addie 08/10/2023
Não sei quem é mais louca: a mãe, a filha, ou eu
Esse livro me deixou confusa. É a primeira coisa que sinto que devo pontuar.
Soube que esse é o primeiro romance de estreia da autora e fiquei bastante impressionada, ela demonstra uma maestria na prosa que achei assombrosa pra um primeiro romance.
O livro tem uma escrita fluida e leve, mas assume uma postura mais pesada em certas partes da narrativa. Isso, somado aos capítulos curtos, tornou a obra uma leitura muito rápida.
Retrata, especialmente, as dificuldades de uma mãe em ralação a maternidade e, como pano de fundo, tem um suspense que rodeia a filha.
Em relação ao primeiro tópico, o livro foi muito bem desenvolvido. O leitor percebe o quanto é difícil para a protagonista ser a mãe que todos esperam que ela seja e o quanto ela tenta ou, ao menos, quer tentar.
Não sei se posso comentar muito sobre, talvez eu tivesse me identificado mais se fosse mãe, mas a entendi e gostei da mensagem. A de que, certas coisas que foram perpetuadas de forma idealizada e romantizada, talvez não sejam tão boas quanto dizem ou querem fazer parecer.
Já a parte do suspense, fiquei decepcionada. Acho que a autora foi ótima em criar o clima de tensão e a sensação angustiante de um suspense. Isso porque tudo é narrado em primeira pessoa e todo esse conflito interno e essas dúvidas estão dentro da cabeça da protagonista e, por isso, você acaba ficando tenso junto com ela.
Só que, tirando isso, achei o desenvolvimento muito comedido. Talvez ela pudesse ter inserido um pouco mais de ação, uma maior quantidade de cenas estranhas e, definitivamente, um final melhor.
Quando estava na metade do livro, achei entediante. Estava achando maçante pq acontece um milhão de coisas na primeira metade do livro e chegou um momento em que pensei: ?o que mais tem pra acontecer? Facilmente poderia acabar aqui?, e ainda concordo um pouco com esse pensamento, muita coisa poderia ser cortada para que o final fosse um pouco melhor.
O final do livro fica em aberto, você recebe um plot twist (não exatamente um plot twist, pq ele já é esperado, só que não deixa de ser perturbador), acontece uma cena chocante e acabou. Definitivamente, não gostei disso.
Coisas desnecessárias poderiam ser cortadas após o incidente da metade do livro e coisas necessárias deveriam ter sido inseridas após a cena final. Eu queria ver as consequências para o que tinha acabado de ser descoberto, queria ver o choque da constatação nos personagens, queria ver o que tinha acontecido com ele, só que, em vez disso, recebi um final em aberto.
Outra coisa do livro, mas essa eu apreciei bastante: a narração em primeira pessoa. Essa narração me deixou muito receosa e em conflito comigo mesma, porque a protagonista começa a duvidar da própria sanidade e você duvida da sua. Você não sabe em quem acreditar, não sabe se o que ela está contando realmente aconteceu desse jeito, se aconteceu de verdade, mas ela modificou algumas partes, ou se foi só uma grande invenção da cabeça dela. E eu amei isso, amei a dúvida e a aflição, a vontade de saber a verdade, de saber se a verdade é a da protagonista ou a das pessoas ao seu redor.
Ao falar na verdade das pessoas ao redor dela, também queria destacar aqui que isso é uma das coisas que eu queria ter visto no final do livro. Quando a Blythe (protagonista) fala com os outros acerca de sua dúvida, ela descreve que eles parecem saber de algo, mas sempre negam ou não respondem os questionamentos dela. E termina sem você saber o que eles sabem!!!! Se eles realmente acreditam nela, se veem o que ela vê, ou se eles verdadeiramente acreditam que ela é uma completa louca. Meu Deus, isso me deixa MALUCA, porque eu tava desesperada pra saber o que a Gemma sabia ou desconfiava, ou então o homem da cafeteria. Queria que eles contassem situações esquisitas que tinham presenciado, mas tinham decidido ignorar porque parecia não fazer sentido, ou, ao menos, que concordassem com ela. Todos a fizeram se sentir uma lunática o livro inteiro e eu queria vê-los admitindo que ela não tinha imaginado tudo, que concordavam com ela. Fiquei desesperada pela narração de outro ponto de vista que falasse sobre a Violet, queria saber como eles a enxergavam, como as coisas tinham acontecido de verdade.
Enfim, por causa dessa resolução rasa no que tange aos outros personagens, fiquei magoada com o livro. Ele poderia ser bem mais do que foi, entretanto, não deixa de ser bom e fácil de ler.
O livro ganhou pontos positivos por despertar em mim várias emoções enquanto lia. Senti repulsa por alguns pensamentos da Blythe, ódio extremo do Fox (eu te odeio, EU TE ODEIO), dúvida em relação a Violet e tristeza com a narração do passado da Blythe e da mãe.
É um bom cura ressaca literária e vou querer saber dos próximos lançamentos dessa autora!!
SPOILER ABAIXO!!!
Ela confessa que o empurrou, mas empurrou quem? O Elijah? O Sam? Ambos? EU PRECISO SABER!!!