Tamires 23/01/2021meu corpo minha casa, de Rupi KaurQuando a gente diz que leu algum dos livros de poesia da Rupi Kaur, algumas pessoas torcem o nariz para essa classificação p o e s i a. Já vi gente dizer que os livros dela são uma espécie de narrativa quebrada em versos e que inclui ilustrações (eu mesma já disse e hoje digo isso). Entendendo a escrita de Kaur de uma forma ou de outra, cheguei a uma conclusão de que os versos (ou frases) dela são como um canto de sereia. Só que a melodia de muitos deles é retirada bem do fundo do nosso coração e esfregada, sem qualquer cerimônia, no meio da nossa cara.
Meu corpo minha casa é bem denso. Começa falando de depressão, abuso sexual infantil. Dá um nó na garganta e no estômago. Fala de outros abusos, de origens diversas. Mas fala, de certa forma, de amor, de redenção também. E feminismo, capitalismo. Relações humanas. É o mundo em que vivemos, e ignorar certas coisas (ruins ou não) não faz com que elas desapareçam. Fiquei incomodada, apreciei algumas partes, outras nem tanto (e nem um pouco). É uma narrativa que se comunica muito bem com a nossa geração; conectada 24 horas por dia, consumida e consumidora 24 horas por dia. Especialmente as mulheres.
“a perfeição não me importa
eu prefiro me jogar de cabeça
na loucura que é a vida”
Em relação ao meu primeiro contato com Rupi Kaur, na resenha calorosamente apaixonada que fiz de Outros jeitos de usar a boca, sinto que dei uma esfriada com essa autora e seu estilo. Mas a leitura tem dessas coisas: a medida que vamos lendo mais, percorrendo outros caminhos, outras temáticas, podemos acabar nos distanciando de certos autores. Não é dizer, de forma alguma. que ficamos melhores (ou que passamos a “ler livros melhores”, Deus me free de ser esse tipo de pessoa!). É só uma questão de foco mesmo, de momento. E tá tudo bem!
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