Confissões de uma leitora 29/05/2020
Rage é um livro que sempre vejo nos grupos literários quando pedem sugestões de livros pesados e perturbadores. E eu, a amante de dark, claro, me interessei.
Confesso, faz dias que terminei a leitura, e desde então tenho pensado se escrevo ou não uma avaliação/resenha e em qual formato fazê-la. Escolhi não entrar em detalhes, não me sinto confortável para tal, assim me reservo ao direito de ser mais sucinta e objetiva.
Da capa a premissa do livro eu só tenho elogios. É chamativa, bonita e instigante. Um convite irrecusável para os amantes do gênero. De cara, ambos enviam ondas de alertas ao leitor desavisado sobre o que irá encontrar ao embarcar nessa viagem. Aliás, avisos não faltam, e aqui fica uma dúvida genuína, é alertado que há estupro sem “romantização”.
O que seria um “estupro romantizado?”
Não obstante, o prólogo é cru e cruel de tal forma que não abre espaço para que outras sensações, sentimentos e emoções sejam sentidas, exceto o torpor.
É uma leitura difícil devido à face crua de um pedófilo diante de sua vítima.
É feita para chocar, para prender a respiração e ter a mente em branco diante de nossa impotência para fazer algo a respeito, salvo continuar lendo.
Amber soa inofensiva até que pouco a pouco vai mostrando as garras... e então, as confusões, dúvidas e inconsistências surgem dando a impressão que ela abocanhou mais do que pode mastigar. Infelizmente, não para por aí.
O enredo tem um tremendo potencial, contudo, a impressão que fico, se me permitem uma analogia boba, é que ainda está verde, que precisava de tempo para amadurecer e estar no ponto, o que refletiu diretamente na escrita e, consequentemente, a narração e seus excessos, bem como na estruturação e desenvolvimento da trama, e construção dos personagens... Se não estiver enganada, este é o primeiro trabalho da escritora nesse gênero, talvez isso explique a sensação que tenho de que não estava amadurecida o bastante para este livro, sem contar a sobrecarga do gênero em si.