spoiler visualizartriz 08/09/2022
Ransom Riggs, você me paga!
Esse livro é bom, esse livro é MUITO bom. O que me deixa com raiva porque eu pensei que finalmente me veria livre da saga de Crianças Peculiares; eu esperava que, talvez, durante a leitura desse livro, perceberia como amadureci e meus gostos mudaram ? afinal, eu li os três primeiros livros na minha pré-adolescência e o quarto anos atrás. Porém, absolutamente tudo que eu acreditava caiu por terra enquanto eu estava lendo A Convenção das Aves.
A primeiro momento, eu estava odiando a leitura. Tudo era extremamente detalhado, tudo era muito igual aos outros livros ? crianças com poderes estranhos fugindo de caras malvados ?, tudo era rápido e, ao mesmo tempo, lento. Basicamente, eu amaldiçoava Ransom Riggs a cada página por ter escrito um 4° livro com um final em aberto, consequentemente me levando a ? obrigação de ? ler esse livro. Mas, uma vez que as crianças se enfiaram no meio de uma missão, a de achar V., eu estava instigada e não quis parar de ler em nenhum momento.
Ransom Riggs tem um poder extraordinário ? e um tanto quanto peculiar ? de puxar o leitor para dentro da história e deixá-lo preso lá. Eu pensava que isso só foi possível no passado porque eu era mais nova, ainda estava experimentando o mundo da fantasia literária, mas me vi novamente presa em uma de suas obras e estou feliz que tenha sido na continuação de Crianças Peculiares. As vezes eu pensava que estaria satisfeita apenas com o final do 3° livro, principalmente depois de ter lido o 4° e estar confusa com o novo rumo da história, mas A Convenção das Aves foi um divisor de águas para mudar minha opinião.
Enquanto O Mapa dos Dias pareceu um livro desconexo sobre o mundo das crianças peculiares, A Convenção das Aves trouxe, quase que, o fim de um ciclo (obviamente ainda falta o sexto livro). As novas histórias e novos personagens finalmente fizeram sentido na história central, a que conhecemos durante os três primeiros livros.
A Noor foi uma personagem que me cativou muito rapidamente, ao mesmo passo que a Emma caiu no meu conceito muito rapidamente depois daquela ligação no quarto livro; mas, mesmo que eu tenha gostado de Noor, o romance dela com o Jacob aconteceu com tanta rapidez que me causou incômodo, também é estranho pensar que a história inteira ? desde o primeiro livro ? se passa em questão de poucos meses, portanto o término do Jacob com Emma durou pouquíssimas semanas ou dias antes de Jacob começar a nutrir sentimentos por Noor.
Outra coisa que me incomodou foi como as ymbrynes e a srta. Peregrine colocaram as crianças na linha de frente o tempo inteiro, principalmente na batalha de Hopewell, quando elas falaram que a estratégia seria colocar elas na linha de frente. O papel das ymbrynes sempre foi proteger as crianças a todo custo e eu achei incoerente fazer com que elas sugerissem isso, mesmo que as crianças tivessem "experiência" com esse tipo de situação, assim como a srta. Peregrine ter deixado Jacob e Noor entrarem primeiro na fenda de Hopewell. Pareceu muito cômodo para o autor não ter o trabalho de desenvolver uma pequena discussão antes das crianças irem para a batalha.
Por fim, achei que esse livro tomou um rumo com uma pitada de macabro, principalmente na parte em que a Fiona é encontrada com a língua cortada. Os livros sobre as Crianças Peculiares nunca censurou muito as violências que ocorrem no decorrer da história, o que faz a história ser muito mais interessante, mas, por A Convenção de Aves estar mais fresca na minha memória do que os outros livros, eu acho que a história ficou só um pouco mais pesada nos momentos de tensão.
Portanto, Ransom Riggs, você me paga por não ter parado na trilogia. Você me paga por ser um bom escritor que me prende à historia toda vez. E você me paga por ter me deixado em um cliffhanger NOVAMENTE.