Cris Paiva 16/02/2016
Eu sempre tive curiosidade para ler A Dama das Camélias. No colegial eu cheguei a ler um daqueles livros adaptados, com o resumo da história, mas não entendi muita coisa. Sequer consegui perceber que a mocinha era uma prostituta de luxo. Esses dias, eu andei fazendo uma limpeza em casa e desentoquei umas caixas onde eu guardava a coleção Obras Primas da Abril Cultural, que estavam encaixotadas desde a minha mudança em 2008 (mudança dá uma preguiça...), e aproveitei para ler A Dama das Camélias.
Antes de começar a leitura eu fiz uma pesquisinha básica na Wikipedia e descobri que o autor, Alexandre Dumas Filho escreveu esse livro movido pelo remorso, por conta de uma relação que ele havia tido com uma cortesã que havia morrido. O livro tem toques autobiográficos, e o Armand Duval seria um alter-ego do próprio escritor.
O livro é narrado por um homem que não se sabe o nome, que depois de participar de um leilão dos objetos da falecida Marguerite Gautier, uma cortesã famosa em Paris, e ele compra um livro com dedicatória de um tal de Armand Duval, que dias depois o procura para reaver o livro.
Armand está sofrendo enormemente com a morte da antiga amante, e é acometido por uma febre fortíssima que o põe de cama, e ele aproveita para contar a sua história com a amante para o novo amigo.
Eu fiquei surpresa por me deparar com um livro que trata tão abertamente de um caso de amor com uma cortesã, apesar da historia pegar leve no assunto a vida de prostituta de Marguerite é deixada bem clara para o leitor. Ela é sustentada pelos amantes, vive em festas regadas por bebidas e orgias e apesar de estar doente de tuberculose continua com a mesma vida de antes. Armand se apaixona a primeira vista e praticamente se joga aos pés de Marguerite implorando o seu amor. Ela é uma mulher vivida, com os dois pés firmemente plantados no chão, e está gravemente doente, sabe que tem no máximo, uns dois anos de vida pela frente, e acho que por conta disso que ela decide se entregar ao amor de um rapaz apaixonado e sem fortuna.
Ela assume o novo amante, mas não deixa os antigos que a sustentam de lado. Afinal, ela tem contas para pagar e sabe que não se vive só de amor. Coisa que Armand ainda não aprendeu. Na sua cabecinha de jovem tolo, ele acredita que o amor redime tudo, que Marguerite pode se tornar “pura” pela força única de seu amor.
Entendi perfeitamente a Marguerite, ela se entregou a um amor que ela sabia que seria a sua ultima chance de redenção, mas infelizmente resolveu amar um rapaz idealista e ingênuo. A situação foi demais para ele o que desencadeou os fatos que se sucederam e causaram o remorso que lhe corroía a alma no inicio do livro.
Por ser um clássico do século XIX a narrativa tem outro estilo, mais devagar do que estamos acostumadas e o livro em primeira pessoa se torna cansativo. Mas também não precisa ter medo de ler, pois a historia é bem fluida e curta, quando você percebe, já terminou.