spoiler visualizarMaria0812 01/07/2023
Chegamos ao Fim dos Fins
Inteligente. Audacioso. Sem estigmas e tradicionalismo desenfreado. Perfeita. São apenas algumas das palavras que eu tenho para descrever essa saga. Não esperava esse final. O jeito como o autor ainda deixa umas pontinhas soltas, mas como elas são feitas especialmente para o leitor, para o leitor que amou essa história tanto quanto o próprio Soman amou, de uma forma que apenas a nossa própria imaginação e conhecimento podem preencher esses espacinhos que ele deixou. Incrível. Bem, vamos para a minha avaliação final do livro: Foi espetacular, não foi o melhor livro da saga, mas também não foi o pior, e é isso que eu quero trabalhar nessa resenha:
Secundários: A história como um todo se encaixa perfeitamente, como um quebra-cabeças. Porém, acho que o Soman quis encaixar muita coisa em um pouco espaço para uma história que já tinha seu curso definido. Foram muitos plots twists que eu achei desnecessários, coisas que não precisavam ser desenvolvidas e muito menos explicadas. Tenho alguns exemplos que eu posso citar, mas que acho que não valem a pena, mesmo que eu não quero uma resenha muito grande. Essas reviravoltas extras podiam ter dado mais espaço a um desenvolvimento de alguns personagens que foram apresentados como sendo principais, porém que foram esquecidos ao longo da história. A Nicola é um exemplo. Serviu apenas como um desenvolvimento amoroso da história do Hort e da Sophie do que como uma personagem efetiva. Eu tinha mais expectativas em relação à ela que infelizmente não foram cumpridas. Essa é a triste vida daqueles que amam um secundário. Mas 3 secundárias em especial que ficaram sumidas durante o livro 5 inteiro, finalmente apareceram e com uma boa explicação. Anadil, Hester e Dot. Agora eu entendo que mostrar a jornada delas para encontrar o Merlin seria algo que não chocaria os leitores e muito menos seria interessante. Apoio um spin-off delas é claro, a dinâmica da relação da Dot e da Marian (por favor, era óbvio que a Marian era mãe da Dot) e como as duas bruxinhas Anadil e Hester se apaixonaram também seria algo encantador. Outro secundário que eu também tinha minhas dúvidas era a Dama do Lago, ou Nimue. Por mim, ela não foi uma culpada pela ascensão da Cobra e sim, uma mulher cansada de não ser reconhecida por si mesma e sim pelos seus dons, cansada de ser usada sem consideração nenhuma. Ela tentou fazer sua parte, ter sua redenção, mas todos cometemos erros e ela também tem o direito de cometer os seus. Apenas aqueles que nunca presenciaram a solidão e o desespero julgariam ela, pois nunca sentiriam o que ela sentiu. Vamos para mais 2 personagens: Guinevere e Lancelot. A morte do Lancelot, foi bem colocada, ele já havia cumprido seu papel, mas ficou com gosto de injustiça. Foi uma morte muito breve, pouco trabalhada e eu digo que era só um contexto pra morte da Guinevere que queria se juntar ao seu amado e encontrou um modo de fazer isso e ao mesmo tempo resolver os problemas do segundo teste. Ela mesma disse isso. Tedros nunca teve uma mãe realmente, e duvido que vá sentir grande falta dela. A sininho também morreu só pra tirar elenco, injusto. Isso foi apenas um resumo do que eu senti ao ver as tentativas do Soman para encaixar muita coisa. Falhas e sem sentido. Ele quis falar de todo mundo, colocar um gosto de quero mais para no final ou matar ou esquecer do personagem (com exceções para a Dama do Lago). Eu entendo o ponto de que a história não é sobre eles, é sobre o Tedros, mas continua sendo uma sacanagem tremenda.
Principais: é muita coisa para se colocar em uma resenha só, não gosto. Vamos falar brevemente sobre a dupla dinâmica antes do Tedros. Sophie e Agatha, as duas melhores amigas, até o fim dos fins. A ironia de tudo isso é grande. Enquanto no início a Sophie queria uma vida grande cheia de amores e a Agatha uma vida mais simples, os papéis se inverteram nesse final, o que eu acho que combina muito mais com elas. O livro trabalha bastante o modo como a Agatha não é de confiar nas pessoas, explicando sua personalidade controladora, o que atrapalha o Tedros em suas missões. Ela passando o bastão, apenas mostra o quanto ela amadureceu. O mesmo para a Sophie que procurou seu final feliz em outras pessoas, sendo que ela deveria olhar para si mesma e ver o que procurava. Em parênteses que eu queria ter visto mais de Sophie (PS: ela é foda) e Hort. Vamos para o Tedros. O amadurecimento dele foi espetacular de se presenciar. Ele passou de um menino que acreditava que deveria ser o melhor, por causa de quem era seu pai e de seu sangue, sempre sendo inseguro sobre quem ele era. Ele se mostrou forte, fortaleceu-se com seus erros e aprendeu a ser um Rei, mesmo quando ele não era. A perda de suas figuras adultas e do Merlin no final contribuíram para que ele desenvolvesse pensamento próprio. O plot de que Chaddick era irmão dele me deixou meio nostálgica e ainda sim, explicou toda a trama de 3 livros e mais. Bem, dúvido que tudo o que eu colocar a partir de agora vai fazer muita diferença. Muita coisa pra pouco espaço. Essa saga me marcou de todos os jeitos possíveis, não só em termos técnicos de literatura, como em termos da vida. Soman, é um homem muito inteligente, com espaço para seus sermões toda hora e minuto. "Até o fim dos fins". E ainda queria escrever toda a página 262 com a conversa sincera Agatha e Nicola como um dos pontos fortes, mas isso ia ser meio que paia. Mas eu posso colocar uma frase: "Tem haver com permitir se arriscar no amor e não desistir. É por isso que o amor é o maior teste. Ele força as pessoas a crescerem, a serem melhores, e mesmo assim não é o bastante. Entramos em nosso próprio caminho. Somos nossos piores vilões." De Agatha para todos vocês leitores que ainda não encontraram a luz. Não queria me despedir, mas tudo chega à um fim não é? Mas se você tiver amor, comida e propósito, a vida ganha mais sentido com o tempo. Beijos a todos.