Lina DC 18/08/2021"O clube do crime das quintas-feiras" é um romance delicioso que traz como protagonistas quatro indivíduos que já se encontram na melhor idade e estão em Coopers Chase, um retiro para idosos no melhor estilo: com muito terreno ao redor, piscina e outras comodidades.
A primeira vista, Joyce, Elizabeth, Ron e Ibrahim não tem nada em comum. Na verdade, não poderiam nem mesmo ser chamados de amigos, mas de forma peculiar acabaram se unindo e semanalmente investigam antigos casos não resolvidos.
Joyce é uma enfermeira aposentada, que narra em primeira pessoa metade da trama, através das anotações em seu diário. É uma enfermeira aposentada, com uma mente criativa e imaginação fértil. Foi a última a ingressar no clube e por isso, sua animação é contagiante, já que tudo é novidade para ela.
Elizabeth é... complexa. Pelas suas habilidades e contatos, o leitor consegue perceber imediatamente que Elizabeth não foi uma civil comum, o que nos instiga a descobrir ainda mais sobre o passado dessa protagonista.
Ron é o homem do barulho. Aquele que fala alto, gosta de ser o centro das atenções e causar tumultos sempre que possível, o que é o completo oposto de Ibrahim, um homem introspectivo e munido das mais diversas informações.
Na trama ainda contamos com outros personagens de destaque, como por exemplo, a oficial Donna de Freitas e seu superior, o policial Chris. Donna mudou-se da agitada Londres para a pacata cidade por conta de uma situação pessoal e agora se vê presa em uma rotina e com sonhos e aspirações de subir na hierarquia policial. Chris também se prendeu na rotina, mas vive sonhando uma vida paralela, ou seja, almejando tudo o que ele não tem no momento, ao mesmo tempo em que não se move para conseguir o que deseja.
Tudo muda quando o quarteto se depara com um caso no meio do retiro: a morte de Tony. Tony é o empreiteiro do local e sócio de Ian, dono de Coopers Chase. É visto como um brutamontes, que possui mais músculos do que inteligência, e que tem um histórico cheio de eventos turbulentos. A lista de inimigos não tem fim, mas será que a polícia irá descobrir o que aconteceu? Ou precisarão da ajuda do quarteto para resolver esse crime e quem sabe, alguns outros que estão enterrados no passado de Coopers Chase?
O enredo trabalha também com os segredos pessoais de cada personagem. São personagens ricos em histórias e complexos, que chegaram em um momento da vida em que precisam aprender a lidar com a solidão, com o isolamento e a se reinventar para viver essa nova fase. E é isso que Joyce, Elizabeth, Ibrahim e Ron fazem, cada um a sua maneira, mas também juntos. Eles encontraram uma forma de se divertir, de ser e de se sentir importante na sociedade, tudo isso embalado em muita aventura e humor.
Não se trata de um livro investigativo em si, o foco não está no crime por assim dizer e sim, no quarteto e nas demais pessoas que integram a história. No meu ponto de vista, se trata mais de demonstrar o valor dos idosos na sociedade, seus passados ricos e emocionantes do que o assassinato. E tudo bem. Pois na verdade se trata de um romance, não de um livro policial. Não segue a via tradicional de uma investigação. Se isso acontecesse, metade do enredo não iria funcionar, pois a dinâmica dos policiais com o quarteto é ficcional. Mas é um dos pontos que dá graça à história, a ideia de que quatro idosos estão constantemente à frente da polícia.
A Editora Intrínseca realizou um ótimo trabalho na revisão e diagramação do livro. Sem dúvida, o final deixa um gostinho de quero mais e nos deixa na expectativa para conhecer mais casos que esse quarteto irá desvendar!
"Estou ansiosa para o meu chá com brownies, mas também por um pouco de paz e sossego. Coopers Chase inteira continua a fofocar sobre o pobre Tony Curran. A morte está próxima de todos por aqui, mas ainda assim. Nem todo mundo morre com um golpe na cabeça, né?" (p. 63)
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