spoiler visualizarGabi Martins 02/06/2023
Uma crítica sutil, mas espetacular
A tempos que eu estava para ler um livro de Machado e não tomei coragem, até essa vez.
Eu gostei muito do livro, da forma sutil como o Machado trata de temas sensíveis. Senti um mix de sentimentos durante a leitura, mas um me foi mais frequente: a raiva . Raiva de Rubião por não cuidar tão bem do cachorro, raiva do Rubiao por ser tão ingênuo, raiva dos outro que abusaram dessa ingenuidade, principalmente o Camacho e o Palha e sua esposa Sofia.
Algo que guia o livro é a teoria Humanisfa do filósofo Quincas Borba: "ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas", sendo quase uma teoria de seleção natural. Inicialmente, quando Rubiao conhece Palha já alardeia sua fortuna, o que provavelmente logo foi um atrativo do Palha para aquela amizade, da qual ele usou muito bem. No início vemos Rubiao como um homem rico, tendo herdado uma grande fortuna, mas como tudo aquilo que vem fácil vai fácil, assim se foi o seu dinheiro. Ele logo se pôs a investir em negócios dos seus amigos (amizades essas unicamente mantidas pelo interesse), como a folha do Camacho e os negócios do Palha, que o chuta assim que vê o negócio frutificar. Ao final, Rubião se encontra louco, pobre e abandonado pelos amigos, que querem se livrar dele por ser um estorvo e não trazer mais benefícios (como o Palha que o ajuda a sair da clínica indevidamente). Ao final, o vencedor se encontra mesmo com as batatas! E ao vencido, resta apenas o ódio ou a compaixão (de D. Fernanda, por exemplo). E assim acontece a seleção natural na sociedade, que sobreviva o mais ~pérfido~ esperto!
É um livro muito bom, que vale a pena ser apreciado.