Isabella.Wenderros 09/11/2022“Um número infinito de versões de nós está vivendo as consequências de cada possibilidade nas nossas vidas”.“A teoria do multiverso diz que tudo o que é possível acontece. Isso significa que, quando a gente joga uma moeda pra cima, ela dá cara e coroa, e não cara ou coroa. Todas as vezes que você atira uma moeda pra cima e ela cai com a cara virada pra cima, significa apenas que você esta num universo onde a moeda caiu com a cara pra cima. Existe outra versão de você, em algum lugar, criada no segundo em que a moeda foi jogada e que vê a moeda cair com a coroa pra cima. A cada segundo do dia, o mundo vai se dividindo mais e mais vezes num número infinito de universos paralelos onde tudo o que poderia acontecer está acontecendo”.
Hannah Martin tem 29 anos e ainda não encontrou seu lugar no mundo. Ela não gosta de seu trabalho, sua vida amorosa é uma bagunça, vive mudando de cidades em busca da sensação de pertencimento e reconhece que precisa reconstruir sua vida. Depois de terminar uma relação conturbada, decide que chegou a hora de voltar para Los Angeles, sua cidade natal, onde sua melhor amiga, Gabby, ainda mora com o marido. Para comemorar sua chegada, um encontro com antigos colegas é marcado e no fim da noite, Hannah precisa tomar uma decisão: voltar para casa ou continuar a festa com seu namorado do ensino médio? É a partir desse ponto que Taylor Jenkins Reid puxa o fio para criar dois caminhos diferentes usando a teoria do multiverso.
Na minha mente, criei uma divisão: a “vida 1” – em que Hannah entra no carro com Gabby e Mark – e a “vida 2” – quando o relacionamento com Ethan é retomado assim que se reencontram. Nos primeiros capítulos, eu fiquei tentando apontar qual desses cenários era o meu favorito, mas não demorou até perceber que era impossível escolher. Em ambos, a protagonista precisava lidar com as consequências de suas escolhas, amadurecer e fazer um mergulho profundo em si até realmente se descobrir. Independente da versão, essa mulher vive um relacionamento romântico – com características singulares em cada um –, mas se existe um laço forte o suficiente para brilhar em qualquer uma delas, é a irmandade entre Hannah e Gabby. A parceria que une as duas foi algo lindo de acompanhar, ver o quanto elas se acolhiam e aceitavam as falhas da outra mesmo no fundo do poço foi maravilhoso.
O caminho da Hannah que recomeça aquele namoro com o Ethan foi mais interessante para mim com os vários acontecimentos que vão se desenrolando. Eu gostei dessa relação, os dramas e a forma como foram vividos me interessou e me peguei torcendo por um final feliz. Já a outra “realidade” é mais pacata no sentido de que a protagonista passa a maior parte do tempo dentro de um hospital se recuperando do atropelamento, porém tive a sensação de que aproveitei mais seus pensamentos sobre escolhas e resultados, adorei a conversa sincera com os pais e simplesmente gostei muito do Henry.
Os dois universos foram muito gentis com a Hannah. Claro que houve sofrimento, drama e coisas negativas, mas a vida é assim. Mesmo que os detalhes tenham sido diferentes, a protagonista passou por um processo de autoconhecimento que permitiu sua evolução e a construção de uma vida feliz, cheia de significados e esperanças. Acho toda essa ideia de que existe outra versão de mim em algum lugar dos cosmos muito aterrorizante, confesso. Por esse motivo, entrei nessa leitura sem saber exatamente o que esperar e foi impossível parar de ler, impossível não ficar envolvida com os personagens e torcer por eles.