Mariana Dal Chico 01/12/2023“O bebê de Rosemary” de Ira Levin foi publicado pela primeira vez em 1967, foi adaptado para o cinema em 1968 - de forma bem fiel. Minha edição é da @darksidebooks com tradução de Luci Collin - e foi um presente do meu irmão 💚
Rosemary está feliz agora que conseguiu alugar um apartamento dos sonhos com seu marido Guy Woodhouse, que é ator ambicioso que sonha em ser muito famoso, um personagem detestável egocêntrico, que entrou para a lista dos piores personagens da história.
A protagonista tem como característica tentar agradar ao próximo, ainda que para isso precise fazer algo que não quer ou concorde. Se aproveitando disso, pessoas ao seu redor vão manipular essa mulher de uma forma tão horrível, que ela é completamente negligenciada em detrimento do ser gerado em seu útero.
“(…) Sentia-se infeliz - fosse ou não fosse aquilo só bobagem da sua parte. Guy a tinha possuído sem seu conhecimento, tinha feito amor com um corpo inconsciente (“meio divertido, de um jeito um tanto necrófilo), e não como a pessoa completa que ela era, como corpo e alma; (…) p.91
O tempo todo temos a impressão de aparente normalidade, mas a um olhar atento, percebemos que tem algo importante fora do lugar.
O maior horror não está na questão sobrenatural do livro, mas sim a forma como a sociedade trata o corpo da mulher como um meio de reprodução para maternidade compulsória. A perda de controle e autonomia do próprio corpo é acompanhada de muito gaslighting, principalmente porque temos uma personagem em conflito com seus pesadelos vívidos, que gera uma sensação de paranóia crescente, logo sendo descreditada não apenas pelas pessoas que a rodeiam, mas por ela mesma.
É angustiante acompanhar essa progressão do medo e horror conforme as páginas avançam.
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