Brenda @caminhanteliterario 21/05/2021Uma linha num livro de história pode ser um belo romanceSinopse realista: Não é um boa ideia ser um servo leal de um rei que governa mal.
O primeiro ponto que me chama atenção é o gênero, ficção histórica. Filmes/livros de segunda guerra já tô mais que acostumada, mas esse foi uma experiência bem diferente.
Que belezura era ir no Google pesquisar os fatos reais da revolução russa e perceber que o escritor fez um puta trabalho, ele entrelaçou a história real de uma forma muito legal no romance, de modo que ele respeita toda a tinha cronológica, as personalidades reais e até as suas características, e conseguiu fazer isso sem deixar chato, e acrescentando um quê ficcional claro a narrativa.
Confesso que fiquei obcecada pela Revolução Russa e até documentário sobre o assunto na Netflix eu assisti, e obviamente fiquei louca pra visitar o Palácio de Inverno.
Todo mundo estuda Revolução Russa na escola, e tem uma frase nos livros escolares que resume esse romance: “meses após a revolução bolchevique toda família Romanov foi assassinada”. Simples, seco, direto assim.
Quando eu leio um livro vendo a história por dentro, de perto, mesmo que ficcional eu percebo o quanto o maior de todos os reis era só um homem. Humanidade é a palavra que me veio o tempo todo lendo. Nicolau II era um bosta como imperador, indiferente ao seu povo e obcecado com a guerra, custando quantas vidas custasse, mas sofria e era inseguro como um ser humano comum, e querendo ou não fiquei com dó dele, do seu destino e o da família que pagou o preço por suas atitudes.
Além de tudo essa história me fez refletir muito sobre política, o quanto era óbvio pro povo simples e iletrado acreditar que o czar era realmente o enviado de Deus pra governá-los, até eles se darem conta de que não era. Fiquei pensando nos bilionários de hoje em dia, o quanto nós acreditamos que eles são merecedores de suas fortunas quando na verdade são só um novo tipo de autocracia, opressores do povo com objetivo de se manterem no comando da economia mundial. Espero que em algum momento o povo entenda que bilionários são só humanos iguais a nós e essa história vire. Mas não tenho muita esperança, já que a minha conclusão foi que a revolução russa só serviu pro poder mudar de mão, sob novas regras sim, mas mantendo o povo na merda. E no que isso difere de hoje?
Mas saindo da parte histórica, vamos à ficção. O romance é fofo demais, quase uma releitura de Anastácia. Georgui é leal e honesto, mas deslumbrado com a nova vida no palácio e acaba se envolvendo ale do limite com a família real. E o romance é fofo demais, torci muito por eles. As irmãs de Anastácia são as típicas princesinhas sem senso de realidade e Alexei vive aquela transição de ser um monarca cheio de responsabilidades e ser só uma criança. Amo a relação dele com Georgui.
O personagem mais interessante, que eu queria ter visto mais na trama, é Rasputin. Nada me tira da cabeça que o João de Deus é uma reencarnação desse cara. Religioso fervoroso, com uma influência enorme sobre as pessoas e na política, mas acima de tudo um pervertido. Um dos personagens mais interessantes que tem, e que teve uma participação bem modesta na história, mas ainda sim impactante.
O final é de doer a alma, juro que chorei. O czar era um governante cruel, mas seus filhos eram só crianças e não mereciam aquilo. E eu gostei que isso gerou uma Zoia quebrada e nem um pouco forte, o contrário do que se esperava. O casal voltando a Rússia no fim da vida e relembrando tudo que viveram me fez chorar novamente.
Político, dramático, romântico, e cruel, esse livro mexeu horrores comigo e me pergunto por que deixei tanto tempo encalhado na estante.