Renata (@renatac.arruda) 29/04/2021
Quando comecei a ler este livro, me impressionei com o quanto ele havia me pegado e como era um thriller psicológico daqueles dos bons, que prendem a nossa atenção até o fim com um quebra-cabeças pra lá de esquisito. O enredo é legal porque nós sabemos tanto o quanto o narrador-personagem e vamos descobrindo junto com ele o que, de fato, está acontecendo.
Quem gosta de thriller, seja no cinema, na TV ou na literatura, sabe que as pistas costumam estar todas presentes ao longo da história e sempre dá pra antecipar algumas revelações, embora alguns autores e autoras sejam brilhantes na arte de despistar e confundir. O problema é que muitos thrillers também sofrem do mesmo mal: entregar um final aquém das expectativas. Em alguns casos, a impressão que dá é a de que a pessoa que escreveu se perdeu na própria narrativa mirabolante que criou e depois não soube fechar as pontas e resolver.
Em outros casos, como o de O Bom Filho, parece que a autora simplesmente quis mostrar que era inteligente e acaba derrapando em soluções anti-climáticas e inverossímeis mesmo dentro de um universo já bastante improvável. Talvez a intenção seja criar um gancho para uma próxima história, ou talvez não, mas o que acontece aqui foi bastante decepcionante pra mim. Até brinquei dizendo que parecia o final de Dexter, cuja última temporada conseguiu deturpar e estragar tudo o que a série tinha de melhor. Quem assistiu deve estar entendendo o tamanho do tombo.
Ainda assim, um livro não é feito apenas do seu final e esse aqui tem vários momentos de tensão e descobertas que vale a pena acompanhar. E é especialmente divertido ver as várias menções e referências ao filme Cidade de Deus, algo que eu não esperava encontrar. Além disso, achei fascinante ter acesso à mente perturbada de um protagonista que não sabe até onde é a vítima ou o agressor.
Quem gosta do gênero, vale dar uma chance.