A Leitora Compulsiva 13/05/2023
Venha para o lado negro: se torne um vampiro conosco!
"Stoker, que ao longo de sua carreira publicou diversos livros, levou sete anos para concluir Drácula. Quando o romance foi lançado em 1897, recebeu boas críticas, mas o grande reconhecimento só veio após sua morte, aos 65 anos, em 20 de abril de 1912."
Se teve uma decisão mais acertada na vida de Bram Stoker que passar sete anos bem gastos escrevendo essa lenda, não sei.
O vampiro sempre foi presente entre nós, bem antes do romance Drácula. E mesmo assim, quando um vampiro passa por nossa mente o primeiro livro que tendemos a lembrar ? e relembrar ? é Drácula.
Bram imortalizou a besta: tornou-a humana, inteligente, sedutora e sobrenatural. É a partir daqui que o vampiro ficaria para sempre presente como uma figura poderosa e marcada mesmo séculos após sua morte.
E se a figura do vampiro foi genial, igualmente seguiu-se a escrita do autor.
Não tem como ler Bram Stoker e não sentir a respiração suspensa, o desejo de saber o que vai acontecer na próxima página, o mistério envolto em sombras e a adrenalina de saber que a qualquer momento TUDO pode acontecer.
Foi justamente a escrita que me enfeitiçou tanto! Arrisco a dizer que este livro é melhor que a capa dura de Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft da Darkside. Pegaria ambos e simplesmente substituiria por esse, sem mais.
"Não acha que existem coisas que não compreende, mas são reais? Não acredita que pessoas podem ver coisas que outras não conseguem? (...) O mal da ciência é querer explicar tudo e, se não consegue, diz não ter explicação."
Também adoro como o romance propõe uma mente aberta: tanto ao sobrenatural quanto à existência de algo mais que pode passar despercebido aos nossos olhos.
É claro que o vampiro não existe. Mas e se? E se o vulto que vemos de repente em casa e some for uma indicação de forças ocultas? E se, quando ouvimos alguém nos chamar e percebemos que não há ninguém for, na realidade, um chamado sobrenatural? E se houver alguém no ponto fixo pra onde o gato olha e não vemos ninguém? E se aquele calafrio que te sobe do nada sozinho na madrugada representar algo mais?
Estamos cercados de fatos misteriosos cuja ciência não pode explicar. Fenômenos chamados "milagres" entre tantas outras coisas.
Ao relatar Drácula, acredito que Bram Stoker fez mais que apenas ilustrar a figura de um ser místico que se alimenta de sangue: ele abriu a proposta de aceitar que as coisas sem explicação talvez podem ser algo fora do nosso alcance. E reais.
E claro: mesmo que o vampiro não exista, qual vampiro melhor que o ser humano?
Somos exploradores natos dos recursos planetários, usufruindo e desgastando o planeta como sanguessugas, escalando no topo da cadeia alimentar e usando outros animais para a própria sobrevivência. Se isso não for ser vampiro, não sei o que é.
"O monstro que incita a transgressão cumpre sua função proverbial: revela o quão monstruosos nós também podemos ser."
Como conclusão, só posso dizer que acompanhar a jornada de Drácula foi um deleite. A cada momento da história (e também dos contos) me deparei com trechos que levarei comigo para o resto da vida.
Apenas leiam: não vão se arrepender!