Resenhas -

Jose 22/02/2023

Esse livro é um pouco diferente do que estou habituado a ler. Os livros que normalmente leio geralmente se enquadram em literatura de ficção e coletâneas de contos. No entanto, “Sou Puta, Doutor”, de Yuri Marques e publicado pela Simplíssimo, é diferente de tudo que já vi.

A obra foi produzida com base em uma pesquisa de caráter empírico-qualitativo que o autor, Yuri, fez para seu Trabalho de Conclusão de Curso em Direito, na UFRJ. A ideia inicial veio de uma aula sobre o artigo 229 do Código Penal (“Manter, por conta própria ou de terceiros, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente”). Mas, afinal, quem pode dizer o que é exploração sexual, se não a própria puta? Esse foi o pensamento do Yuri que deu vida a esse livro.

O livro funciona usando entrevistas com narração. Foram entrevistados 8 profissionais do sexo, cuja variedade serviu para desmistificar muito sobre a profissão. Há 5 mulheres cis, uma mulher trans, uma travesti e um homem cis. Seus métodos de trabalho também variam desde o profissional que trabalha na rua, até os mais “luxuosos” que podem até escolher seus clientes. A idade também varia, dos 20 até mais de 50. Isso enriqueceu o livro, quebrando o senso comum e estereótipos sobre o mercado sexual.

Lembrem que a obra, por si só, não é o TCC do autor. A linguagem mistura formalidade com descontração e humor. Admito que até a terceira entrevista, mais ou menos, o autor escreve com ingenuidade e de forma autocentrada, mas gostei de perceber a mudança e maturação dele conforme o livro seguia. Ele evolui nas entrevistas (que não são profissionais, óbvio, não é o objetivo dele) e trata o tema e os entrevistados de maneira muito mais lúcida.

Sinto que esse livro e o assunto poderiam render muito mais do que só uma resenha, por isso sugiro que todos que estão lendo pensem com mais sensibilidade sobre a prostituição. Há pessoas ali, e elas estão só trabalhando. Evitem preconceitos e julgamentos fúteis. E pesquisem, leiam, conversem. Não falem nada sem antes sobre o outro lado, por favor.

Le Vieira 21/02/2023

O tema em si é extremamente relevante, e os relatos são emocionantes. Abrem uma janela para que possamos refletir e discutir sobre um aspecto muito importante do nosso país e da nossa cultura, e também da forma como é vista e tratada uma parte tão marginalizada da nossa população.

Mas o autor erra em muitos pontos. Faltou profissionalismo nas abordagens, nas entrevistas e na escrita. Ele sexualiza os entrevistados em vários pontos do livro, abusa de estereótipos e cria inúmeros momentos constrangedores, além de tentar inserir um humor que não cabia ali. Em várias situações, me pareceu também que o autor minimizava as vivências dos entrevistados, comparando-as com experiências pessoais que nada tinham a ver com o assunto.
Faltou sensibilidade e tato para lidar com o assunto. Para não falar um pouco de bom senso.

Xandy 21/02/2023

Eu não sei o que dizer desse livro, apenas que ele é muito maior e mais necessário do que estava imaginando. Apesar de ser um "produto de uma pesquisa empírica de um jovem estudante de Direito", da para notar claramente que Yuri, o autor, deixou de lado o papel de pesquisador durante vários momentos e foi tocado diretamente pelas entrevistas. Existe um limiar que é quadrado, mesmo sendo errado. Nas situações descritas é muito difícil não se envolver e relacionar. Esse livro deveria ser lido por várias pessoas, justamente para tentar diminuir o estigma que profissionais do sexo possuem. Um livro que realmente me marcou.

Anna.Carolina 17/02/2023

Sair da bolha é necessário
Eu gostei muito como tudo o livro é focado em ouvir as histórias e realmente poder dar voz às mulheres que trabalham com sexo. Em alguns momentos me senti meio desconfortável com a postura do entrevistador, mas nada que afetasse o entendimento geral da obra. Se faz necessário sair da nossa bolha para entendermos a realidade do outro e dar voz para pessoas que precisam ser ouvidas.

Drighi 16/02/2023

Respeito às prostitutas
O que quero dizer com esse livro é simples: não, ela não foi feita para apanhar, não é boa de cuspir, nunca foi merecedora da invisibilidade social e não importa para quem ela anda dando por aí. Meu desejo mais genuíno é o de que, em um futuro próximo, as dezenas de Genis, que me contaram as histórias formadoras deste livro, se armem. Não me refiro a projéteis, fuzis, pistolas ou facas. Digo a elas que se armem da voz, pois não há nada mais desesperador do que ter o dom da fala e estar fadado à mudez. Armem-se da garganta, Genis. Façam da bosta o seu adubo, das pedras o seu castelo e tratem de ganhar o mundo. A mim, vocês já ganharam. Droga, suas malditas!

Ailaneide0 13/02/2023

Pessoas reais
Bom o que falar dessa leitura, só posso dizer que vale a pena. Amei o modo que o autor constrói as entrevistas com os profissionais do sexo, é uma boa forma entender essas pessoas e como elas se enxergam na sociedade como indivíduos.

esquadroz 09/02/2023

O livro traz relatos de pessoas que (sobre)vivem da prostituição, pessoas que estão totalmente a margem, desamparadas pelo governo e maltratadas pela sociedade.
Confesso que em alguns momentos não gostei da postura do ?doutor?, mas de modo geral é um livro que pode sim nos acrescentar e nos fazer quebrar muitos preconceitos.
A entrevista com a Andreia Lobo foi a que mais me prendeu, principalmente quando ela diz ?você sabe o que é exploração? Exploração é ter boca, saber falar, mas ser muda para o sistema?.

louhillie 07/02/2023

incrível
simplesmente um dos livros mais completos que eu já tive o prazer de ler.
as histórias dessas pessoas que nos dão uma lição de vida e de moral.
esse livro me ensinou tanta coisa, e me mostrou outros lados de uma situação tão presente na nossa sociedade.
yuri você é um baita escritor, parabéns !

Jessica.Cacko 06/02/2023

? "Talvez pois, desde cedo, eu tenha aprendido em casa a respeitar e admirar mulheres fortes, decididas e independentes"

Esse é um daqueles livros que me fez refletir e ter muita empatia.
E eu?,
adorei!, cada entrevista que o Yuri fez, a narrativa, a escrita, os diálogos foi tão natural que por vários momentos, me via ali na frente do entrevistado sendo a entrevistadora.

As pessoas escolhe o próprio caminho, mas muitas vezes o caminho que a escolhe, prostituição ainda é um tabu em meio a sociedade e a discriminação só aumenta, isso ocorre em dias úteis, finais de semana e a cada segundo do dia.

? "Façam da bosta o seu adubo, das pedras o seu castelo e tratem de ganhar o mundo".

Acredito que quando lemos livros com temas polêmicos, por alguns momentos podemos nos imaginar no lugar do outro, pois ler e somente ler não faz diferença, agora LER, SENTIR E REFLETIR isso sim é uma grande diferença.

pedrao_gabriel 31/01/2023

Os relatos foram tocantes. Porém o autor me incomodou
Os relatos das profissionais são de se emocionar. Os casos da Maria do Carmo, Fernanda e Monique foram os mais tocantes.
O autor, entretanto, deixou a desejar. Em alguns momentos, chegam a ser infantis os seus questionamentos, em outros, ele parece se sentir o Superman, dizendo que ninguém dá voz a classe, porém, ELE mostraria ao mundo a verdade sobre as profissionais. Existem outros pontos que me incomodaram, mas vou parar por aqui para que os próximos leitores formulem suas próprias opiniões sobre a obra.
Ainda assim, vale a leitura.

mavis 28/01/2023

ideia genial, execução não tao boa
o autor nesse livro entrevistou 9 mulheres profissionais do sexo com o intuito de dar voz a elas. a ideia é incrível, porém, ele pecou muito em muitos detalhes. tiveram muitas pequenas coisas que me incomodaram muito, como por exemplo, ele descrevendo o "corpo saboroso" de mulheres que ele entrevistou, uma mulher em específico que já foi atriz pornô e que ele procurou vídeos da mesma alegando que ela era uma boa atriz, ao meu ver, se você está ali pra humanizar e dar voz para essas pessoas, não deveria apresentá-las desse modo. também o fato dele compartilhar experiências próprias e íntimas, "comparar" experiências dele com das mulheres, faltar muito com o profissionalismo nas entrevistas, entre outras gafes. se você está procurando unicamente saber mais sobre a realidade dessas mulheres no brasil, o livro é bom, traz muitas histórias e falas que destroem o coração, mas saiba ignorar algumas (muitas) das coisas faladas pelo autor. se tivesse um pouco menos de humor da parte dele e muito mais profissionalismo, seria perfeito, tanto que, no último capítulo, ele da suas opiniões de um modo perfeito, profissional, coeso e empático.

robertallaura 20/01/2023

"Exploração é a miséria, seu Yuri."
A produção "Eu sou puta, doutor" de autoria de Yuri Peçanha, publicada em 2020, retrata o estigma presente na sociedade no que diz respeito temas como a exploração sexual e a prostituição. Em uma narração bem objetiva e um tanto impessoal, o autor descreve com detalhe o principal motivo que levou muitas mulheres à procurar trabalho em prostíbulos, ao passo que relata as vivências nesses locais.

Nesta obra, Yuri entrevista mulheres acerca desse ofício tão marginalizado e mal visto, ademais, questiona os principais transtornos encontrados por elas durante a árdua jornada noturna. Além disso, é possível notar os sinais de violência em diversas ocasiões, como também a dor e angústia que essas mulheres carregam dentro de si.

A cada página, o leitor vai adentrando em um universo bastante desconhecido, de uma realidade que mesmo próxima, se faz distante. Os relatos pessoais das entrevistadas, bem como a exposição dos seus sentimentos, torna a leitura ainda mais dolorosa e enriquecedora. Este livro expõe violência: física, verbal e principalmente psicológica, mas, acima de tudo, nos mostra a falta de empatia e compreensão para com essa classe, que diante de tamanho sofrimento, possuem o dom da fala, porém, estão fadadas à mudez.

Laura.Clobochar 19/01/2023

Uma boa surpresa
Confesso que escolhi o livro pela capa e o título.
Não imaginava que ficaria tão fixada no livro e nas histórias.
Com uma escrita leve, transcrições de conversas e pensamentos altos, o livro é sobre a pesquisa de fim de curso de Direito do autor.
Sobre um assunto pouco falado, Yuri ouve a história de mulheres, homens, trava e transexuais profissionais do sexo e tudo que permeia esse mundo.
Só tenho a dizer que me surpreendeu e todo sucesso ao autor que se tornou ?adevogado? (como uma das personagens diz).

thaina 18/01/2023

Relatos importantes
O livro aborda um tema sensível e pouco pautado. Recomendo a leitura porque faz a gente conhecer e pensar sobre uma realidade diferente.

O que me incomoda é alguns relatos pessoais do autor e a forma como ele "trata" os entrevistados, não me parece muito profissional.

Jose.Eduardo 18/01/2023

Nunca havia lido um livro de não ficção. E essa 1? vez foi até que boa a leitura. O livro por mais que aborde sobre assuntos delicados, é uma leitura necessária. Para refletirmos sobre estereótipos, que estão enraizados na nossa pele, sobre o tema. A prostituição.