Lee 20/11/2015
Um milk-shake de ideias, feito sem receita e servido com um misto frio de enfado e clichê.
O Vendedor de Sonhos - O Chamado
Escrito por Augusto Cury
Capa por Marcílio Godoi
2008 / 295 páginas – Editora Academia
Augusto Cury é um autor conhecido por escrever livros de autoajuda. Todavia, não classifica esse livro como autoajuda, mas como uma novela de ficção brasileira. As críticas feitas ao livro e o tempo que o livro esteve no topo de mais bem vendidos da revista veja, me levaram a considerar sua leitura.
A história é sobre um homem prestes a se jogar do alto de um edifício, que é surpreendido pela figura do Vendedor de Sonhos, ninguém sabe sua origem, seu nome ou sua história, mesmo assim o Vendedor de Sonhos o convence a não pular. No decorrer da história o vendedor de sonhos vai chamando mais pessoas a se unirem a eles. De tal modo que o grupo vai aumentando e vamos sendo apresentados a outras personagens. O Vendedor de Sonhos considera o mundo moderno um hospício global, e por isso tenta a todo custo moldar a mente dos seus seguidores para que eles possam ver o mundo da mesma forma que ele vê.
Minhas considerações. O livro começou bem, mas se perdeu a partir do segundo capítulo. Quando peguei a história para ler, me chamou atenção o título e as críticas que o livro recebeu na época do lançamento. A narração em primeira pessoa também chamou minha atenção, principalmente quando a primeira pessoa é um homem prestes a se jogar do alto de um edifício. Adorei a possibilidade, mas me decepcionei com o que foi feito dela.
Não gostei do enredo. A história não parece ter sido pensada com início meio e fim. Os acontecimentos pareciam ter sido lançados na história de qualquer jeito apenas para suprir a necessidade do autor de discorrer sobre determinado assunto, pois é exatamente dessa forma que me senti ao ler, como se o Mestre precisasse falar sobre os mais diversos assuntos e desse a eles total importância. Por exemplo, se o autor quer criticar a moda, lança na história um desfile de moda, se quer criticar a polícia, lança na história uma delegacia... Mas não há conexão entre os locais, nem muito menos com os assuntos abordados em cada local. Os assuntos uma vez abordados são passados, as personagens não ganham a chance de colocar o que aprenderam em prática, e logo já estão em um outro local engolindo as idéias do Vendedor de Sonhos. Também, senti falta do desenvolvimento das personagens. Tudo parecia muito linear no decorrer da história. Não conseguia identificar verdadeira personalidade nas personagens (jeito de falar, formas de agir, se eram ou não agressivas), todas elas pareciam ser a mesma pessoa, mesmo com tantas possibilidades (bêbado, gago, suicida, pessoa que sofre de transtorno obsessivo compulsivo, etc.) o autor não soube explorá-las. Não houve desenvolvimento mesmo que o autor tenha tentado disfarçar esse desenvolvimento, as personagens são lineares, não amadurecem. O suicida fica completamente em segundo plano, mesmo sendo ele o narrador da história. Desde o início do livro até o final as personagens permanecem as mesmas pessoas. Por último, o tom de superioridade do mestre, e a arrogância dele eram absurdamente chatos. O livro me entediou do segundo capítulo até o último. Não fui feliz com essa leitura, e não gostei do livro.
A edição do livro tem uma capa bonita com o título em alto-relevo e aplicação de verniz no título e na placa que o Vendedor de Sonhos carrega com a figura de um céu com algumas nuvens. A edição não tem capa dura, mas possui orelha. Os capítulos não são numerados, nem organizados em índice, mas no início de cada capítulo tem uma pequena figura do Vendedor de Sonhos e logo abaixo o título do capítulo.