Morte e vida severina

Morte e vida severina João Cabral de Melo Neto




Resenhas - Morte e Vida Severina


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Letícia 14/11/2011

"Nunca esperei muita coisa, digo a Vossas Senhorias. O que me fez retirar não foi a grande cobiça, o que apenas busquei foi defender minha vida de tal velhice que chega antes de se inteirar trinta."

Morte e Vida Severina, Auto de Natal Pernambucano do autor João Cabral de Melo Neto. O Auto conta sobre a trajetória de um dos muitos severinos, retirante do sertão nordestino, que migra para Recife seguindo o curso do rio Capibaribe, em busca de trabalho e em fuga da seca.

O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria,
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.


(...)

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).


A TV Escola adaptou "Morte e Vida Severina" em desenho animado. Tem no youtube!

=)
Karen Pereira 11/08/2012minha estante
A animação é demais. :)




Felipe.Durau 20/07/2023

Muito bom!
Livro que relata a dura vida de nordestinos que muitas vezes precisam ir atrás de melhores condições de vida melhores, onde a vida é pouco exaltada, tendo sempre evidente a morte de um severino.
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malu :) 26/08/2023

"E belo, porque com o novo todo o velho contagia."
"[...]
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que se vê, severina;
mas se responder não pude
a pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
com sua presença viva
E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena,
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."

Espetacular, me fez refletir por horas, na verdade, acho que ainda não digeri tudo, que livro incrível!!
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Evy 20/12/2021

Escrevendo para o povo!
"Eu disse 'Vinícius (de Morais), não escrevi para você! Para você, escrevi outras coisas!' Eu tinha a impressão de que estava escrevendo aquele poema para o povo. Quase me danei...", foi a fala de João Cabral de Melo Neto em entrevista dada a Geneton Moraes Neto em 1986. Já são mais de 60 anos desde a primeira publicação de Morte e Vida Severina e continua sendo a obra mais famosa do autor, com mais de cem edições e adaptações que vão desde a televisão, teatro, cinema e até quadrinhos.

João Cabral de Melo Neto foi um poeta e diplomata brasileiro e tornou-se imortal da Academia Brasileira de Letras, suas obras literárias, sendo Morte e Vida Severina a mais famosa delas, falam em sua grande maioria sobre a própria criação literária e trazem muita influência da cultura popular. Seus poemas também contêm imagens surrealistas e o autor primava pela rigidez formal com versos rimados e cheios de ritmo.

Recebeu vários prêmios, incluindo o Prêmio da Poesia do Instituto Nacional do Livro, o Prêmio Jabuti da Academia Brasileira do Livro e o Prêmio da União Brasileira de Escritores pelo livro Crime na Calle Relator. Mas o autor se ressentia do sucesso estrondoso de Morte e Vida Severina, quando conclui, na entrevista citada acima que seu romance não seria coisa tão popular quanto os romances do Nordeste, os romances de cordel, e sim de intelectuais.

Sua literatura transita entre a Casa Grande, onde formou-se sua escrita culta, e a voz da Senzala, que lhe trouxe o cordel, o popular e o gosto pela narrativa e pela representação do que podia alcançar com os olhos. Em Morte e Vida Severina, vai nos apresentar um Severino, que é um e tantos ao mesmo tempo, com o mesmo nome e o mesmo destino trágico:

"E se somos Severinos
Iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
".

Severino está percorrendo o sertão em busca de um trabalho, uma vida melhor. Durante o seu caminho até o Recife é acompanhado pela presença constante da morte e pelo cenário agreste desolador de chão duro e seco. Não há trabalho nessa região para quem cuida da terra e todo trabalho leva à morte certa.

"Como aqui a morte é tanta,
só é possível trabalhar
nessas profissões que fazem
da morte ofício ou bazar
".

Conforme ele vai se aproximando do litoral, o chão vai ficando mais mole e ele encontra um pouco mais de fartura, porém a paisagem ainda é seca de gente. Severino acredita ter achado finalmente um lugar onde a morte abranda e acha que o motivo é a terra muito fértil onde não há necessidade de trabalhar tanto. Mas o que se segue é a narração do funeral de um trabalhador exausto e explorado, num cemitério que só é pequeno porque as covas são rasas e estreitas.

Quando finalmente alcança a capital, o que acha que será sua redenção, encontra a morte em outro cenário: já não é mais a seca que leva as pobres almas severinas, mas a água: o mangue. Fugindo da seca, continuam marginalizados em meio à água. Severino no final de seu caminho — sua penitência — continua encontrando somente a morte.

No entanto, quando está pensando em acabar logo com essa vida de sofrimento, única saída que encontra, é abordado por outro severino anunciando o nascimento de seu filho. Essa parte do poema, intitulada de Auto de Natal, é claramente uma referência ao nascimento de Jesus. O pai da criança se chama José, o nascimento é apresentado como um presépio e os vizinhos trazem presentes — simples lembranças de pessoas pobres que apresentam ao menino como "Minha probreza é" — como os três Reis Magos.

"E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
"

O fim, que parecia óbvio na morte, já que ela acompanha Severino durante todo o seu percurso, acaba sendo a vida! Vida essa que insiste em continuar acontecendo, mesmo em meio à tanta miséria e desolação.

Morte e Vida Severina é um poema trágico, melancólico e que nos traz imensas reflexões, nos tira da zona de conforto e nos faz desconfortáveis diante de uma realidade seca. João Cabral de Melo Neto foi genial na forma como construiu esse poema, com versos curtos e sonoros que fazem sua leitura quase cantada, lembrando os cordéis. A repetição também é um recurso muito usado pelo autor para enfatizar o tema e as dores que ele carrega.

Nesta edição especial em capa dura da Editora Alfaguarra, somos presenteados com apresentação de Antonio Carlos Secchin, depoimento de Chico Buarque e texto de Alceu Amoroso Lima.

Super recomendo a leitura!
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Isabela.Felizardo 07/09/2023

Morte e vida severina
Mais um livro do vestibular da UFPR que me fez gostar ainda mais da literatura brasileira. adorei!! achei super fluido e interessante.
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Alex.Filosofico 11/06/2022

Achei que não ia gostar
Sendo 100% sincero, por mais que eu compreenda a ideia da literatura como uma forma de se conectar com realidades diferentes da sua, normalmente, eu tenho receio de livros que fogem muito da minha zona de conforto.

E um livro escrito em diálogos na forma de poema sobre as dificuldades de um retirante nordestino com certeza é difere do que eu normalmente leio.

Entretanto, eu amei! Achei que ia ficar boiando, mas a história é bem simples. Achei que ia ser muito piegas, o que realmente é, mas isso só deu um charme maior a história. (VAMOS DEFENDER O DIREITO DOS LIVROS DE SEREM BREGAS).

Não chorei só porque eu não choro lendo, porém, se eu fosse um tiquinho mais emocional, o final do livro (o nascimento) teria me pegado de jeito.


Enfim, foi uma leitura curta e muito boa.
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mizumonoo 05/02/2022

Morte e Vida Severina
Confesso que quis ler o livro apenas por ser curto, esperava que fosse só uma leitura de fim de semana, mas na verdade é um livro memorável, que por mais que tenha terminado em um dia sei que lembrarei dele pelo resto da minha vida.
É realmente impactante de ler, porque retrata uma realidade, a realidade de muitos brasileiros que enfrentam a morte e miséria diariamente, principalmente nesses tempos tão difíceis. É uma ótima leitura, recomendo para todos.
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Nivia.Oliveira 07/05/2021

Turistas e retirantes
Quando li o primeiro poema fiz uma analogia ao roteiro turístico que certa vez fiz no Recife - PE: como um rio ao encontro do mar, saímos de nosso lar e vamos passeando desfrutando de pontos aqui e acolá...
Mas foi o traçado comparado a um rosário no poema que dá título ao livro, que a ficha caiu: Não se trata de turistas e sim de retirantes! Pessoas que não escolhem “a estrada de muito dobrar”...
Envergonhada percebi no quanto somos capazes, imersos ao nosso conforto, de nos mantermos alheios ao mundo “vaziado” dos outros, à vida “severina”, àquela “vida menos vivida”, da “miséria que é mar largo”. E ainda assim essas pessoas conseguem manter a fé, enquanto nós, pouca coisa já nos causa desesperança e intemperança.
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Jorge 28/09/2023

A vida vestida da sua mais dura pele.
De tempo em tempo o Nordeste brasileiro é assolado por longos períodos de estiagem que destroem as plantações, adoecem as pessoas e extinguem os mananciais de água. A região específica das secas é o sertão, que abrange o interior de vários estados. O povo sertanejo é forçado a emigrar dessas regiões, passando por privações, sede, fome, viajando a pé sob o sol escaldante, em busca da zona de brejo onde a seca não atinge, ou de cidades maiores, mais importantes, capitais. Esse advento tão recorrente tornou-se o tema principal de um movimento literário chamado ciclo de romances da seca, no qual se destacam vários escritores nordestinos.

Entre eles está o pernambucano João Cabral de Melo Neto, que contribuiu para o movimento com diversos poemas regionalistas, sendo o mais famoso deles o seu auto de natal: Morte e Vida Severina. Nesse poema o leitor acompanha a peregrinação de um retirante chamado Severino, e suas reflexões sobre as muitas faces da morte que existe à sua volta. E também sobre o espetáculo que é a vida, mesmo essa vida estando vestida com a sua mais dura pele.
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Rita Nascimento 27/12/2023

Morte e Vida Severina
O livro traz outros poemas, mas o destaque é para Morte e Vida Severina que conta o percurso de Severino até o litoral em busca de uma vida melhor, enquanto este se depara com a morte por onde passa. Um texto lindo, profundo e comovente que fala diretamente com a memória celular do nordestino.
ladyjess 27/12/2023minha estante
tão boa essa leitura minha cara Rita.


Marina.Duarte 27/12/2023minha estante
É triste, mas adoro esse poema. Já assisti uma peça de teatro dele que também era muito boa.




Tamiris 04/03/2021

Somos todos Severinos
“E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia.”


Morte vida Severina conta a história de muitos Severinos retirantes que saem do Sertão para Litoral a procura de uma vida melhor, pelo seu caminho Severino vai encontrando outros Severinos, mortos por bala, morto de velhice e etc.

Me chamou a atenção a parte que ele conversa com uma senhora procurando emprego porém tudo que conhecem nada lhe serve porque o que da dinheiro nessa terra, é lhe dar com a morte, como profissões de médico, rezadeira, benzedeira, farmacêutico. A parte do funeral do Lavrador em que foi feita a música do Chico Buarque também é muito bonita.

Severino ouve uma conversa entre dois coveiros em que não entendem porque tantos severinos vêm para o litoral para ganhar a vida, mas na verdade vem trilhando seu caminho para a morte.
-E que então, ao chegar, não têm mais o que esperar.
-Não podem continuar pois têm pela frente o mar.
- não tem onde trabalhar e muito menos onde morar.
- e da maneira em que está não vão ter onde se enterrar.

Ouvindo a conversa ele decide tirar sua vida, mas encontra José e questiona o porquê viver. Nesse meio tempo o filho de José nasce (essa parte ele relaciona com o nascimento de Jesus). Após José voltar ele responde:

E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
[...]
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida Severina.

Querendo dizer mesmo que a vida é sofrida, ela vale a pena!.

Uma excelente obra, como os demais poemas que compõem o livro!,
Pedro 04/03/2021minha estante
"Mesmo que a vida é sofrida, ela vale a pena."
Excelente, Tamiris:)
Eu também acredito nesse ideal. Sei que nunca sofri como esses retirantes, mas também acredito que a vida vale a pena, apesar dos pesares.
Isso me lembrou o livro Em Busca de Sentido, do psiquiatra judeu Viktor Frankl, que foi um sobrevivente do Holocausto nazista, chegando a passar três anos nos campos de concentração, inclusive Auschwitz.
Viktor Frank acreditava que a vida só valia a pena quando nós damos um sentido para ela, e isso é algo inteiramente pessoal. Ele tinha como lema de vida o seguinte pensamento de Nietzsche:
"Quem tem por que viver, pode suportar quase tudo."

Obrigado por compartilhar a sua leitura conosco;)


Tamiris 04/03/2021minha estante
Eu que agradeço Pedro pela sua contribuição .
Como você disse apesar dos pesares encontramos força em nossa espiritualidade, nossa família ou até em nós mesmo.
E toda dificuldade ou dor se torna um aprendizado ou algo que nos fortalece. Pelo menos vejo dessa forma.



Porém nos deparamos com muita gente que não encontra sentido, e não quer viver. O que realmente é muito triste. ?

Não conheço esse livro vou acrescentar na minha lista ???


Tamiris 04/03/2021minha estante
Já assistiu o desenho Soul ? Kkk adoro desenho. Mas traz também essa reflexão do sentido da vida. Bem legal ?


Pedro 04/03/2021minha estante
"A vida só pode ser compreendida, olhando-se para trás; mas só pode ser vivida, olhando-se para frente."

Soren Kierkegaard

Apesar do passado deixar marcas em nossas vidas, ele não nos define. O nosso futuro é uma folha em branco, e somente nós temos o poder de escrever.


Pedro 04/03/2021minha estante
Não, Tamiris, eu ainda não vi esse desenho. O último desenho que eu vi foi Frozen. Culpa da minha sobrinha. Ela me obrigava a assistir - e cantar - com ela. Às vezes eu me pego cantando no chuveiro "Livre estou, livre estou..."
???


Tamiris 04/03/2021minha estante
Você vem com filósofos e eu com desenho. Não estou no seu nível ??.

Brincadeiras a parte, obrigada por dividir suas opiniões. Veio a agregar ?.


Pedro 04/03/2021minha estante
Você lê João Cabral de Melo Neto, e ainda vem dizer que não está no meu nível? Eu tô quase me sentindo um analfabeto perto de você...?????
Eu que agradeço a você, Tamiris. É muito bom compartilhar nossas leituras. Ao meu redor, eu não conheço ninguém que gosta de ler, aí eu acabo me sentindo frustrado, sem ter com quem conversar. As pessoas não sofreram com Derfel, como nós dois sofremos;)


Tamiris 04/03/2021minha estante
Verdade chorar, sofrer dar gargalhadas com um personagem é maravilhoso né kkkk. A leitura nos transporta para muitas dimensões e nos faz perceber diferentes pontos de vista, que pena que o índice é tão baixo de leitores.
Mas não se engane meu repertório de literatura brasileira é bem baixo ?
Mas desde o ano passado pensei bastante em mudar isso.


Pedro 04/03/2021minha estante
Também sou deficiente em literatura brasileira. Confesso que tenho predileção por autores estrangeiros, mas vou ter que rever meus conceitos.
Sobre o que você falou a respeito da leitura, eu lembrei de um texto do George Martin. Era esse aqui:

"Eu vivi mil vidas e amei mil amores. Andei por mundos distantes e vi o fim dos tempos. Porque eu li."


Tamiris 04/03/2021minha estante
Oh então vou te incentivar, vamos mudar isso é conhecer mais nossos autores ?.

Tenho raiva do George Martin cadê o sexto livro da Guerra dos Tronos ?? estou a anossssss esperando. Isso foi muita maldade.

Adorei a citação.


Pedro 04/03/2021minha estante
O último autor brasileiro que eu li foi o Felipe Castilho. O livro se chamava Ordem Vermelha, uma fantasia com elementos do folclore brasileiro. Foi uma excelente leitura.
Quanto ao Martin, eu já desisti das Crônicas de Gelo e Fogo. Já li todos os livros anos atrás. Perdi o tesão pela história. Eu não me importo mais:(




Nicole.Coelho 18/12/2020

Morte e vida Severina
Eu não sou de ler muitos clássicos nem poesias então eu não tenho muita propriedade pra falar. Ao meu olhar as poesias são tocantes, nordestinas. Quando eu li eu sentia a história e via ela acontecendo por mais que algumas partes eu precisasse de um pouco mais de tempo pra assimilar. Mas de qualquer modo eu gostei do livro e achei de uma leitura fácil, mais do que eu imaginava.
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Livia.Maria 09/12/2023

Acredito que não entendi nem metade do que o autor queria dizer, mas amei mesmo assim hihi.

O estilo de escrita é marcado por elipses de verbos, muitas metáforas e uma colocação de vírgulas que nem sempre atende à risca a norma culta. Isso faz você ter que ler com calma, ao mesmo tempo que demarca a originalidade do autor.

Meus poemas preferidos foram: "Auto de Natal", a famosa história dos Severinos que lidam com a desesperança das secas, e "Auto do Frade", que percorre o caminho do separatista Frei Caneca em direção à morte, num claro protesto contra sua condenação.

O mais difícil foi "Dois Parlamentos". Pra mim ficaram alguns mistérios: por que a numeração aleatória das estrofes? Por que usar o cassaco pra personificar o retirante? Como identifico a ironia que Cabral afirmou, em entrevista, ter passado despercebida pela crítica?

"O Rio" é uma tentativa acertada de nos levar a percorrer Pernambuco, como um retirante-rio que desagua no mar. Mas a alusão às cidades de Pernambuco quenao conheço me desconectou um pouco do poema.
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DaniBooks 11/05/2020

Morte e Vida Severina
O que dizer sobre João Cabral de Melo Neto? Maravilhoso! Suas poesias são marcantes, tocantes, de uma sensibilidade ímpar. A questão do retirante nordestino é o grande mote desse livro. E que preciosismo no ritmo, nas rimas, na estrutura, na escolha vocabular, no sentimento expresso em cada verso!

Essa edição traz mais poemas, além de Morte e Vida Severina. O Rio é um deles. E a forma como o autor dá voz ao Rio Capibaribe é fenomenal.

Leiam João Cabral de Melo Neto!
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Jader 29/06/2021

Ah o Pernambuco!
Que texto lindo! Uma poesia pesada, forte, ?sem palavras para defender a vida?, mas que ainda assim, sofrida, franzina, é a explosão de uma vida severina :)
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