Julio503 16/02/2024
Primeiros (e não tão puros) amores
Domínio, controle, obsessão, paixão e inocência (principalmente a perda dela).
Esse foi o meu primeiro clássico russo, e foi uma surpresa ver um texto muito mais cristalino e acessivel do que complexo, como antes ficava presa a ideia dentro do meu imaginário.
"Primeiro Amor" te faz lembrar da sua primeira paixão, da primeira pessoa que ocupara seu coração e sentimentos no passado, e trás (pelo menos a mim trouxe) a pergunta: olhando para trás e analisando com olhos mais maduros, era tão puro e inocente assim o seu primeiro amor?
Nem todos os casos são iguais, fato, mas a relação do protagonista com a "princesinha" trás a tona toda uma gama de sentimentos de poder, controle, domínio, uso e desuso de um ser humano pelas vãs justificativas de um amor arrebatador. É um livro sobre obsessão (da parte do protagonista, Vladmir, de seu amor Zinaida, de seus companheiros, e de outros personagens que podem surpreender), sobre artimanhas e jogos dentro do amor, sobre como idealizamos o mesmo e decidimos ir até o fim (seja ele qual for) por um sentimento. E, acima de tudo, é um livro que diz que, não importa o quanto tentemos algo ou quão grande é o nosso sentimento por alguém, as vezes nada disso adianta ou é o suficiente, pois existe a chance de haver alguém a nossa frente, que toma o lugar que tanto almejamos.