Duda 31/05/2023
Esse foi meu primeiro contato com H. P. Lovecraft, então li já sabendo de toda a situação voltada ao racismo, xenofobia e todos os outros preconceitos presentes em suas histórias. Em algumas eles estão mais presentes e mais fortes que outras, mas se você prestar atenção sempre tem algo. O que me deixa triste pois as histórias são bem escritas e possuem um bom enredo. Imagino também que não seja um estilo que agrade a todos, como eu mesma tive contos que não gostei nenhum pouco, mas no geral são interessantes. Reitero novamente, ninguém impede você de gostar da história, mas é sempre importante pensar no peso que as problemáticas do autor trazem para os contos. Vi muita gente reclamando dos floreios e demais descrições que eu acho justamente que completam a obra, então sejamos sinceros, não é uma leitura para todos os tipos de pessoas, é para um nicho mais específico, mas isso não torna o livro ruim.
Os Ratos na Parede(3,5): Um conto mais curto e menos descritivo dentre todos. Achei a história interessante e me lembrou vagamente um pouco de Edgar Allan Poe, um estilo bem similar. Algo comum nos contos do Lovecraft são as cidades pequenas com uma história absurda e misteriosa, e aqui não é diferente. Acompanhamos um homem que volta para o castelo de sua família e conta a história dessa amaldiçoada linhagem. Em vários momentos ele tem até um certo viés histórico, citando a Roma Antiga, algumas tradições familiares e questões culturais e religiosas. A história deixa pontas soltas e abre portas para diferentes interpretações ao mesmo tempo que em vários momentos, a história te agonia e sufoca, o que, imagino eu, seja o objetivo do conto.
A Cor que Caiu do Céu(2,0): Esse conto realmente não me pegou. A história é desenrolada a partir de uma cidade pequena que possui uma área onde nada cresce, tudo está morto. O narrador (que não sabemos quem é) sai buscando informações sobre isso e busca entender o que aconteceu.
O Chamado de Cthulhu(3,5): O conto responsável por popularizar o autor, e não vou mentir, esperava mais. O conto é dividido em duas partes, a primeira narra um encontro entre o professor Angel e Wilcox, que estão em busca de esclarecimentos obres os sonhos e imagens que vem aparecendo para o jovem. A segunda parte, é a investigação de um policial sobre um culto ao Cthulhu. Ambos as histórias se integram para entendermos toda a mitologia criada por Lovecraft e nos fazer entrar de cabeça na história.
O Horror de Dunwich(3,5): Esse foi um conto mais desenvolvido que os outros, mais detalhado. Acompanhamos a Família Whateley, que é tratada como a escória da cidade, visto seus hábitos diferentes e seus casamentos dentro da própria família. Tudo piora após o nascimento de Wilbur, uma criança diferente e que cresce em um tamanho anormal, tanto física quanto mentalmente. E a história se desenvolve a partir daí. Aqui inclusive, o racismo é bem explícito e deve ser lido com olhar crítico.
Nas Montanhas da Loucura(4,0): Uma história bastante descritiva e imagino que muitos não gostem justamente por isso, mas na minha visão é necessário para a história passar o que quer. O início é lento e possui várias descrições técnicas, o que dá credibilidade ao narrador que é geólogo, mas em breve a tensão chega e torna a história mais profunda e interessante. Enfim, vários pontos positivos e negativos, mas no geral um dos meus contos favoritos nessa coletânea.
A Sombra de Innsmouth (3,5): Novamente, visitamos uma pequena cidade envolta por mistérios e um sombrio passado, mesclando rituais entre várias outras coisas, a mitologia de Cthulhu, criada pelo próprio Lovecraft está presente em vários pontos da história, como se desenvolvida com base nos cultos a Cthulhu. Uma história interessante.