yokiitos 27/09/2020
Leia, mesmo que você não vá deletar suas redes sociais!
Esses dias eu conversei com a minha amiga sobre o quanto eu estava me sentindo carente no Instagram, sempre checando quem havia visualizado meus stories e me preocupando com suas opiniões. E eu estava me sentindo mal porque eu simplesmente não conseguia parar de me importar com isso. Mas esse livro me mostrou que não sou só eu que busca atenção o tempo todo e está mega preocupado com a opinião alheia. Na verdade, as redes sociais são feitas para isso mesmo. Isso acontece com todo mundo (ainda que eu acredite que, no meu caso, isso vá muito além das redes sociais em si). Bem, nem todo mundo... Essa minha amiga me disse que não consegue dar muita atenção pra isso, mas eu desconfio que isso se dê exclusivamente ao fato de que ela é um anjo, e como dizem, os anjos são os seres mais perfeitos que existem... Pode ser que você também não sinta nada (não, você não é um anjo, só minha amiga belê), mas a questão é que você está vulnerável sim, queira ou não. Talvez você ainda não tenha desenvolvido ansiedade, pânico, depressão ou algo parecido. Mas algo que não dá para contestar é o quanto você é manipulado pelos algoritmos.
Antes de ler esse livro, eu estava com medo de que seus argumentos fossem construídos à base do clichê. Imaginei que fosse falar sobre como a população se tornou zumbi ou coisa do tipo. Mas o escritor Jaron Lanier, que é um cientista da computação e que tem um contato super privilegiado ao que compõe o "Bummer", nos presenteia com dados e informações reais sobre o quanto a inteligência artificial está se desenvolvendo cada vez mais e, consequentemente, afetando toda uma sociedade de usuários. Não de propósito. Pelo menos não no início de tudo. A inteligência artificial tem sido aprimorada por empresas compostas por pessoas reais, e não, elas não estão criando um plano maléfico para acabar com a sociedade e tornar todo mundo burro. A questão é que essas empresas só ganham dinheiro porque vendem os nossos dados para outras empresas, as quais utilizam desses dados para nos venderem seus produtos. No final, nós não somos nada a não ser uma moeda de troca. Mas o problema é que para que empresas comprem nossos dados de outras empresas, elas precisam de exatidão. Ou seja, elas precisam saber quem somos nós, dessa forma fica muito mais fácil atingir um público que será mais propenso a comprar o que quer que esteja sendo anunciado. Para que isso aconteça, empresas donas de redes sociais, como o Google e o Facebook, aprimoram seus respectivos algoritmos o suficiente para que estes coletem toda a informação necessária de nós com cada vez mais precisão. Mas quando eles fazem isso, a última coisa em que pensam são em nossa saúde mental, ou até mesmo física. Quando a meta é ganhar dinheiro, não importa qual vai ser o método utilizado para atingi-la, o que importa é atingi-la e ponto final.
Eu tô namorando esse livro desde seu lançamento. Depois de um tempo eu perdi o interesse e esqueci totalmente. Mas recentemente assisti ao documentário The Social Dilemma, o qual é um ótimo complemento a este livro, e senti uma vontade imensa de entender mais sobre o assunto. Lanier, escritor desse livro, aparece no filme ao lado de profissionais da computação, alguns que trabalharam de fato para o Google, Facebook ou Twitter. Aquele documentário é uma maravilha e é muito bom saber que está tão popular, mas esse livro dá uma noção mais realista sobre como tudo funciona, confrontando àqueles que usam das redes sociais para o mal e escancarando a verdade àqueles que estão tão viciados que não enxergam outra coisa. Quer dizer, aposto que esse tipo de gente nunca vai ler um livro como esse, mas se lessem, seria assim. Já pessoas que possuem uma mente aberta e estão mais preparadas para aceitar a verdade, e talvez mudar seus princípios, vão encontrar aqui um balde de informações valiosíssimas sobre a manipulação e controle de dados de usuários na internet.
Além de tudo, particularmente estou mais certo de que quero me tornar um cientista da computação. Esse livro suprimiu quaisquer hesitações que eu tinha em relação a isso e agora me sinto mais localizado. Jaron Lanier pode não ter quebrado meu vício no Instagram, mas fez o suficiente em me mostrar algumas das engrenagens que compõem esse mecanismo tão complexo.