spoiler visualizarJumoura 10/03/2024
Muito bom complemento após Vidas Secas.
Clara crítica social, me remeteu ao "Vidas Secas" já que é narrado por um retirante nordestino que retrata o quão perto a morte está desta vida.
A viagem é frustrada, já que no destino, percebe que não lhe resta nada no horizonte, senão a mesma vida Severina (representada aqui pela esperança após o nascimento do bebê Severino, filho de José carpinteiro, que simboliza o nascimento de Jesus, por isso 'auto de natal')
O simbolismo é bem presente no texto aqui. Severino representa o sertanejo retirante, que sai da caatinga/sertão onde nada tem, em busca do que não se sabe nem o quê.
O texto propõe sentido denotativo das cenas, a morte, a pobreza, a frustração e a esperança (exatamente nessa ordem) são contados de forma muito clara. É uma leitura concisa e gostosa e fala abertamente, ao contrário de outros poemas em que se tem muito mais uma visão metafísica e elaborada dos sentimentos dos personagens.
Me surpreendeu positivamente ver que a parte que mais me tocou, que foi a do enterro, foi musicada pelo Chico Buarque para a peça que foi sucesso nos anos 60.
Não me deixou prostrada como fiquei depois de Vidas Secas, mas gostei muito mesmo..