Livro do Desassossego

Livro do Desassossego Fernando Pessoa
Richard Zenith




Resenhas - Livro do Desassossego


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Cris Viamonte 06/04/2020

Belíssimo!
Não tive muito contato com poesia ao longo da minha vida de leitora, mas reconheço um bom livro quando o leio.

Ele é basicamente um conjunto de notas e reflexões do "Bernardo Soares" (um dos heteronimos do Pessoa) e, pelo conteúdo demasiadamente honesto, não é o tipo de livro que eu recomendaria ler de "cabo a rabo" direto, mas sim beber e processar essa carga emocional aos poucos.

"Nessas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São minhas confissões, e, se nelas nada digo, é que nada tenho a dizer".

Enfim, o Livro do Desassossego certamente de desassossegou. :)
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Andreas Chamorro 08/03/2020

Isto é um livro de magia
Este livro é mágico. Ninguém jamais conseguirá superar Fernando. A sinceridade contida nesses textos é de uma magnitude que me assustara mas que me arrebatara num mesmo ímpeto. Que homem, que cabeça, que intelecto, que bom olhar tanto pro externo quanto para o interno.
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Craotchky 03/12/2019

Inclassificável
"Nestas impressões sem nexo, nem desejo de nexo, narro indiferentemente a minha autobiografia sem factos, a minha história sem vida. São as minhas Confissões e, se nelas nada digo, é que nada tenho que dizer."

Maiêutica. Eis a palavra grega usada para descrever o processo socrático no qual alguém, através do diálogo, faz seu interlocutor(a) trazer à tona conteúdos que estavam nele(a) de forma inconsciente. Assim é comum tecer uma analogia com o ato do parto. Sócrates, ao conversar com alguém, ajudava essa pessoa a "parir" as ideias que já estavam presentes nela. Neste sentido penso que o Livro do desassossego, em alguns momentos, pode fazer com que nasça no(a) leitor(a) reflexões que estavam até então inacessíveis.

Constituído por fragmentos do semi-heterônimo de Pessoa, Bernardo Soares, o Livro do desassossego é um livro incomum. Em minha particular opinião este livro mais aproxima-se de um diário pessoal embora muitos vejam aqui o trabalho no qual Pessoa mais se aproximou do gênero Romance. O livro é destituído de encadeamento narrativo. Os fragmentos que formam a maior parte do livro são individuais e desconectados. Os temas destes fragmentos são de tal forma variados que a tarefa de os definir num único conceito é difícil.

As duas primeiras páginas foram o suficiente para que eu ficasse impressionado quanto a profundidade das reflexões e a ligeiramente peculiar prosa poética. O livro faz jus ao título: provoca desconforto desde o início, deixa o leitor(a) desinquieto, desassossegado. Desde o princípio brotam frases que exigem uma releitura para serem melhor apreendidas; frases que reverberam ainda depois de terem sido lidas. Com certeza é um livro que não termina quando acaba.

"Este livro é um só estado de alma, analisado de todos os lados, percorrido em todas as direções."

Árdua é a tarefa de definir este livro. Não é um livro comum ou para qualquer um; sobretudo não é um livro para se ler como simples entretenimento. É preciso ser leitura exclusiva na medida em que esta é uma obra exigente, ora no que se refere a parte técnica (narrativa, gramática, modelo estilístico, estrutura de frases), ora pelo frequente profundo conteúdo. (Penso inclusive que talvez fiz mal em ler o livro da forma que li, isto é, de cabo a rabo; talvez o mais recomendável seria ler um fragmento por dia ou algo assim.)

Este livro é de tal maneira que as palavras de Clarice que precedem sua obra A paixão segundo G H, mostram-se também bastante adequadas aqui: "Este livro é como um livro qualquer. Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada."

As três citações do Livro do desassossego que coloquei neste texto foram tentativas de dizer, com as próprias palavras do autor, como o livro é. Porém, creio que o somente a leitura da obra pode lhe satisfazer. Leia então, e com isso fará um grande favor a si mesmo(a).

"E porque este livro é absurdo, eu o amo; porque é inútil, eu o quero dar; e porque de nada serve querer to dar, eu to dou..."
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Lucy 05/11/2019

Uma das minhas melhores leituras
Este foi um dos livros mais significantes dentre os lidos por mim neste ano, e talvez até mesmo um dos mais importantes de todas as minhas leituras até hoje. Tendo como autor o heterônimo Bernardo Soares, de Fernando Pessoa, o livro é uma das mais belas prosas poéticas do escritor. É uma obra pesada, feita para se ler aos poucos (não foi por acaso que demorei mais ou menos uns 3 meses para terminá-la.). A leitura é desgastante, de pensamentos, sob a minha visão, extremamente pessimistas e depressivos, de uma profunda desesperança para com a vida, de um questionar-se o sentido de tudo. No entanto, pelo menos pra mim, foi algo tão enriquecedor, poder ler páginas e páginas de pensamentos e máximas que eu mesma poderia ter escrito. Nada supera a identificação que eu senti ao ler cada vírgula deste livro. Foi como se alguém, de alguma forma, tivesse entrado na minha mente e colocado tudo pra fora. Caso me questionassem a respeito do sentimento mais presente durante esta leitura, eu diria que foi um dos períodos mais catárticos deste ano. Deixo aqui esta pequena nota de agradecimento ao mestre Pessoa por ter me feito repensar tantas coisas, por eu ter entrado mais em mim, e sobretudo, por ter aliviado as minhas tensões mentais, mesmo que por um tempo. Enfim, é um livro que recomendo muito, mas com o qual se deve ter certa cautela.
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LiZ 05/07/2018

Leia.
Ler este livro é aumentar a capacidade do sentir. Alimento da alma. Acredito que esta seja a obra de introdução para quem quer mergulhar no universo de Fernando Pessoa e seus heterônimos. Não é uma leitura fácil, é dolorosa, deliciosa e encantadora.
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Fabiana.Francisco 26/06/2018

Chega a doer.
Não é possível passar por este livro e sair incólume.
Um livro para transformar.
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Marcelly 09/01/2018

Diário lúcido
?A minha vida, tragédia caída sob a pateada dos anjos e de que só o primeiro acto se representou.
Amigos, nenhum. Só uns conhecidos que julgam que simpatizam comigo e teriam talvez pena se um comboio me passasse por cima e o enterro fosse em dia de chuva.
O prémio natural do meu afastamento da vida foi a incapacidade, que criei nos outros, de sentirem comigo. Em torno a mim há uma auréola de frieza, um halo de gelo que repele os outros. Ainda não consegui não sofrer com a minha solidão. Tão difícil é obter aquela distinção de espírito que permita ao isolamento ser um repouso sem angústia.
Nunca dei crédito à amizade que me mostraram, como o não teria dado ao amor, se mo houvessem mostrado, o que, aliás, seria impossível. Embora nunca tivesse ilusões a respeito daqueles que se diziam meus amigos, consegui sempre sofrer desilusões com eles ? tão complexo e subtil é o meu destino de sofrer.
Nunca duvidei que todos me traíssem; e pasmei sempre quando me traíram. Quando chegava o que eu esperava, era sempre inesperado para mim.
Como nunca descobri em mim qualidades que atraíssem alguém, nunca pude acreditar que alguém se sentisse atraído por mim. A opinião seria de uma modéstia estulta, se factos sobre factos ? aqueles inesperados factos que eu esperava ? a não viessem confirmar sempre.
Nem posso conceber que me estimem por compaixão, porque, embora fisicamente desajeitado e inaceitável, não tenho aquele grau de amarfanhamento orgânico com que entre na órbita da compaixão alheia, nem mesmo aquela simpatia que a atrai quando ela não seja patentemente merecida; e para o que em mim merece piedade, não a pode haver, porque nunca há piedade para os aleijados do espírito. De modo que caí naquele centro de gravidade do desdém alheio, em que não me inclino para a simpatia de ninguém.
Toda a minha vida tem sido querer adaptar-me a isto sem lhe sentir demasiadamente a crueza e a abjecção.
É preciso certa coragem intelectual para um indivíduo reconhecer destemidamente que não passa de um farrapo humano, abono sobre-vivente, louco ainda fora das fronteiras da internabilidade; mas é preciso ainda mais coragem de espírito para, reconhecido isso, criar uma adaptação perfeita ao seu destino, aceitar sem revolta, sem resignação, sem gesto algum, ou esboço de gesto, a maldição orgânica que a Natureza lhe impôs. Querer que não sofra com isso, é querer de mais, porque não cabe no humano o aceitar o mal, vendo-o bem, e chamar-lhe bem; e, aceitando-o como mal, não é possível não sofrer com ele.
Conceber-me de fora foi a minha desgraça ? a desgraça para a minha felicidade. Vi-me como os outros me vêem, e passei a desprezar-me não tanto porque reconhecesse em mim uma tal ordem de qualidades que eu por elas merecesse desprezo, mas porque passei a ver-me como os outros me vêem e a sentir um desprezo qualquer que eles por mim sentem. Sofri a humilhação de me conhecer. Como este calvário não tem nobreza, nem ressurreição dias depois, eu não pude senão sofrer com o ignóbil disto.
Compreendi que era impossível a alguém amar-me, a não ser que lhe faltasse de todo o senso estético ? e então eu o desprezaria por isso; e que mesmo simpatizar comigo não podia passar de um capricho da indiferença alheia.
Ver claro em nós e em como os outros nos vêem! Ver esta verdade frente a frente! E no fim o grito de Cristo no calvário, quando viu, frente a frente, a sua verdade: Senhor, senhor, porque me abandonaste??
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Kildary 19/09/2017

Não se sabe que se é humano sem antes ler esse desassossego.
"A metafísica pareceu-me sempre uma forma prolongada da loucura latente. Se conhecêssemos a verdade, vê-la-íamos; tudo o mais é sistema e arredores. Basta-nos, se pensarmos, a incompreensibilidade do universo; querer compreendê-lo é ser menos que homens, porque ser homem é saber que se não compreende.

Trazem-me a fé como um embrulho fechado numa salva alheia. Querem que o aceite, mas que o não abra. Trazem-me a ciência, como uma faca num prato, com que abrirei as folhas de um livro de páginas brancas. Trazem-me a dúvida, como pó dentro de uma caixa; mas para que me trazem a caixa se ela não tem senão pó? "

Fernando Pessoa de tanto ser, só tem alma, por isso, só nessas poucas palavras, há mais acerca do conhecimento do que em tombos e tombos de qualquer epistemólogo; do universo mais que a Ciência; de Deus mais que a religião: "Deus é o existirmos e isto não ser tudo".

O sofrimento, o tédio, a náusea, a alegria... tudo se torna como que imagens que compõem a nossa vida, e inerente a ela está o patrão Vasques - dono das nossas horas, o garoto do frete, a Rua dos Douradores. "Há metáforas que são mais reais do que a gente que anda na rua."

Ao fechar o livro o que se pode pensar é que nunca se lerá outro igual.
""Passar dos fantasmas da fé para os espectros da razão é somente ser mudado de cela."
"Um jardim é um resumo da civilização - uma modificação anônima da Natureza."
"A solidão desola-me; a companhia oprime-me."
"Os meus sonhos são um refúgio estúpido, como um guarda-chuva contra um raio."
"Entre mim e a vida há um vidro ténue. por mais nitidamente que eu veja e compreenda a vida, eu não lhe posso tocar."
"O mais alto de nós não é mais que um conhecedor mais próximo do oco e do incerto de tudo."
Amanda 19/09/2017minha estante
AAAAAAAAAAAAA


Amanda 19/09/2017minha estante
Emocionada




Adriano.Santos 14/08/2017

Aguardar
Esperando o momento em que ele se encaixaria ainda assim não pude percebê-lo devidamente, nos reencontraremos outra vez.
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spoiler visualizar
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bonjourianca 22/03/2017

O maior livro que você respeita!
Todos deveriam ler essa obra prima, pura arte! O livro melancólico mais perfeito, ninguem jamais se igualará à Pessoa! O deus da literatura!
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Paulo Silas 16/03/2017

Um livro que é um não-livro. O não-dito dito sobre o não-dito. É o que inclusive consta na introdução (Richard Zenith): "O que temos aqui não é um livro mas sua subversão e negação". O indivíduo em toda a sua externalização declarada, posta no papel, possibilitando a compreensão de sua incompreensão. Eis o livro do desassossego: possibilidades de elucidação de "insights", de estados profundos psíquicos, de prosas aprazíveis, de reflexões, enfim, de questionamentos singulares.

O livro não-livro tem como narrador principal o "personagem" Bernardo Soares, um ajudante de guarda-livros em Lisboa que, através de fragmentos que não seguem necessariamente uma ordem lógica, expõe diversas coisas que passam pela sua mente. Funciona como um diário onde são registrados pensamentos, sempre com uma escrita literária chamativa, a qual convida ao leitor para que acompanhe e se aprofunde nos pensamentos ali postos.

"Quem sou eu para mim? Só uma sensação minha", registra-se na obra. E são essas as sensações que acabam sendo refletidas e eternizadas no papel. Reflexões sobre paixões, sobre as coisas que aprisionam, sobre o que vale ser vivido, sobre o que importa ser aproveitado. A única forma possível para alcançar as pretensões pós-reflexões seria justamente o registro de tais pensamentos, já que "toda literatura consiste num esforço para tornar a vida real".
A banalidade estaria no pertencer. E o que é buscado pelo autor, notoriamente, é o não pertencimento, o desvínculo total, a ausência de qualquer tipo de grilhão (que assim entende ser).

Um livro (não livro) que vale a pena ser lido. A cada fragmento lido, o leitor viaja em pensamentos e reflexões. Mesmo naqueles pontos em que a discordância autor-leitor se faz presente, o exercício do pensar ali ocorre, oportunizando uma forma de dialética consigo mesmo.
Fernando Pessoa em suas entranhas expostas: eis o livro do desassossego.
Leon 13/07/2017minha estante
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Portal JuLund 31/01/2017

Livro do Desassossego, @CompanhiaDasLetras
Registo aqui minha felicidade por ter completado essa leitura, mesmo que não seja o “Meu Estilo”, pois uma das metas desse novo ano é ler clássicos – pelo menos 6! Sendo assim, iniciei com essa obra muito aclamada.
Aclamada? É, antes de iniciar a leitura, fiz várias pesquisas e os comentários eram maravilhosos. Frases como: é meu livro de cabeceira, mestre, livro para ser relido, etc etc, povoavam as pesquisas. Contudo, minha opinião é o oposto disso.

"Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de junho de 1888 — Lisboa, 30 de novembro de 1935), foi um poeta, escritor, publicitário, astrólogo, crítico literário, inventor, empresário, tradutor, correspondente comercial, filósofo e comentarista político português."

Desassossego é uma reunião de trechos de divagações do autor – Fernando Pessoa – cujo narrador principal é Bernardo Soares. Bernardo ou Fernando? Nunca saberemos, mas a verdade é que os pequenos textos variados, flutuam entre emoções diversas e até mesmo o seu estado psicológico que é basicamente melancólico e frustrado.

“A decadência é a perda total da inconsciência, porque é a inconsciência o fundamento da vida. O coração, se pudesse pensar, pararia.”

Resenha completa no

site: http://portal.julund.com.br/resenhas/resenha-de-desassossego-fernando-pessoa-companhiadasletras
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JulianaSchreave 24/09/2016

Não é meu tipo favorito de leitura.
"Quanto mais medito na capacidade, que temos, de nos enganar, mais se me esvai entre os dedos lassos a areia fina das certezas desfeitas."

Por não ser meu tipo favorito de leitura, não flui.
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Rafael Silva 12/09/2016

Eu imagino Pessoa sentado, ou até mesmo em pé, como costumava escrever, segundo ele mesmo, rabiscando pedaços de papel, textos a fio ou então fragmentos curtos. Se esforçando pra dar vida própria a Bernardo Soares, ou tentando, já que muitas vezes esse semi-heterônimo se confunde com o próprio Pessoa. Bernardo Soares, mais discípulo de Caeiro, mais um escritor que traduz o que sente e, ao fazê-lo, traduz o mundo. Impossível não se identificar com pelo menos um dos muitos fragmentos deste livro, impossível não acompanhar esse ritmo desassossegado e se deixar levar por ele. É um livro pra se viver com ele, pra ler um fragmento a cada dia. Pra namorar mesmo. Quem ainda não leu, leia. Pra ontem, pra hoje, pra já!
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