shelukessonarry 19/07/2021
um dos melhores clássicos que já li
Fiz essa leitura com as duas versões em paralelo, primeiro li a não censurada, depois li a ?censurada?, que eu apelidaria de ?revisada?: E RECOMENDO QUE TODOS FAÇAM ISSO
Este é um dos melhores clássicos que eu já li, um dos clássicos mais atemporais, a discussão ainda é extremamente atual sem ser moralista, o que é impecável. Oscar Wilde também é um dos melhores ?escritores com os quais me deparei, com frases lindas (sério, marquei muita coisa), paradoxos que fazem todo sentido e muitas verdades doloridas que você aceita porque são verdades. Para aqueles que tem medo de ler clássicos: este livro é um ótimo ponto de partida, a escrita é simples, apesar do livro ser do século XIX.
SOBRE A LEITURA
(não há spoilers, mas há comentários detalhados, se você quer ler 100% sem saber o que rola, a resenha acaba aqui)
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Sobre a versão não-censurada: esta foi a minha versão favorita, mas não porque há conteúdos que foram apagados e sim justamente porque há conteúdos escondidos, que fazem essa versão ser melhor por não entregar tudo de bandeja. O direcionamento de pensamento não existe aqui, fazendo com que o protagonista seja uma vítima de sua época, que eu acho que é justamente o que acontece quando a gente trata do assunto da beleza.? Ainda, o personagem parece se arrepender muito mais rápido, e a estrutura faz mais sentido, porque a gente acompanha Dorian o tempo todo. Minha única reclamação, que pode ser relevada, ou seja não afeta a qualidade do livro, é que eu me perdi muito na passagem do tempo, mas de certa forma isso pode ter sido intencional já que o personagem não envelhece. O ritmo meio estranho, acumulando os melhores acontecimentos no final, é aceitável pois parece reforçar a superficialidade de Dorian numa estrutura textual teatral.
Sobre a versão censurada: eu chamaria essa versão de revisada, pois ela só adiciona textos e reescreve três frases ao longo do livro. Essa versão tem uma mudança de ponto de vista, a qual parece desencaixada (literalmente o único capítulo da versão censurada que podia ser apagado). Há a presença mais frequente do personagem Harry, fazendo com que Dorian seja mesmo mais influenciado, como o autor queria. Porém, Dorian também aparenta ser mais mau nessa versão, porque é há mais acontecimentos que fazem com que ele demonstre sua verdadeira índole. A sensação de vítima da época some completamente, e algumas coisas parecem acontecer por motivos muito mais superficiais. Gostei, mas acho que não tanto quanto a primeira.
Um dos melhores do ano, uau!