Giulianapetrucci 18/12/2020
Mais um registro precioso de Marjane sobre suas memórias
O título desse livro não é sobre o que vc imagina que seja!
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Bordados, uma HQ menos conhecida de Marjne Satrapi, autora de Persépolis!
A HQ reúne experiências de mulheres iranianas familiares , colegas e vizinhas da autora. Bordados é como uma etnografia das relações entre mulheres iranianas de classe média quando estao sociabilizando a sós, sem papas na língua.
Numa tarde, elas se reúnem para tomar chá cozido pelo samovar :utensílio tipicamente usado para fazer chá no irã como em outros países.
Essas mulheres começam a por o papo em dia e, em português claro, a fofocar. Nesse momento, falam da vida delas e de conhecidas que viveram tragédias dentro de seus relacionamentos amorosos.
A cada história, percebemos como o casamento no irã é tido como uma promessa a mulheres que vêem a oportunidade de encontrar o grande amor ou ascender socialmente. Pra isso, porém, há normas bem conservadoras a se seguir, como manter a virgindade intacta para ser uma boa pretendente como esposa.
Na realidade, no entanto, as coisas nem sempre correm como o planejado. Muitas mulheres de casamento arranjado já não são virgens e, por isso, recorrem ao bordado. O bordado aparece no livro como metáfora para a hímenoplastia: a cirurgia de reconstrução do hímen feminino.
Assim, elas narram suas experiências a respeito de seus relacionamentos fracassados e as expectativas e frustrações sobre seus corpos. Corpos esses onde sempre falta algo: um olhar mais semicerrado, um nariz menor, falta juventude, curvas , falta até virgindade. Alguma confrontam as cobranças torturantes feitas às mulheres e outras contam como deram um jeito de se manterem atraentes para seus maridos.
O livro mostra a ingenuidade e opressão de gênero a qual as iranianas estão submetidas. Muitas acreditam que os problemas de sexo estão superados no ocidente, mas o que vemos na prática é que países como o Brasil e EUA são recordistas em cirurgias plásticas.
Bordados é muito legal porque entramos em contato com as aflições de mulheres que seriam, em teoria, muito diferentes de nós mulheres ocidentais. Percebi com a leitura que temos mais em comum do que se imagina...
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