Vidas secas

Vidas secas Graciliano Ramos




Resenhas - VIDAS SECAS


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Elida.Marinho 31/03/2020

Por que ler vidas secas? do autor Graciliano Ramos?
Sabe esse lance de que os mais velhos sempre têm histórias para contar? Então, sempre que tenho oportunidade, gosto de conversar com meu avô, que sempre tem ótimas histórias para compartilhar. Essa que eu vou falar brevemente agora não é uma das melhores. Pois bem, certo dia, em uma de nossas conversas, eu o questionei sobre como ele veio parar aqui no Rio Grande do Norte (ele é do Ceará). Ele com a sua simplicidade e empolgação começou a detalhar sobre sua vinda, disse que para chegar até esse estado andou quilômetros e quilômetros a pé, passou fome, sede e chegou até a desmaiar. Esse relato dele me tocou tanto, me fez por um momento parar e ver o quanto eu reclamo por bobagens, me fez ser grata por todas as oportunidades e condição de vida que eu tenho. Onde eu quero chegar com isso? Na verdade, eu não sabia o que escrever sobre esse livro, poxa, como eu iria transcrever os sentimentos que eu senti ao ler essa história? Eu queria ao máximo explanar o quanto esse livro mexeu comigo. Iniciei minhas considerações com esse breve relato, porque foi a lembrança que me veio à mente logo nos momentos iniciais da leitura, enxerguei ali naquelas páginas o meu avô, e esse momento me emocionou de um jeito único.

Então, por que ler esse livro?


- PROSA SIMPLES: A simplicidade da obra, sem dúvida alguma, é a que a torna grandiosa. Não espere uma narrativa complexa, permeada de palavreados bonitos, porque você não vai encontrar! O que temos aqui é algo genuíno, objetivo e sem muitos rodeios. Tá ok, mas por que é um livro grandioso? A grandeza que eu enxerguei está para além do modo simples de escrever do Graciliano, a riqueza da obra está nos detalhes contidos, o sertão, a seca, os personagens ? todos bem pensados e inseridos de modo a retratar muito bem os anseios enfrentados pelos nordestinos.


- A SOCIEDADE É DETERMINADA POR FORÇAS QUE FOGEM DO NOSSO CONTROLE:
A história do Fabiano deixa evidenciado que as nossas vivências e experiências não acontecem por um acaso, isto é ? as nossas glórias e derrotas durante a vida dependem de forças que muitas vezes fogem do nosso controle. Somos ligados ao meio que pertencemos, sendo assim, pode-se entender que o nosso cotidiano é determinado por acontecimentos que nos cercam. Fabiano representa muito bem isso. Ele vive em um ambiente escasso, de carência e opressão, o resultado disso é um homem que se enxerga como um animal, que não consegue ter domínio sobre a própria linguagem, em resumo, ele luta contra a própria natureza em busca de sobreviver a seca, além disso, sente-se oprimido pelas forças maiores.
Clara Vellozo 31/03/2020minha estante
Que bonito saber a história do seu avô e fazer esse link com Vidas Secas.




Daniele Freitas Pacheco 25/03/2020

Edição comemorativa 80 anos
Confesso que por ser um clássico da literatura imaginei que sua leitura seria mais densa. Pelo contrário, o narrador nos envolve de maneira eficiente nas vidas secas de uma família de retirantes. Além disso, essa edição do livro é maravilhosa, linda mesmo!
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Daiana Ângelo 25/03/2020

Exploração e Segregação social
"Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. O que lhe amolecia o corpo era a lembrança da mulher e dos filhos. Sem aqueles cambões pesados, não envergaria o espinhaço não, sairia dali como onça e faria uma asneira. Carregaria a espingarda e daria um tiro de pé de pau no soldado amarelo. Não. O soldado amarelo era um infeliz que nem merecia um tabefe com as costas da mão. Mataria os donos dele. Entraria num bando de cangaceiros e faria estrago nos homens que dirigiam o soldado amarelo. Não ficaria um para semente. Era a ideia que lhe fervia na cabeça. Mas havia a mulher, havia os meninos, havia a cachorrinha."(Vidas Secas)
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Sandro.Gomes 07/02/2020

Comovente
As adversidades que a família de Fabiano precisam suportar, neste grande livro de Graciliano Ramos, são as mesmas de muitas famílias brasileiras, repleta de incertezas e necessidades, contudo com a esperança de que dias melhores virão. Uma leitura mais do que recomendável, uma leitura necessária...
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Janarybd 24/01/2020

MINUTO LEITURA: Vidas Secas
Durante o período das grandes secas, castigados pela situação de extrema pobreza, uma família de retirantes nordestinos atravessa o sertão em busca da sobrevivência. Essa narrativa apresenta os problemas vividos pela família diante da opressão social e física, com o foco nas experiências de Fabiano, o pai analfabeto e ignorante. Apesar disso, todos os personagens tem um momento único em que demonstram suas percepções acerca do que está acontecendo, e a junção desses olhares nos mostra os motivos de aquelas vidas serem tão secas quanto à região semiárida em que se encontram.

O enredo de “Vidas Secas”, elaborado pelo brasileiro Graciliano Ramos em 1937, é de um impacto profundo porque nos coloca de frente a uma realidade conhecida pelos brasileiros, embora distante para a maioria. A partir da vivência isolada da família, em uma fazenda no meio do sertão, e as circunstancias de determinados momentos, a narrativa contextualiza todo cenário político-social em que estão inseridos ao mesmo em que humaniza e animaliza cada membro da família. E isso fica muito evidente na relação com outras pessoas e com a cachorrinha baleia – praticamente um membro dessa família. Tudo com uma escrita fluida que nos traz reflexão a todo instante.

A forma simples, porém poética da história, nos instiga a continuar a leitura cada vez mais, devorando cada página com a mesma avidez que os personagens têm fome de viver. Como curiosidade, destaco aqui que Graciliano Ramos escreveu o livro a partir de um conto sobre a cachorra da família, e depois estendeu escrevendo os capítulos com a visão de cada personagem, sem uma ligação cronológica entre si, para depois, unificar toda narrativa em forma de um romance. Necessário e obrigatório para qualquer brasileiro.


site: https://soundcloud.com/user-567764695
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day 23/01/2020

Triste e realista
Um livro de profunda tristeza .
Já vivi no sertão e peguei muitas épocas difíceis sem água e pasto para os animais.
Porém nada se compara a essa história que conta um pouco da seca de 1915
Um livro tão duro ,onde não se tem como romantizar tanta fome,humilhação e mortes.
Uma obra maravilhosa!
Estou super agradecida pela oportunidade de ler um livro tão maravilhoso.
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Adriana Pereira Silva 20/12/2019

Vida que seca
“Vidas secas” pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época. Utiliza, para isso, do discurso indireto livre, narrativa não-linear, nomes dos personagens, denunciando as mazelas sociais do sertão nordestino.
O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos nesta narrativa, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão. Assim, ao escrever esta obra, utiliza-se de um narrador seco, com fala áspera e seca, dura a fim de que o leitor entendesse a dureza da vida dos personagens.
Mostra o drama de uma família nordestina, retirante, que vive fugindo da seca. É composta por Fabiano, sua esposa Sinha Vitória, o filho mais velho e o mais novo e a cachorra Baleia, fugindo da seca, encontram refúgio em uma fazenda abandonada e, logo que chegam, a chuva vem e traz vida a tudo. Assim, Fabiano acaba como vaqueiro desta propriedade. Assim, o narrador começa e termina a obra descrevendo a fuga desta família da seca, demonstrando que vivem um movimento cíclico.
São narrados episódios esporádicos da vida dessa família, considerado, por isso, um “romance desmontável”, pois há possibilidade desse ler de maneira desordenada cada capítulo. Contém um capítulo especial destinado à cachorra Baleia, personagem personificado da história, é como se fosse um membro dela.
A miséria é retratada pela seca geográfica e pela miséria imposta pela influência social, representada pela exploração dos ricos proprietários da região, mostrando como vive essa família, à margem da sociedade. Assim, o narrador descreve 2 antagonismos: a seca da natureza, que tira a vida de tudo, e a seca da sociedade, que permite uma distribuição injusta e cruel da terra, deixando tantas famílias em absoluta miséria. Como o escritor foi influenciado pela ideologia marxista, há uma defesa à revolução socialista, vista nesta obra.
Portanto, a obra mostra como compreender a natureza é difícil, mas tanto quanto compreender a sociedade, os homens brancos, que eram homens distantes, da cidade, que podiam ser tão cruéis como a natureza com a seca.
A família de Fabiano era analfabeta, com exceção de Sinha Vitória, sempre viveram isolados e não conhecem nenhuma outra forma de vida, que não seja de exploração e de miséria. Além disso, vivem quase como bichos, não conseguem nem conversar corretamente. Fabiano, por exemplo, muitas vezes não consegue verbalizar o que pensa, o que sente ou deseja, não conseguindo nem se defender de uma sociedade que o explora, humilha e, muitas vezes, o ignora.
Assim, “Vidas secas” é um romance que traz essa denúncia social e também revela a humanidade que existe por dentro dessas pessoas tão humildes e castigadas, fazendo-nos mergulhar na alma deles e vendo a força interior de cada um, mesmo da cachorra Baleia, e seu caráter.
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Luiz 27/10/2019

Vivo e dinâmico
Livro cheio de cores, tons, a princípio tentei ler encadeando fatos e criando uma linha do tempo, mas percebi que isso não era o foco, ficou bem melhor quando assumi a posição de espectador de vários quadros coloridos e cheios de detalhes, que vão dos pensamentos e aos elementos da natureza. É pra ler com calma e deixar o seu subjetivo construir em cima das palavras. :)
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Matheus Felipe 21/09/2019

Esperança: nossa força motriz.
Vidas Secas, de Graciliano Ramos, é um dos mais importantes romances brasileiros e tem duas perspectivas de leitura: a primeira, sápida, está diretamente ligada à perfeita combinação de palavras e elementos que tornam a obra saborosa do começo ao fim. A segunda, por sua vez, é a análise e interpretação desses elementos, ora no contexto em que o livro foi publicado, em 1938, ora na atualidade, haja vista que os componentes propulsores da obra - seca, segregação social, migração - perduram até hoje. Dito isto, é quase impossível degustar sua leitura sem mesclar essas duas vertentes.

O romance conta a história de Fabiano, que sai com sua família pelos desertos nordestinos à procura de condições melhores para si, para sua esposa, Sinha Vitória, e para seus filhos, Menino mais novo e Menino mais velho. Têm, em sua companhia, a cachorra Baleia, que ironicamente não é gorda e está bem distante dos mares d'água. Fabiano, conquanto protagonista do livro, não o é de sua vida, a qual é guiada por fatores naturais e humanos, a exemplo da seca, que o faz atravessar o nordeste, e do seu patrão, que aproveita-se da pouca habilidade do vaqueiro com contas para roubar-lhe o pouco dinheiro que ganha.

Além de retratar o sofrimento dos retirantes em tempos de escassez de água e de trabalho, Vidas Secas reifica duas condições inerentes à vida. Primeiramente, nossa passagem na terra é marcada por altos e baixos, e precisamos de resiliência para enfrentar os momentos difíceis se quisermos desfrutar das vitórias. Que seria de Fabiano sem sua dureza? Precisava matar o papagaio para não morrer de fome. Precisava andar por dias, sem desistir, até a seca cessar e lhe oportunizar um trabalho. A segunda, e não menos importante, é aquilo que nos move em direção ao futuro: a esperança. Ora, Sinha Vitória sonhava com uma cama igual à do Seu Tomás da bolandeira. Baleia sonhava com o mundo extraordinário que havia além dos montes - devia haver milhares de preás. O menino mais novo sonhava em ser como Fabiano, um herói. E assim suas vidas secas eram preenchidas com utopias distantes, mas esperançosas. Indubitavelmente, a vida é feita de sonhos, e os céticos quanto a isso já estão deitados, com os olhos opacos. Dessa maneira, o livro chega ao fim trazendo um novo começo e nos mostrando que aquilo que nos guia aos nossos objetivos é esperança, nossa maior força motriz.

Por fim, vale destacar como a obra de 80 anos é tão atual. Tantos Fabianos ainda migram do nordeste para o sul em busca de trabalho. As políticas sociais ainda são falhas. Os patrões ainda exploram seus empregados. As Sinha Vitórias ainda sonham com uma cama nova. E o mais importante: nossas vidas, pobres vidas, continuam secas.
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Tibúrcio 25/08/2019

Vidas Secas
Publicado originalmente em 1938, Vidas Secas é um dos mais importantes livros da literatura brasileira e considerado a obra prima de Graciliano Ramos. Em 2018, completou 80 anos de sua publicação e a editora Record lançou uma edição comemorativa incrivelmente caprichada.


Após passar dois anos preso devida à sua militância política, Graciliano Ramos morou um tempo no Rio de Janeiro. Longe da família e sem dinheiro, ele escreveu um conto sobre a morte de uma cachorra chamada Baleia. O sucesso foi tão grande que Graciliano resolveu transformar esse conto num romance que falava sobre retirantes, condição que o próprio autor experimentou. Foi aí que surgiu a sua primeira obra. Inicialmente chamada de O Mundo Coberto de Pennas, mas na etapa da revisão quando o livro estava pronto para ser impresso ele risca a folha de rosto original e escreve de próprio punho Vidas Secas. Nesta edição comemorativa ganhamos de presente a reprodução dessa rara folha de rosto e o manuscrito original do conto Baleia, rasurado e anotado pelo autor. Ainda temos ilustrações inspiradas em desenhos de uma versão em inglês do livro publicado em 1940. Enfim, uma edição para colecionadores.

A história retrata uma família de retirantes, castigada pela seca e vivendo em situações degradantes e cercada por problemas sociais. Fabiano sobrevive nas terras do patrão, que sempre consegue lhe passar a perna na prestação de contas. É injustiçado, agredido e preso sem nenhum motivo aparente. Provavelmente a única culpa que carrega é a pobreza, a covardia e a ingenuidade.


A seca é o pano de fundo de toda a história, tornando-se personagem determinante no desenvolver dos personagens, embora não se saiba ao certo o destino deles, apenas a esperança de um lugar que possa proporcionar-lhes um futuro melhor.

Vidas Secas é um romance regionalista que faz parte da geração de 30 – segunda geração do modernismo. Foi nessa fase que se busca uma literatura nacional e muitos autores procuraram em suas regiões a matéria-prima para suas obras. Graciliano viu no próprio sertão sua fonte de inspiração. Por isso, a obra é cheia de termos regionais e com uma escrita bem próxima da linguagem coloquial. O livro é um retrato da realidade brasileira da época, entretanto não se torna distante dos dias de hoje, tornando-se fácil uma associação com nossa atualidade. É um livro perene porque suas temáticas estão sempre atuais graças a maestria de Graciliano Ramos.

Um aspecto interessante desta obra é a liberdade formal que se experimenta na narrativa. Os capítulos poder ser lidos soltos, não há uma linearidade na união dos capítulos. São espécies de contos com suas narrativas próprias, mas que juntos contam uma história.

Os personagens são pessoas simples, mas com diversas características o que faz destes personagens profundos. Fabiano é bruto que muitas vezes se confunde com um bicho, quase não fala e se comunica com grunhidos. Sinhá Vitória também não fala muito, mas tem pensamentos mais bem construídos e seu maior desejo é uma cama de armação de couro. Os filhos são o menino mais novo e o menino mais velho, o primeiro tem forte admiração pelo pai e quer ser como ele quando crescer, já o segundo gosta mais das palavras e queria que seus pais falassem mais. Baleia, a cachorra da família é a personagem mais humana. Enquanto os outros são mais próximos do animalesco, Baleia se assemelha a um ser humano. É a única personagem que sente angústia e que mesmo sem falar sabe se comunicar com os membros da família. É de longe a personagem mais querida no livro.


Em suma, Graciliano Ramos criou uma obra magnífica que não mostra a seca relacionada a falta de água, mas como algo mais profundo. Acho que próprio título já revela isso. Não foi fácil escrever sobre esta obra. Meu Deus! Porém foi muito prazeroso sua leitura. Ler Graciliano Ramos é sempre muito incrível e quem puder não deixe de conhecer sua obra. Por isso leia, releia e compartilhe nossa literatura clássica para os outros.
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Fabi.Filippo 06/07/2019

Esperança no meio de tanta tristeza
O livro retrata a saga de Fabiano e família , tentando sobreviver à seca do Nordeste.
Fabiano um homem que se comparava a um bicho, conformado com sua situação, justificava toda injustiça sofrida ao fato de não saber ler.
Relutou em seguir em frente, sair de sua zona de conforto. E quando decidiu por isso desejou que seus filhos tivessem uma vida diferente da sua .
Contou com o apoio e todo incentivo de sua esposa Sinhá Vitória, mulher de fibra é guerreira. Aliás foi dela a ideia de partir e tentar um futuro melhor.
E o que falar da Baleia ? Cachorrinha que fazia parte da família e que infelizmente não viveu para acompanhar os seus .
O livro já foi para a biblioteca que estou montando para minha filha ler quando for a hora.
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Sofia 02/06/2019

Vidas secas - impressões
Não foi uma leitura que gostei de cara. Escrita diferente. Como bem dito no posfácio, não é um livro em que o leitor tem uma opinião, ele está sempre sob a perspectiva de um dos personagens, já que não são descritos os atos, mas sim os pensamentos desses. Um livro pouco envolvente e que de início não entendi sua real profundidade. Um relato incrível da vida de um vaqueiro, de uma família assolada pela seca, seca esta que trás pesadelos e insônia ao pai de família. Vidas secas, um relato da vida do sertanejo.
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