Tempos Líquidos

Tempos Líquidos Zygmunt Bauman




Resenhas - Tempos Líquidos


55 encontrados | exibindo 46 a 55
1 | 2 | 3 | 4


Paulo Silas 20/07/2018

Em "Tempos Líquidos", Bauman elenca a insegurança como o grande mote que conduz a obra. O medo é um fator presente principalmente nas grandes cidades, de modo que, dado o constante fluxo de globalização, tem-se a liquidez que se observa nos tempos atuais como um fenômeno decorrente desse processo, a saber, o choque das identidades locais com os poderes globais, fazendo com que os aspectos locais da cidade se percam. Disso que se advém a insegurança generalizada, fenômeno esse que é analisado e trabalhado no livro em suas pouco mais de cem páginas.

Dividido em cinco capítulos, o livro traz as reflexões do autor sobre a insegurança presente nas grandes cidades, expondo os fatores determinantes para esse fenômeno.
"A vida líquido-moderna e seus medos", capítulo inaugural da obra, trata das pressões da globalização para que toda e qualquer barreira de identidades locais seja quebrada. Nada mais acontece isoladamente em algum lugar do mundo, pois o planeta deve estar aberto para a livre circulação de tudo. A insegurança e o medo que disso resultam na formalização do capital do medo em que lucram aqueles que se propõem a a fornecer a segurança pessoal através do discurso "lei e ordem", acarretando num círculo vicioso exposto por Bauman.
O segundo capítulo, "A humanidade em movimento", traz uma fala de Rosa Luxemburgo contextualizada para a atualidade, salientando alguns fatores que levam a submissão à pressão global para que haja toda e qualquer abertura de territórios. A figura dos refugiados passa a ser analisada nesse capítulo pelo autor.
"Estado, democracia, e a administração dos medos", terceiro capítulo, trata de como se desencadeia a insegurança moderna, que é apontada pelo autor como sendo da suspeita com relação a outros seres humanos e suas intenções, uma vez que não há mais espaço para a confiança no companheirismo humano dada a ausência de disposição para uma relação duradoura e confiável. Cabendo ao Estado administrar o medo, isso passa a ser um discurso a ser sustentado e trabalhado para determinados fins, o que, dentre outras consequências, tem-se a figura dos excedentes (os que não se enquadram,os que não fazem parte, os que não consomem...) que devem ser mantidos "fora" para que o discurso seja sempre mantido.
"Fora de alcance juntos", o quarto capítulo do livro, fala de como as cidades se transformaram em abrigos e ao mesmo tempo fontes do perigo que se visa proteger. Os condomínios fechados, anunciados como autossustentáveis e funcionando como comunidades fechadas, criando-se uma espécie de "fora" estando "dentro" de algo, seriam o maior exemplo desse fenômenos observado
"A utopia na era da incerteza", capítulo que encerra a obra, trata da utopia sob dois pontos de vista, construindo o autor figuras ilustrativas para metaforizar as formas de se enxergar esse modo de encarar o mundo, a saber, o guarda-caça e o jardineiro, dialogando entre essas posições para refletir se estaríamos testemunhando o fim da utopia.

O livro é pontual e bastante reflexivo. Escrito ao estilo do autor, é bastante claro e compreensível, possibilitando acompanhar o raciocínio de Bauman para se chegar a conclusão de ser a insegurança a marca dos nossos tempos líquidos. Os grandes fenômenos dessa era seriam o desemprego, a criminalidade organizada, a solidão, o terrorismo e o medo sempre presente e insuflado por aqueles que vendem a ideia de segurança pessoal. As grandes cidades seriam o principal palco onde tudo isso é facilmente observável - e Bauman demonstra as razões disso, dentre as quais a própria globalização que acaba por pressionar identidades locais a se abrirem, constituindo essas em estranhos para os outros - que agora juntos convivem, ocasionando, cada vez mais, um ambiente de constante insegurança que se retroalimenta.
Um livro que merece ser lido!
comentários(0)comente



Igor 13/01/2018

Admirável tempo líquido
O livro é muito bom, atual e coerente. No início eu achei meio chato, mas com o desenrolar da leitura o começo maçante veio a fazer sentido. Ele parte de uma explanação mais política para uma mais humana, no sentido geral, psicológica e filosófica acho que dá para se dizer. Um livro que vale muito a pena para quem deseja entender melhor o admirável mundo novo em que vivemos.
Nathalia.Ramos 24/03/2018minha estante
Entendemos a referência




Leandro.Augusto 06/12/2017

Livro difícil
Tive pouco proveito na leitura. Mais conheço o autor por citações e vídeo
comentários(0)comente



Fred 17/07/2017

Recomendo o livro!
Neste bom livro, Zygmunt Bauman trata da insegurança e do medo vivenciados nas grandes metrópoles do mundo pós-moderno. Tenta explicar como estamos falhando em tentar enfrentar de maneira localizada a gama de problemas gerados globalmente.
comentários(0)comente



zeleandromasi 22/03/2017

Relato
Enquanto alguns se preocupavam (excessivamente) com política, carnes estragadas, colocar defeito em uma transposição e fazer meme com tudo e qualquer coisa, eu estava preocupado com um fato que a muito me corroía: eu abandonava livros.
Confesso que era algo que eu faria de livre e espontânea vontade. A magia que toda livraria tem em toda sua arrumação e catalogação as vezes nos deixa muito maravilhado. Mas eu não me dava conta do quanto isso tava me prejudicando. Me via dando mais valor as efemeridades visuais e perdendo a oportunidade de conhecer pensamentos novos e precisos.
Aliás, eu buscava nas pessoas essa novidade. Mas, como suspeitava porém quis arriscar, sempre obtive silêncio, duvidas engavetadas, mesmices e até o de sempre: o inócuo. Algumas vezes até acontecia um diálogo produtivo. Mas depois de alguns minutos ele sofria seu (moderno) processo de fusão.
Esse livro é muito importante pra mim primeiramente pelo fato de ter terminado ele e não querer abandoná-lo logo após terminar o primeiro capítulo. Segundo por que ele me trouxe situações (e não respostas) a respeito de coisas que acontecem hoje em dia e que na verdade sempre aconteceram, só que de um jeito diferente. Terceiro por que senti uma necessidade muito grande de ler o Bauman e essa necessidade ainda existe em mim. É uma leitura tão precisa que eu recomendo pra todo mundo.

Enfim, talvez alguns já passaram por isso e se identifiquem com o que estou falando. De todo modo quero dizer que persistir em certas coisas vale a pena. (Não só em relação a livros!). E todo bem querer abandonar certas coisas. Desde que elas sejam coisas só prejudiquem.

site: http://leandrododia.tumblr.com/
comentários(0)comente



Wagner 31/01/2016

CONFORTAVELMENTE FROUXOS

(...) Os vínculos humanos são confortavelmente frouxos, mas, por isso mesmo, terrivelmente precários, e é tão difícil praticar a solidariedade quanto compreender seus benefícios, e mais ainda suas virtudes morais (...)

In: Bauman, Zygmunt. Tempos Líquidos. Rio de Janeiro: Zahar,2007. página 30
comentários(0)comente



Salomao.Adorno 05/10/2015

O Hoje...!
Para um melhor entendimento do que somos e para onde estamos indo. Questões pertinentes sobre a utilização do espaço físico e como delimitamos os nossos conceitos sociais com base em questões individualistas.

Um livro que sempre será atual, define de forma clara o verdadeiro caminho que seguimos. Gostei muito da comparação que Zygmunt vez sobre o fato do objetivo social por segurança, aspecto que buscamos desde dos primórdios. Nos organizamos socialmente pra isso, pra nos sentirmos seguros mas hoje esses núcleos de instabilidade não estão mais fora dos muros que delimitam o território em que vivemos, estes hoje estão dentro do muro, com uma doença e busca inconsolável para sabermos o que somos e queremos ser...

O ultimo capitulo fecha com "chave de ouro" e provavelmente irá valer umas 2 leituras consecutivas.

No mais, é Bauman !!
Boa Leitura...
comentários(0)comente



Alpaccino 23/02/2013

A sociedade aos cuidados do medo
É a primeira vez que leio algo sobre Zygmunt Bauman e gostei bastante sobre o assunto abordado e a maneira como ele explora o medo numa sociedade globalizada.

Tempos líquidos é divido em 5 partes:
1 - A vida líquido-moderna e seus medos
Neste capítulo, Bauman discute as consequências de um mundo mais "aberto" devido a globalização. Essa abertura é tanto material quanto intelectual e isso, de acordo com ele, traz "toda injúria, privação relativa ou indolência planejada em qualquer lugar é coroada pelo insulto da injustiça: o sentimento de que o mal foi feito, um mal que exige ser reparado, mas que, em primeiro lugar, obriga as vítimas a vingarem seus infortúnios...".

2 - A humanidade em movimento
Bauman faz uma analogia entre o lixo que produzimos diariamente (que é sempre indesejável, por vezes sem destino e rejeitado pela sociedade) como os refugiado, pessoas que não têm uma nação ou vivem como andarilhos pelo mundo tentando encontrar um espaço no mundo moderno. Além do medo que as pessoas têm em receber os "migrantes internacionais".

3 - Estado, democracia e a administração dos medos
Sinceramente, achei um pouco difícil de resumir em poucas palavras, então procurei pela internet e achei um trabalho feito pela Juliana Fachin e Valter Moura sobre o livro que sintetiza este capítulo: "Conforme Bauman (2007) O medo moderno, surgiu da desregulamentação com a individualização, em que os vínculos humanos (parentesco e vizinhança) solidificados por laços comunitários se quebraram, soltaram-se, romperam, substituindo os vínculos naturais (danificados pelo mercado comercial) por vínculos artificiais em forma de organismos (movimentos, sindicatos, associações.. etc. em tempo parcial)."

4 - Fora de alcance juntos
Do medieval para a atualidade: Sob a premissa da insegurança nas cidades e do medo implantado, as pessoas se refugiam para os condomínios fechados(atuais castelos fortificados que trazem a sensação de segurança) segregando a sociedade entre camada "superior" e "inferior". Esse fenômeno já acontece no Brasil. Tem uma foto muito interesse que mostra bem essa realidade: uma imagem onde há um condomínio fechado bem ao lado uma favela, demonstrando claramente essa divisão. Digitando "favela condomino fechada" no google imagens, com certeza vai aparecer essa foto. Neste mesmo capítulo, Bauman fala sobre a "mixofobia", que é bem interessante também!

5 - A utopia na era da incerteza
Por fim, ["Utopia é o nome que, graças a sir Thomas More, se tem comumente atribuído a esses sonhos desde o século XVI]
Bauman utiliza o caçador e o jardineiro para representar o ser humano em duas épocas: a pré-moderna e a moderna.

Ótima a obra, densa e que nos faz refletir sobre a nossa sociedade atual.
Susan 26/11/2016minha estante
Parece bem interessante, me recomendaram esse livro. Ótima resenha, me motivou a ler esse livro.


Gabriela 11/01/2017minha estante
Me ajudou a compreender melhor a ideia antes de seguir na leitura. Muito obrigada pela sua resenha. ?




Márcia Regina 18/10/2011

Terminei "Tempos líquidos" hoje. E recomendo, quem puder ler, leia.
A linguagem é acessível para leigos como eu; ao mesmo tempo, a apresentação do tema não tem nada de leiga, é complexa, tem base e argumentação consistentes.
A resenha da Violet, anterior a esta, é perfeita e aprofundada. Assim, deixo aqui mais impressões pessoais e destaco dois pontos que chamaram a minha atenção.

Em primeiro lugar, a análise que o autor faz da mudança do Estado de funções sociais para o Estado defesa, 'administrador do medo'. A descrição da forma como a questão do medo acabou inserida no nosso quotidiano e se autoalimenta, num crescer contínuo, me fez pensar sobre nossas sensações/emoções/defesas/muros no contato com o ‘diferente’.
E se me fez pensar, já valeu a leitura.

Outro ponto que me ajudou a reavaliar e compreender melhor alguns aspectos atinentes ao convívio real/virtual na sociedade aparece mais na última parte do livro.
Ali, Bauman atenta para o aspecto pessoal (que nunca é meramente pessoal, claro), para a relação humana num sentido de caçada, para o agir como caçador em caça constante de pessoas e coisas que a vida joga na nossa frente (não gratuitamente colocados de forma conjunta), aquele pavor inconsciente do término da caçada sem que já tenhamos outra na agenda, o que nos deixaria de fora, como espectadores e não partícipes de um mundo que corre além de nós. E parar pode ser apavorante.
É uma ideia difícil de resumir, porque pensamento que resulta de uma argumentação contida por todo o livro, mas tem uma frase, quando o autor cita - em parte - Blaise Pascal, que consegue dar uma noção: "as pessoas querem fugir à necessidade de pensar em 'nossa condição infeliz', e assim 'preferimos a caça à captura'. 'A lebre não vai nos livrar de pensar' nas formidáveis mas incuráveis imperfeições de nossa condição comum, 'mas caçá-la vai'".
Destaque-se aqui que "condição infeliz" tem uma análise anterior, é a condição humana, o que sou, qual o sentido da vida, sou mortal, tenho defeitos, meus limites são tão pequenos/imensos, enfim, essas dúvidas que nos atormentam e nos constroem desde tempos imemoráveis.

Recomendo o livro. Foi meu primeiro contato com o autor e um contato que aprovei.
Raquel 15/04/2018minha estante
undefined




Andreia Santana 15/10/2011

Cultura de aparências nesses nossos “tempos líquidos”
O sociólogo polonês Zigmunt Bauman define a época em que vivemos como a fase líquida da modernidade. A fase sólida seria aquela em que estruturas como família, comunidade, governo e religião limitariam nossas escolhas individuais, “assegurando a repetição de rotinas e padrões de comportamento aceitáveis”.

Na fase líquida, há uma reconfiguração de todas essas instituições, uma mudança de valores e parâmetros e, consequentemente, de comportamentos, muito mais rápido do que os séculos necessários para o desenvolvimento da sociedade. Parece papo cabeça ou conversa de acadêmico, mas se formos destrinchar direitinho o que Bauman propõe, veremos que estamos de fato vivendo uma época bem mais veloz do que alguns de nós, sobretudo os mais velhos, são capazes de assimilar.

Quem nasce nos tempos líquidos, já nasce nadando com desenvoltura, respirando como se ao invés de pulmões, tivesse guelras, plenamente adaptado, totalmente veloz. Quem nasceu no meio-termo, eu e uma boa parte das pessoas que conheço e provavelmente das que estão lendo esta resenha, dão suas braçadas nesse mar de novidades, engolem um pouco de água, afundam e voltam à superfície para aprender e adaptar-se, um pouco mais a cada dia. Já quem nasceu no tempo das nossas mães e antes delas, das nossas avós – com exceções, claro -, surpreendem-se com a perda de diversas referências que marcaram gerações.

Se tudo isso é bom ou ruim, a intenção de Bauman, acredito, não é julgar, mas refletir sobre a atualidade e sobre seus efeitos na nossa vida, nos laços afetivos, comunitários. É a velha questão que atormenta a humanidade desde Sócrates, a reflexão sobre o que somos, de onde viemos, para onde vamos, o que esperam de nós, o que espero dos outros, tudo isso traduzido na simples pergunta “Quem sou eu?”.

Pois nos “tempos líquidos” somos membros de comunidades reais cada vez mais destituídas de substância (novos arranjos familiares, novas formas de viver a relação a dois, novas formas das pessoas e dos países se relacionarem, novas maneiras de experimentar a maternidade e a paternidade); e somos também membros de comunidades insubstanciais e etéreas, mas que independente de não serem palpáveis, fazem cada vez mais sentido para nós (um blog, os sítios da web, a realidade virtual, os universos paralelos do orkut, myspace, twitter, skoob, e etc, que nos unem nos quatro cantos do planeta, sem que o contato físico, o diálogo cara-a-cara sejam antes pré-requisitos para o conhecimento).

“Vivemos em rede e não mais em sociedade”. Nossas regras agora são flexíveis e não mais tão rígidas quanto há 50 anos. Estamos conectados, ultra-informados, abertos e expostos ao mundo. Mas ainda precisamos de laços sólidos, de portos-seguros. Ainda precisamos de amor, de compreensão, que nos notem, que nos deem ouvidos, que nos abracem e incluam.

Na nossa sociedade de aparências, de big brothers, de câmeras de vigilância no shopping center, de comodidades da vida contemporânea e ao alcance das mãos ao clique do mouse, ainda precisamos de proteção contra a única coisa da qual a modernidade, seja líquida, sólida ou gasosa, não consegue nos proteger: o destino.
Márcia Regina 18/10/2011minha estante
Resenha muito boa, Violet.


Marta Skoober 23/06/2012minha estante
Concordo com a Márcia, muito boa a resenha!


Kaká 25/02/2015minha estante
Muito boa a resenha!
Uau!


Cleuzita 10/01/2022minha estante
?????? Gostei muito de ler suas impressões de leitura. Parabéns!


Andreia Santana 10/01/2022minha estante
Obrigada ?




55 encontrados | exibindo 46 a 55
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR