zoni 18/02/2022
Não funcionou muito para mim
Este é um livro com grande potencial, mas com um desenvolvimento impensado.
Eu vou começar com um resumo rápido sobre a história, para tentar situar possíveis leitores dessa minha opinião. Em Huaxia, a maior honra concedida a uma garota é ser escolhida para se tornar uma piloto-concubina, que são servas conectadas a pilotos homens, para juntos fornecerem energia vital às crisálidas, umas máquinas de guerra gigantescas que protegem a humanidade dos alienígenas além da Grande Muralha. Mas, o problema é que essa conexão mental é tão poderosa entre o piloto e a concubina, que na maior parte do tempo leva as jovens à morte, garantindo à família delas uma recompensa financeira do Estado, ou seja, já da pra perceber por aqui, que os pais dessas garotas na maior parte do tempo vendem suas filhas. Wu Zetian, a protagonista, se alista como concubina com apenas um objetivo em mente: vingança. Ela deseja se vingar do homem que matou sua irmã mais velha e depois aceitar sua morte, mas os seus planos vão por água abaixo quando Zetian recebe um título assustador: Viúva de Ferro, uma mulher que, ao contrário do esperado, suga a energia dos homens nas crisálidas e os leva à morte. E é claro que lendo isso, nós ficamos interessados, eu fiquei, muito, e qualquer pessoa que conversou comigo no período em que eu estava no início de Viúva de Ferro, sabe que eu me tornei um verdadeiro obcecado pela trama e pelos personagens, porém, quanto mais eu avançava, menos eu gostava do livro, e eu vou dizer a razão.
Na maior parte da trama, o conflito entre humanos e os alienígenas não é realmente explicado, nós sequer ficamos sabendo quem são eles de fato ou que eles querem, até o epílogo. A tecnologia, usada para combatê-los, também faz pouco sentido e as explicações que a autora nos dá, mais torna tudo confuso, do que traz luz. As cenas de ação são tão robóticas (sem piadinha) que não dá pra entender do que tudo aquilo se trata, inclusive, em alguns momentos, achei que tudo não passaria de uma simulação. O tema liberdade feminina é constante, tanto que a história se inicia com a protagonista fugindo de um casamento e depois matando um homem que iria matá-la por ela simplesmente ser uma mulher, mas... o desenvolvimento dos personagens são rasos o livro inteiro. E apesar de ter uma narrativa que se beneficia de ser rápida e dinâmica, e principalmente, muito bem escrita, as personagens parecem engessadas em qualquer decisão que tomam, o que torna tudo meio vazio.
Quando a gente lê uma fantasia distópica e com governos totalitaristas, esperamos revoltas, guerras e lutas. Mas nesse livro, eu não percebi dificuldades para a protagonista. Não tinha aquela jornada do herói disposto a morrer para salvar o seu mundo. As coisas só foram se resolvendo rapidamente e sem consequências nenhuma. E quando a trama parte da ideia de que temos um governo machista e que mata mulheres deliberadamente, mas esse governo cai facilmente, a gente não acredita que aquela protagonista estava em um perigo real.
Agora, eu chego em um tópico complicado, mas clichê (e que contém spoilers, então, se você não quiser pegar spoiler, pule esse parágrafo)... As fantasias, distopias, ficções científicas, sempre têm aquele romance feito para a gente acreditar, para nos fazer temer pela vida deles, sabe, eles não podem morrer. A gente chora e torce muito porque eles precisam ficar juntos, já que estão apaixonados e vão mudar o mundo lado a lado. Bom, aqui, você não encontra isso. Encontrei um romance muito rápido que logo parece que está prestes a virar um triângulo amoroso, mas, que na verdade, se torna um trisal. Eles três vivem uma relação poliamorosa pouco desenvolvida, e principalmente, completamente fora de tom. Não dá pra comprar muito a ideia, eu, particularmente, não comprei.
O final do livro, que vocês já devem ter percebido, pelo que venho falando desde o começo, é previsível. Se era para ter algum plot twist, com certeza não existiu. Só veio mesmo uma explicação, que a gente deveria ter descoberto no começo. Explicação essa, que daria uma ótima motivação para as a protagonista as personagens secundárias. Comecei gostando muito, passei por um período de confusão e cheguei em um final decepcionante. Viúva de Ferro tinha tudo para ser um dos meus livros favoritos do ano, mas vai encabeçar em outro ranking, provavelmente.