Santiago 28/02/2024
Começo dizendo que este livro foi minha primeira interação com a história, nunca tinha visto os filmes ou qualquer outra adaptação. E, como ele é um dos mais importantes contos natalinos, fiquei curioso para saber o que o torna tão especial assim.
Logo de primeira podemos perceber que é um livro muito acessível. A escrita é simples e direta, o que o torna fácil de ler. Acredito que se for lido para crianças, elas conseguiriam acompanhar perfeitamente bem a história. Isso, é claro, se elas não tiverem medo de fantasmas ou espíritos.
Contudo, ele ainda sim é um livro difícil, pelo menos para mim, de sentar e ler muito de uma vez só. Diversas passagens são extremamente descritivas, com o narrador falando com detalhes cada aspecto da cena, desde as pessoas até o que tem na mesa de jantar. Por mais que seja fácil de ler, essas descrições acabam cansando rapidamente qualquer leitor.
O que não cansa o leitor é a narrativa, essa sim é parte integral da história. Mas não pelo tão falado "espírito natalino" e sim pela grande crítica escondida por trás do texto. Tendo em mente a história de vida do autor e o contexto do livro, podemos facilmente ver a história como uma ideia anticapitalista.
Se passando em uma Inglaterra pós revolução industrial, temos a presença de Scrooge, uma pessoa que vive pelo dinheiro, sendo colocada em oposição aos trabalhadores e seu sobrinho, pessoas simples. E Dickens vai além para mostrar o quão fútil é viver uma vida em prol do capital, que o cega para as coisas mais importantes de todas: as verdadeiras relações interpessoais.
E é por esse motivo que eu acho que o livro é um clássico. Temos uma história voltada para um povo que busca ser visto, uma história que dá valor à suas vidas, uma história que os defende. E essa é uma crítica que consegue ser feita até os dias atuais.
Mas se eu tivesse só isso para falar, minha nota para o livro seria muito maior. Infelizmente a redenção de Scrooge foi um tanto quanto controversa para mim. Como não quero spoilar o final, eu deixo duas questões: os atos de bondade são feitos para si ou para os outros? Se eu fizer algo bom para os outros mas em meu próprio benefício, seriam realmente atos de bondade?
O livro tem um conceito muito forte, mas com as longas e cansativas descrições e um final que não agradou meu paladar, eu apenas o recomendaria para quem quiser conhecer a história original ou para os amantes de contos natalinos. Mas, mesmo assim, é uma excelente história de natal.