Janaine.Mioduski 01/05/2021História curta, porém de marcas profundas"As tias eram esquisitas. Apesar de todas as Bíblias, orações e discursos sobre honestidade, não queriam que ninguém soubesse que seu querido irmão seduzira, ou arruinara, como elas diziam, uma menina negra. Podiam perdoar a ruína, mas jamais a miscigenação".
Identidade foi um precioso achado. Permitiu um vislumbre de uma realidade em carne viva, a dor, o prazer, a vergonha e o orgulho de pertencer a uma época, a uma raça, a um gênero que carrega em si questões tão grandes e conflituosas, que parecem ser impossíveis de serem conciliadas entre si, como a narradora observa em vários momentos ao longo da história.
Ao mesmo tempo mergulhamos no universo íntimo da personagem, como se não existe nada mais externamente. Observamos, duvidamos, julgamos, negamos e sofremos junto com ela.
"Bastava, ela chorou em silêncio, sofrer como mulher, como indivíduo, por conta própria, sem ter que sofrer também pela raça. Era uma brutalidade, e imerecida. Claro, ninguém é tão amaldiçoado quanto os filhos negros de Cam".
Uma história marcante e interessantíssima. Recomendo!