Sabrina758 28/12/2022
O Retrato de Dorian Gray narra a ruína de um homem influenciado e obcecado pelo hedonismo. Com personagens, diálogos e contexto histórico interessantes e intrigantes, ficamos diante desse triângulo de amigos, Dorian, Basil e Henry que, cada um à sua maneira, interligam os acontecimentos.
Basil, um pintor que teve Dorian como muso de sua arte, fica extremamente atraído pela beleza, pureza e inocência do mesmo, fez os melhores quadros da carreira, especialmente o retrato, enquanto era influenciado irracionalmente pela aura de Gray. Basil, ainda que não intencionalmente, teve grande participação na sentença destrutiva na vida de Dorian, e pagou seu preço por isso. Ele foi o único que tentou preservar o amigo, mas acabou sendo alvo de sua maldade.
Dorian Gray que, em boa parte da narrativa, é um adolescente inteligente e sensível, porém naturalmente influenciável, não tem noção do poder que a sua beleza causa nas pessoas, fazendo com que elas se comportem de forma diferente, até conviver com Henry, amigo de Basil que lhe é apresentado posteriormente. Dorian, ate então, é apenas um adolescente com um passado complicado tentando se descobrir e conhecer o mundo, até que a ideia de viver pelo prazer e os sentidos é plantada em sua cabeça, graças a influência de Henry em sua vida.
Henry é um dos personagens mais intrigantes que já li até então. Um homem inteligente, de fato, mas extremamente manipulador e perverso. Enquanto Dorian Gray seduz as pessoas com a sua beleza, Henry as seduz com palavras, ainda que ele não acredite em nada do que ele mesmo fala, consegue influenciá-las pela confiança que tem ao proferir cada pequena coisa que sai de sua boca, ainda que seja uma baboseira. E esse poder de convencimento é direcionado a Dorian, que fica maravilhado, ao mesmo tempo que se choca com as ideias do amigo.
Daí em diante, Dorian Gray, ao proferir uma súplica enquanto posava para Basil concluir o seu retrato, sela seu trágico destino. Ao longo do tempo vamos vendo a degradação e corrupção de sua alma, destruindo a reputação e vida das pessoas ao seu bel-prazer, tornando-se um homem extremamente egoísta e cego para qualquer coisa que não seja os seus próprios interesses. Enquanto isso, reflexões e debates filosóficos-existenciais são muito presentes na narrativa.
A moralidade, vaidade, beleza e juventude são alguns dos temas discutidos no livro, com uma linguagem metafórica e recheada de analogias. É sagaz e traz discussões que permanecem atuais, entretanto em alguns momentos se torna bastante cansativo e repetitivo. Mesmo assim, vale a leitura demais.