Marcos 20/07/2020
" Que dia excelente para um exorcismo! "
Eu, assim como a grande maioria, conheceu O Exorcista pela clássica adaptação de 1973, filme que inovou completamente o gênero terror no cinema. Ocorre que muita gente ainda desconhece o material fonte que deu origem ao premiado filme. Agora, posso afirmar com segurança que a adaptação cinematográfica é extremamente fiel ao livro, e é uma verdadeira aula de como adaptar um livro para as telas.
Em “O Exorcista”, somos apresentados a Chris MacNeil, uma atriz de cinema que acabou de se mudar para Washington, com a filha Regan de 11 anos, cidade onde ela está gravando seu novo filme, em pré produção. A atriz passou por um divórcio recentemente, e tenta conciliar o trabalho e exercer a figura materna que a filha precisa.
Enquanto a mãe passa o dia gravando suas cenas, Regan é educada em casa por uma secretária, e passa a maior parte do dia no porão da casa, esculpindo. Nessas idas ao porão, Regan encontra um tabuleiro ouija, passando a brincar com ele, e conhecendo o Capitão Howdy, com quem ela se comunica no tabuleiro, e a mãe acredita ser apenas um amigo imaginário.
A situação começa a piorar ápos o aniversário de 12 anos de Regan, que o pai esquece completamente, mostrando indiferença para com a filha. A partir daí, eventos sobrenaturais começam a aparecer na casa. Chris ver a personalidade da filha, que antes era dócil e gentil, se transformar em algo totalmente diferente, agressiva, doentia, e que vive disparando obscenidades.
A mãe procura diversos médicos para saber o que está acontecendo com a filha, e entender a mudança de personalidade que a menina tem de uma hora para outra. Os médicos acreditam que a garota pode sofrer o fenômeno da dupla personalidade, ou histeria. Ou pior, que a menina esteja apenas inventando para chamar a atenção da mãe, porque se sente responsável pelo divórcio dos pais.
Depois de passar por diversos médicos, psicólogos e psiquiatras e nenhum deles entender o que está acontecendo, é sugerido a Chris que procure a igreja. A princípio, ela não entende o porquê da igreja, em razão de ser ateia.
Com isso, Chris porcura o jesuíta Damien Karras, um jovem padre e psicólogo e professor da universidade de medicina de Washington. Ele perdeu a mãe recentemente, e tem posto sua própria fé em questionamento. Agora, fica a cargo do Pr. Karras analisar o caso da menina, se trata de uma possessão demoníaca, ou se a psicologia e a medicina poderia atender melhor a necessidade. Seria o ritual de Exorcismo o caminho mais viável?
É um livro excelente, que não deixa a desejar em nenhum aspecto. Tem uma línguagem acessível, e a história prende o leitor de um jeito ímpar. O autor, apesar de mencionar o “demônio” no texto, em nenhum momento vai entregar ao leitor se a garota está realmete possuída, ou se está fingindo, ou é uma doença que possa ser explicada pela medicina. A todo momento o autor joga indícios de possessão, mas ele quebra a teoria com algo “x” que aconteceu, o que vai mexendo com o leitor.
O livro é intercalado com os acontecimentos na residência das MacNeil, na vida do Padre Karras e no detetive Kinderman, que tem investigado os casos de missa negra que envolvem rituais de magia, em profanação contra a igreja católica, e que funciona como um alívio cômico em meio as coisas horríveis que estão acontecendo no livro.
É pesado, dá calafrios. Um livrão que não fica átras de nenhuma obra clássica da literatura. Ambos, livro e filme valem a pena.