Gabriel 27/12/2021E se alguém condensasse "007", "1984" e "Evelyn Hugo"?"Nós nos revelamos nos pedaços que queremos que os outros saibam, mesmo aqueles mais próximos de nós. Todos nós temos nossos segredos"
Assim como foi dito no título, esse livro me trouxe muitas lembranças dos filmes de "007" (pela questão da espionagem), "1984" (pela questão da opressão estatal que a URSS impunha à sociedade intelectual) e à "Os Sete Maridos de Evelyn Hugo" (pela personagem forte e capaz de se impor -Sally-).
De início eu não estava muito empolgado com o livro, mas comecei a me conectar mais com a história conforme a mesma se desenrolava. O fato de não haver nenhum protagonista e sim alguns personagens que contam a história através de sua vivência me pareceu estranho e confuso no começo, mas acabou sendo uma das melhores coisas no final da obra.
Os personagens são interessantes, mas nada complexos (nas primeiras páginas a mudança de capítulos chega a ser confusa já que todas as personagens americanas tinham a mesma "voz"). O diferencial da narrativa é a qualidade com que a autora narra uma história real (criação da obra "Doutor Jivago" e a operação da CIA para infiltrar a obra no seu país de origem), fazendo com que todos os núcleos fossem interessantes e a leitura fluísse bem rápido.
Enfim, odiei muito o Boris (egoísta até o último fio de cabelo, mas aparentemente talentoso) e alguns dos chefes da agência. A Olga me causou sentimentos conflitantes (as vezes eu achava ela escrota), Sally é muito interessante de se acompanhar e a Irina tem um desenvolvimento bom (mas foi meio esquecidinha no final). O último capítulo narrado pelas "datilógrafas" consegue encerrar bem a história e sanar as perguntas que tinham sido deixadas sem respostas).
Sinceramente, não entendo por que esse livro é tão desconhecido (merecia muito mais divulgação).