lembranças de Quincas Borba, companheiro encantador. Entre seus familiares, destacaram-se os seus tios, o cônego Ildefonso e o bacharel João. Enquanto o primeiro imaginava um futuro religioso para o rapaz, o segundo previa uma vida de prosperidade. Foi tio João quem acompanhou Brás Cubas a um jantar na casa de Marcela quando ele tinha apenas dezesseis anos. Marcela foi o seu primeiro grande amor. Com ela, Cubas descobriu que o amor e o dinheiro andam lado a lado e que o caminho para o coração de uma mulher muitas vezes passa por uma joalheria. O caso chegou ao fim quando o pai de Brás Cubas enviou o filho para estudar na Europa.

A desilusão e a ideia de acabar com a própria vida acompanham Brás Cubas em sua partida para a Europa. A sua passagem pela Universidade de Coimbra revelou-se medíocre, sendo os estudos uma mera reflexão tardia. Em vez disso, mergulha em uma vida de superficialidades e aventuras românticas. Contra todas as probabilidades, consegue obter o seu diploma. Ao retornar ao Brasil após anos em Portugal, chega a tempo de se despedir de sua mãe, que falece logo em seguida. É nessa época que conhece Virgília, uma jovem de dezesseis anos e filha do Conselheiro Dutra, destacado político. O pai de Cubas sugere que ele considere um noivado com Virgília, pois a união melhoraria muito as suas perspectivas políticas na Câmara dos Deputados. Tudo caminhava bem até a chegada de Lobo Neves.

Em perspectiva comparativa, Virgília pesou as qualidades da águia com as do pavão e escolheu a águia, “deixando o pavão com o seu espanto, o seu despeito, e três ou quatro beijos que lhe dera”. Torna-se evidente que o pavão não é outro senão o próprio Brás Cubas. Embora o relacionamento deles não tenha culminado em casamento, continuam se envolvendo amorosamente. Durante a sua jornada, Cubas reencontra Quincas Borba, amigo de infância que passou por momentos difíceis e que agora vive pelas ruas como mendigo. Apesar da pobreza do amigo ter causado medo e compaixão no protagonista – o que o levou a oferecer ajuda –, fica claro que Quincas Borba estava apenas interessado em obter lucro, o que o levou a furtar o relógio de Brás Cubas.

Mesmo casada, Virgília mantém um caso de amor com Brás Cubas, até que Lobo Neves é nomeado presidente de uma província. Nesse tempo, notícias sobre o caso extraconjugal começam a circular publicamente, e a irmã de Cubas, na tentativa de evitar um escândalo, se encarrega de encontrar uma esposa para o irmão. Uma carta anônima é enviada a Lobo Neves acusando Virgília de adultério, que nega as acusações. Lobo Neves assume o cargo de presidente da província, encerrando de vez o caso de Virgília e Brás Cubas.

Sozinho, Brás Cubas decide se casar com Eulália, mas ela acaba morrendo de febre amarela. Ele embarca na carreira política e reencontra Virgília. Lobo Neves chega perto de alcançar o cargo de ministro, mas morre poucos dias antes da sua nomeação. O estado mental de Quincas Borba começa a deteriorar-se, enquanto Cubas assume uma função na Ordem Terceira por um período de três anos. Durante esse tempo, testemunha o fim de seu primeiro amor em um hospital de caridade. Quincas Borba, oprimido pela instabilidade financeira, enlouquece.

“O pior é o despropósito. Lá continua o homem inclinado sobre a página, com uma lente no olho direito, todo entregue à nobre e áspera função de decifrar o despropósito. Já prometeu a si mesmo escrever uma breve memória, na qual relate o achado do livro e a descoberta da sublimidade, se a houver por baixo daquela frase obscura. Ao cabo, não descobre nada e contenta-se com a posse. Fecha o livro, mira-o, remira-o, chega-se à janela e mostra-o ao sol. Um exemplar único!”

Desde criança até a morte, Brás Cubas viveu para idealizar novos empreendimentos. Hipocondríaco, nutriu planos para desenvolver um remédio que aliviasse a melancolia da humanidade. Seria equivocado, no entanto, presumir que esse seria um ato de redenção, pois ele também considerou os benefícios econômicos que a sua criação lhe traria. Mesmo hoje, encontramos indivíduos semelhantes a ele, guiados pelo interesse e pela busca de fama, com pouca empatia pelo sofrimento dos outros. Apesar de todos os esforços, o emplastro se tornou mais um acréscimo à sua coleção de fracassos. Solitário, Brás Cubas morreu de pneumonia em 1869, aos 64 anos, no bairro do Catumbi, no Rio de Janeiro. Apenas onze pessoas compareceram ao seu enterro.

Em síntese: Brás Cubas foi um homem que, com o temperamento de uma criança indulgente, se envolveu em paixões passageiras e se aventurou em diversas ocupações, perdendo rapidamente o interesse nelas. Teve ideias que nunca se concretizariam, pois pensava apenas nas recompensas que poderia ter ao atingir o objetivo. Sem autorreflexão e cético em relação aos esforços necessários para estabelecer uma carreira de sucesso e relacionamentos estáveis, viveu à sombra de seus privilégios, tendo apenas uma casa confortável, acesso à cultura e à alta sociedade. Nas raras ocasiões em que teve a oportunidade de fazer a diferença, como ajudar alguém necessitado, a sua mesquinhez prevaleceu e fez o mínimo. Egoisticamente, acreditava que merecia mais do que dava. Exagerou a importância dos seus pequenos gestos, usando-os como um estímulo para o seu ego e um bálsamo para a sua consciência, mesmo que apenas para momentos fugazes de autoavaliação.

A sensação de vazio existencial vive em cada página, tornando-se a característica mais proeminente da obra. Machado de Assis explora a importância de encontrar um propósito na vida. Sem ações significativas, enfrentamos o esquecimento após a morte. Por meio de sua perspectiva pessoal e subjetiva, Brás Cubas compartilha sua história, apresentando os fatos e demais personagens de uma forma que permite ao leitor sentir-se conectado tanto ao narrador quanto à trama. Além disso, a experiência de leitura é potente devido ao uso da ironia e do eufemismo. São recursos que ajudam a compreender o significado por trás das descrições e das passagens da história. Ao longo da obra, Machado de Assis oferece uma análise negativa do comportamento social e das lutas psicológicas das personagens. No entanto, esta visão pessimista é muitas vezes disfarçada ou escondida sob a superfície da narrativa, com o humor e a ironia a servirem como ferramentas poderosas.

Assim, a história serve como um retrato da burguesia carioca e de suas lutas pessoais. Por meio das reflexões pessimistas de Brás Cubas, os leitores são expostos às suas desilusões e as experiências em relação à riqueza, à condição social e à busca pela felicidade. É fundamental abordar este livro com atenção, pois é possível desenvolver uma percepção positiva do narrador. Brás Cubas, membro de uma elite improdutiva e arrogante, usa a sua posição privilegiada para satirizar a sociedade e os seus constituintes com uma ironia mordaz que não poupa ninguém. Obra-prima atemporal e universal, Memórias Póstumas de Brás Cubas oferece uma visão histórica essencial da nossa sociedade. Leitura indispensável.

“Ah! indiscreta! Ah! ignorantona! Mas é isso mesmo que nos faz senhores da terra, é esse poder de restaurar o passado, para tocar a instabilidade das nossas impressões e a vaidade dos nossos afetos. Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.”
comentários(0)comente



Quel 07/04/2024

Amei
Amei ler esse ebook, a leitura me fez refletir, divertir e me deixar triste.
A sinopse do ebook dizia que têm reflexões. Mais outra obra de Machado de Assis que gostei.
comentários(0)comente



carolina 07/04/2024

Memórias póstumas de Brás cubas
Li a obra machadiana com expectativas baixíssimas e me surpreendi por completo, não é que gostei?? A história de Brás é interessantíssima e foi descrita de uma forma muito inteligente, após a sua morte, uma estratégia do escritor que passa maia verassidade afinal morto o Brás seria mais verdadeiro, não haveriam filtros ou censuras já que não teria ninguém a lhe julgar.
seus amores, suas metas, suas confissões, suas tristezas... Temos contato com todas as vivências do personagem e seus sentimentos também.
O livro não mantém uma linearidade então no início é capaz que você se confunda um pouco, mas depois que engrana a obra flui muito rápido.
comentários(0)comente



Vanessa 06/04/2024

Demorei muito para terminar de ler , é bem chatinho no começo e começa a ficar interessante no meio , o personagem que mais gostei foi a D. Plácida , Brás Cuba tem um personalidade um tanto insossa e superficial
comentários(0)comente



ivystrs 05/04/2024

A leitura é um pouco difícil, mas interessante, principalmente por ser narrada por um "defunto-autor"
comentários(0)comente



Marcos774 05/04/2024

"Ao Verme que primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas"
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Tay ð· 04/04/2024

"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”
Essa dedicatória é impactante, para dizer o mínimo. E já nos coloca diante de um universo literário único e instigante. Desde as primeiras páginas, me vi envolvida por uma atmosfera única, uma mistura de curiosidade e um certo temor de não estar preparada o suficiente para compreender a profundidade da leitura.

Afinal, quem nunca teve vontade de ler Machado de Assis? A leitura de clássicos, sejam eles nacionais ou não, é um desejo quase universal entre os leitores. Mas quando se trata de Machado de Assis, é preciso destacar que não se trata de uma leitura fácil.

Logo na introdução, nos deparamos com uma afirmação verdadeira:

> "O clássico é inevitável, algo que não podemos conhecer apenas de ouvir falar. Mesmo quando não nos identificamos com ele, a experiência de conhecê-lo é válida e serve como referência até mesmo para o posicionamento contrário."

Permita-me então apresentar minhas considerações. Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra-prima do realismo brasileiro, onde o autor nos brinda com uma narrativa singular, marcada por sua ironia afiada e suas reflexões profundas sobre a condição humana.

A história, narrada em primeira pessoa pelo protagonista Brás Cubas após sua morte, convida-nos a refletir sobre a vida, a morte e o absurdo da existência. Isso mesmo, você não leu errado. Ele escreveu depois de morto a suas memórias póstumas, até diz que não é um autor defunto mas sim um defunto autor.

Com sua genialidade literária, Machado de Assis, guia-nos por um labirinto de emoções e pensamentos, desafiando nossas concepções sobre o mundo e sobre nós mesmos. É uma leitura que, apesar de exigir atenção e reflexão, é profundamente gratificante e enriquecedora.

A narrativa aborda diversos temas, alguns até polêmicos e controversos, que merecem a atenção e reflexão dos leitores. Em diversos momentos, Machado de Assis critica a sociedade utilizando a voz de Brás Cubas, para abordar aspectos como a hipocrisia, a desigualdade social, o elitismo e a corrupção presentes na sociedade brasileira do século XIX.

Além de as relações de poder da época, evidenciando a influência do dinheiro, da classe social e do status na vida das pessoas e Brás Cubas, como membro da elite, reflete sobre seu próprio privilégio e suas relações com indivíduos de diferentes estratos sociais; ele também questiona a religião e a moralidade convencional, desafiando as instituições religiosas e suas práticas.

Certamente, além desses que citei, muitos outros temas certamente passaram despercebidos diante dos meus olhos. E é aqui que desejo enfatizar: Mesmo lendo com toda atenção e cuidado, fazendo pesquisas e tentando compreender o contexto histórico, sinto que não consegui absorver e compreender nem 40% do livro, dada a sua complexidade.

Em relação aos pontos positivos, posso dizer que a narrativa é envolvente, o humor mordaz, as reflexões filosóficas e a crítica social fazem da leitura algo interessante. No entanto, alguns leitores podem encontrar dificuldades devido à linguagem complexa, à narrativa não linear e aos temas profundos abordados.

Por fim, recomendo fortemente a leitura, uma vez que é uma obra-prima da literatura brasileira que oferece uma experiência de leitura única e enriquecedora. No entanto, é importante ressaltar que não é uma leitura que irá agradar a todos, pois aborda a complexidade e os desafios que a obra apresenta.
comentários(0)comente



elisamel 03/04/2024

!!!
Apenas estou aqui apenas para dizer, de forma meio extensa e glamourizada, que Memórias póstumas de Brás Cubas é, de certa forma, melhor que Dom Casmurro.
comentários(0)comente



Juli 03/04/2024

Seria Brás Cubas um ?Enzo??
Coloquei Machado de Assis na minha lista de leitura deste ano porque sabia que seria uma leitura desafiadora, e é o que estou buscando.

No começo foi difícil engatar no português do século XIX, mas àqueles que estão com receio de lerem e não entenderem nada: isso é impossível. Por mais difícil que alguns trechos possam parecer, você vai entender o que está acontecendo na história, e vale muito a pena ler!

Nesse livro Machado fala sobre escravidão, hipocrisia, amor, a brevidade da vida, ambição, e tudo isso com um humor ácido.

Na escola eu achava chato ter que ler Machado de Assis. Hoje penso em colocar as demais obras na lista do ?quero ler?.
comentários(0)comente



raissz 02/04/2024

O último romântico tem nome e é bem mesquinho
Confesso que a leitura se torna lenta e um pouco cansativa pela escrita ser suuuper antiga, então encontramos muitas palavras desconhecidas e/ou pouquíssimo usadas. Por isso, o formato e-book facilitou em 50% a minha leitura, já que o Kindle possui dicionário.
Brás Cubas vai te fazer sentir raiva dele em momentos (ele realmente não é a pessoa mais doce e sensata do mundo). No geral, é um bom livro e possui frases marcantes e reflexões que te deixam processando aquilo por uns dias.
De fato o que me agradou mais foram as partes em que ele relata seu romance e daqui saem belos ornamentos, entretanto você vai notar que com outras pessoas ele pode não ser tão amistoso ?
comentários(0)comente



Vinicius.maris 02/04/2024

Uma resenha diferente para um livro incomum!
01.04.2024
Uma resenha diferente para um livro dessemelhante. Não é todo dia que lemos livros de um defunto autor. Machado de Assis criou uma das maiores obras literárias da história: "Memórias Póstumas de Brás Cubas". O modo como Brás Cubas conta sobre sua vida nos leva a questionar a existência e a sociedade. O livro é complexo e claro sobre as ideias e opiniões do protagonista autor. Com uma mistura de ironia e humor, Machado encontra maneiras de criticar não só a elite e a escravidão, mas também as convenções sociais e a própria natureza humana. É uma leitura culta e reconfortante. Não me arrependo de ter gasto meu tempo lendo essas memórias póstumas de um autor defunto. O livro me fez ter vários devaneios. Este é um resumo breve já que essa resenha foi sendo escrita ao longo da leitura, começando do final para o início.

24.03.2024
Estou começando a ler este livro, e já me deparo com a melhor dedicação já feita.

?Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas?


26.03.2024
Registro de memórias: composições de momentos ou até mesmo histórias guardadas com o intuito de manter uma vivência viva na imortalidade. O problema é que toda "história", independente da história, possui dois lados. Brás conta a versão dele, relata os acontecimentos que ocorrem em seu cotidiano e as vivências ao longo de sua vida na terra. No entanto, eu sou do contra; logo, não acredito em sua versão. Não acredito que sua vida foi perfeita. Não sou ninguém para julgá-la, porém quando você resolve revelá-la ao mundo, contar para as pessoas, mesmo estando morto, você deve assumir alguns riscos e arcar com as consequências, ou seja, com críticas e julgamentos, principalmente quando seu cotidiano é manipulado por um joguinho de palavras. Talvez não saiba que sua vida foi medíocre, mas eu tenho o direito de julgá-la como eu quiser e isso não me torna uma pessoa ruim; eu sou apenas "ser humano". O mais engraçado é que isso aconteceu em 1819 e ainda hoje esse tipo de coisa acontece, só que com mais frequência. Não em forma de cartas ou escritos, mas em vídeo. Cabe a nós perceber o quanto as pessoas nos mostram é verdade ou mentira. Brás, me desculpe, mas sua vida foi vazia, fria e comum como qualquer outra. Você foi esquecido; sua existência ficou resguardada em pedaços de papel (tornou-se ainda mais frágil que seu corpo em vida), onde sua memória pode deixar de existir com água ou uma composição de movimentos podendo rasgar. O problema, Brás, é que a culpa foi sua, uma vez que você disse: "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria." Entendo o seu ponto de vista, mas acho que você só não teve filhos porque não conseguiu ficar com nenhum amor que já viveu.


27.03.2024
Brás Cubas é um ser humano como qualquer outro; ele é um ser comum, cheio de erros e expectativas no mundo. Admira o amor como a vida. Digo mais, ele admira o amor, assim como o beija-flor anseia pela flor. O Sr. Cubas é um ser arrogante e ambicioso, mas me diga, quem não é? Ele é uma pessoa normal, protagonista de sua própria vida, onde tem participações especiais em outras e até mesmo indesejadas. No fim, somos destinados à morte, e o que adianta deixar uma marca no mundo se não estaremos aqui para vê-la? Desde que nascemos, a vida não passou de um status; quando morremos, estaremos tranquilos, pois não iremos fazer jus a nada inventado pelo homem. Uma marca é apenas uma ilusão, uma ideia para que as pessoas possam entreter outras. Não há nada de errado nisso, mas irei de toda forma ter uma vida fantasma ao partir desse mundo sem deixar "marca".

29.03.2034
Brás foi além da morte. Me diz, alguém conhece um defunto autor? Não conhecem, né? Apesar de ter vivido vários amores, ter uma vida dupla, estudado em outro país, ingressado na política e se relacionado com a filosofia, Brás Cubas não teve muito mérito nem grandes feitos na vida, pelo menos até agora. Brás Cubas foi o primeiro defunto a escrever um livro e a contar sua história mesmo estando morto. Ele foi além do impensável, contou sobre suas banalidades, amores, tudo seguindo uma ordem cronológica, desde seu nascimento até a hora de sua morte. Brás Cubas de alguma forma viveu bem e em paz, mesmo deixando as normas da sociedade o atrapalharem em uma vida promissora.



30.03.2024
Machado de Assis deve ter escrito esse livro com um sorriso no rosto. Criou Brás Cubas, branco, de boa família, ótima educação e mesmo assim não conseguiu ser um membro forte e influente na sociedade. Por outro lado, Machado de Assis, um homem mulato, gago, com pouco estudo e neto de escravos, tornou-se um dos maiores nomes da literatura que o mundo já conheceu, sendo um forte exemplo do país onde nasceu e viveu. Machado viveu e contou suas histórias através de livros que até hoje são contadas e influenciam novas gerações de pessoas, mantendo suas memórias vivas. Enquanto Brás Cubas, com todos os privilégios, não passou de pó completando uma massa, esquecido para o infinito. Um livro cheio de críticas sociais, políticas, filosóficas e escravistas.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Reafin 01/04/2024

Obrigado e parabéns
Obrigado Brás Cubas por me fazer conhecê-lo. Além disso, parabéns, essas memórias póstumas foram seu maior legado, bem maior que seu emplasto.
comentários(0)comente



Poly38 01/04/2024

Um clássico da literatura. Não posso dizer ser o livro mais cativante ou emocionante, é um diário da vida de um homem contada quando está prestes a morrer. Amores, decepções, filosofia, palavras deveras intrigantes e estranhas. A realidade.

Não é fantasioso, não é romântico, ele conversa com o leitor, faz comparações, foge do assunto, prolonga a história com coisas totalmente aleatórias. Isso não é uma crítica, essa diferença, um livro totalmente diferente, uma escrita diferente, conflitos considerados besta para essa década, mas reais. Isso leva a entender bem a realidade e mentalidade das pessoas daquela época.

Eu não o compreendi totalmente, tem palavras que eu desconheço totalmente. Não é aquele livro que todos irão gostar, é literatura, poucas pessoas gostam de literatura, muito menos de algo que não tem nada do que se é procurado, como um lindo romance sendo feliz ou triste.

É um livro de difícil compreensão, mas interessante. É legal saber o que ele pensa, seus sentimentos, sua vida como um todo. Brás Cubas é um personagem legal, irônico e discretamente humorado. Assim como vários outros personagens de Machado de Assis, tem uma personalidade bem construída.

No geral, é bem interessante e uma leitura bem diferente, bom para quem quer conhecer novos modelos de leitura, diferentes dos de hoje em dia.
QUEIJO460 01/04/2024minha estante
Boa resenha.




3492 encontrados | exibindo 31 a 46
3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR