Luiza Helena (@balaiodebabados) 14/04/2020Originalmente postada em https://www.balaiodebabados.com.br/Enquanto o último livro da série Ravenels não chega em terras tupiniquins, lá fui eu mais uma vez conferir mais um trabalho da Lisa. Nem preciso comentar que ela é uma das minhas autoras de época favorita, né... Então, apesar de ter sido uma boa história, senti que ela desandou um pouco na reta final.
Amanda Briar conseguiu algo praticamente impossível para as mulheres da sua época. Filha caçula que nunca casou e que cuidou dos pais até seus últimos momentos, a jovem mulher de 30 anos alcançou sua independência financeira através de publicação de livros. Amanda é uma mulher bem pé no chão, inteligente, resiliente e madura, mas que anseia sentir o toque masculino pelo menos uma vez na sua vida. Afinal, ela já é uma solteirona mesmo, então que mal há nisso?
Jack Devlin é um editor astuto e calculista. De origem humilde, ele conseguiu fazer seu nome no mercado editorial. Apesar do "pequeno" engano no seu primeiro encontro com Amanda, seu interesse na escritora vai mais além de negócios. Jack é um homem charmoso e sedutor, mas com o coração fechado para qualquer sentimento. Porém, ele não vai medir esforços para conquistar Amanda.
A química entre Jack e Amanda é visível logo no seu primeiro encontro. Confesso que não curti muito essa situação do Jack não ter dito a verdade para a autora desde o início, mas esse pequeno segredo entre os dois gera faíscas e encontros sensuais.
Um detalhe que me fez passar um pouco de pano nessa situação de Jack foi o fato que ele jamais foi condescendente com Amanda. Um dos pontos que mais chamaram atenção do editor foi a mente astuta e criativa de Amanda, assim como sua inteligência. Em suas conversas, ele sempre instigou a moça a falar o que pensa e o que deseja alcançar como autora.
Outro ponto legal da história é o fato de acompanhar o mercado editorial no século XIX. Achei a mudança de cenários de bailes e recepções mais que bem vindas. Jack é um homem que fez fortuna colocando livros acessíveis às classes baixas, fazendo com que ele não fosse bem visto por algumas pessoas da sociedade. Naquela época, livros somente eram comercializados entre as pessoas ricas. E foi assim que nasceu o folhetim semanal, para que a classe baixa também tivesse acesso a essas histórias. Um dos precursores foi Charles Dickens, que é citado no livro em certo momento.
Um personagem que me conquistou e eu queria ele tivesse uma história somente sua foi Charles Hartley. O viúvo autor de livros infantis tem uma personalidade bem calma e tranquila, e por alguns momentos desperta interesse em Amanda. Quando a escritora está na beira de protagonizar um escândalo, ele se prontifica a ajudá-la sem pensar duas vezes. E mesmo quando essa ajuda é meio que colocada de lado, sua prioridade é amizade com Amanda e sua felicidade. Seria pedir demais um livro em que ele ache seu final feliz?
Por Amanda e Jack se enredarem em um caso ardente e sensual, acho que esse foi um dos livros com bastante cenas quentes entre os personagens. Infelizmente, na reta final achei que a Lisa exagerou com elas, o que tornou tudo um tanto repetitivo e cansativo. Fiquei sabendo que esse foi o primeiro romance de época que a Lisa escreveu, então decidi deixar ignorar um pouco esse detalhe. No fim das contas, foi uma leitura divertida e envolvente, como sempre são as da Lisa.
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