Bernardo.Mucelini 29/04/2021
Apenas mais um
Louco. É assim que me defino ao escrever essa crítica. Isso porque faço ela diante do Admirável Mundo Novo, um livro que não me agradou. Sim, o clássico renomado, acolhido pelos 4 pontos cardeais desse planeta terra, é uma decepção total. Aqui repousa minha loucura: a de desaprovar um tradicional exemplar da literatura distópica.
Porém, antes de avançar na opinião, é necessário esclarecer a história do livro. O autor Aldous Huxley publicou Admirável Mundo Novo no ano de 1932. A trama se passa na Inglaterra e detalha uma sociedade futurista tecnocrática em que os indivíduos não mais nascem do ventre de uma mulher, mas são concebidos por verdadeiras máquinas, programadas para tal. Desse modo, o universo criado por Aldous conflita reiteradamente com o que chamamos hoje de Bioética, uma vez que todo humano envolto por aquela sociedade é pré-condicionado biologicamente e psicologicamente a viverem em harmonia com as leis sociais, determinados pelo sistema de castas. Assim sendo, o objetivo maior é manter a ordem, mesmo que para isso todos passem por uma grande lavagem cerebral, eliminando qualquer senso de individualidade ou de consciência sobre a realidade.
O Estado Totalitário do livro surge na medida em que suprime as características particulares de cada cidadão por meio de uma felicidade teórica e, por isso, opressiva. Aboliu-se a religião, os conflitos, a família, a infelicidade, e deram lugar às manipulações genéticas e drogas dos mais variados tipos, tudo em nome de uma suposta estabilidade e progresso social.
Entretanto, por mais que eu reconheça a genialidade que é projetar um mundo desses ainda em 1932, a execução de toda essa engrenagem literária é simplesmente péssima. Entendo quem é fã da história, é sim um enredo ambicioso, todavia, o livro em si é chato e cansativo; mal escrito, com o enredo todo quebrado. Uma bagunça! A trama não é bem contada, não prende a atenção de modo que devoremos o livro em uma tacada só.
Infelizmente, a história é confusa e não cativa o leitor em nenhum momento. O ponto que cheguei com esse livro foi a de me arrastar na leitura, de tão chato que estava. Os debates filosóficos são forçados, e existem momentos que é bem difícil achar lógica para incluí-los em determinadas cenas. O autor falha em criar expectativas, tão importante para jornadas como esta. Os personagens não são nada carismáticos e nenhum deles é interessante. Por essa razão, não me envolvi com ninguém, tampouco com o enredo. Não sei se era a intenção do autor, mas alguns trechos são patéticos, com o surgimento de amizades aleatórias e romances escandalosamente artificiosos. Fora do seu tempo, Admirável Mundo Novo é apenas mais uma ficção científica, e o título de “clássico” não exime a obra de ser decepcionante em certos aspectos.
Muitos podem não concordar comigo, mas quis ser sincero com a experiência de leitura que tive. Nunca dê esse livro de presente para iniciantes em gêneros distópicos. É capaz do desinteresse gerado por ele afastar leitores de outras grandes obras, tais como 1984 e Fahrenheit 451.